quarta-feira, novembro 30, 2005

Não é uma carta, nem um anuncio
Espero que nunca o seja,
Hoje morreu um amigo, um velho
Hoje neste dia morreu um Homem
Uma vida
Lembro-me do seu sorriso
A sua bengala pousava devagar no solo
Onde os primos brincavam
Os olhos claros amadurecidos pela idade
E o sofrimento de uma vida
Hoje...
Não consegui chorar uma lágrima
Talvez porque tenha a consciencia que estás agora em paz
Ou apenas porque me tenha tornado tão frio
Em relação á morte...
Por vezes a vida magoa-me muito mais
Faleceu hoje o Chico como lhe chamávamos
Ou Avô...
Lembro-me de ti a rir-te
A perguntar-me "Como estás homem?"
Lembro-me que choravas quando nos despediamos
Talvez porque poderia ser a ultima vez que nos viamos
Ou por saudade apenas...
Ou por essa alma já amadurecida reconhecer
Que cinco minutos de vida são um previlégio
Neste mundo egoista
E que chorar é um estado de alma
Essa vez chegou agora...
Desejo-te paz na tua viagem
Amor para a próxima vida
E um forte, grande e ultimo abraço
Não sei se estarei no teu funeral
Nunca reago bem nessas alturas
Mas não leves a mal
Lembrar-me-ei de ti nesta vida

terça-feira, novembro 22, 2005

Tento descrever-te com um sorriso
Uma mão amiga que penetra no meu mundo
Uma alma que ama intensamente
Desejas ser amada dia após dia
Como se quisesses conhecer o final dos tempos
Amas a vida e do que dela faz parte
Vagueias como eu por entre as ruas
E segues o teu instinto
Nem sei por onde já andámos
Ou onde já tocaste
Quero eu ainda alcançar o infinito da minha essência
Mas tu…
Andas por vezes perdida
Remando neste rio
Inesperadamente de encontro à vida
Amando a noite e o que dela faz parte

terça-feira, novembro 15, 2005

Desculpa
Não te saber amar
Desculpa ainda se te perdi
Ou não te soube agarrar
Desculpa se te deixei de encontrar
Desculpa ainda amar o teu sorriso
Amar o teu olhar
Desculpa...
Não te saber procurar
Por ter medo de me reencontrar
Arriscar e perder
Desculpa...
Por todos os caminhos incertos que percorri
Para te encontrar
Desculpa...

segunda-feira, novembro 14, 2005

Os meus dedos dedilham as palavras que te quero dar
As minhas mãos alcançam os teus sonhos
E a minha boca mata a sede no teu suor
Juntos somos mais que dois amantes
Descontrolados...
A tua voz rouca geme ao meu ouvido
Os meus olhos insistem
Em provocar o teu olhar
Quero ser teu
Quero que as minhas mãos percorram as tuas ancas
Num delirio divino
Sorvendo assim o teu prazer lentamente
Quero ainda pintar o teu corpo na minha cama
E ouvir a tua boca sonhar com o meu beijo
Para assim te levar ao limite deste sonho agonizante
De prazer...
Gota a gota quero beber dos teus lábios
Esse extase de perpétua felicidade

sexta-feira, novembro 04, 2005

Consigo espreitar-te…
Por entre as ameias do castelo
Os corpos desenfreados
Passam e perpassam
Pelos teus cabelos ondulados
Sinto ainda o cheiro da terra
Humedecida pela chuva intensa
O calor humano da feira
Propaga-se pelo meu inconsciente
Ainda sinto em ti o verdadeiro sabor da poesia
O teu mistério nocturno impenetrável
A beleza pura que te envolve
Consigo ainda…
Escrever sob o teu véu
As palavras mais tristes
As frases mais amigas,
E o meu sonho mais antigo
Contudo, continuo a ser errante
E ainda assim procuro o âmbar dos deuses
Na tua noite mística
E historicamente doce
Como se procurasse em absoluto o final da eternidade
Ou a formula da eterna juventude
Como se encontrasse em ti
Uma bússola que me dirigisse ao meu acampamento
Fica ainda no tempo dos tonéis
Quero ser velho como tu
Para continuar a absorver-te constantemente
Nesta viagem que me dirige
Em todos os sentidos…