quarta-feira, dezembro 27, 2006

Andamos diferentes...
Com medo...
Gostamos de construir as nossas paredes de ferro
Para não termos o trabalho de olhar para dentro
Andamos nulos...
Já cá estamos e navegamos...
Não existe nenhum outro lugar para onde ir
Sem destino parte-se
E deixa-se de sentir
Talvez esconder o que está perto
Arranjar espaço para o que está longe
Andamos diferentes...
Sem sentido...

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Pensei fazer um poema
Mas… não sou poeta
E jamais quero ser catalogado como tal
Decidi então deixar algumas palavras
Mais algumas…
Não escrevo poemas
Descrevo-me apenas…
E nada mais do que a descrição
Que neste momento tenho do que sinto
È, que todos os seres de todas as formas
De todos os mundos
Sejam felizes…
È o meu voto sincero nesta época
Neste tempo…
Mas é-o também em todos os tempos
No entretanto, existe uma pequena diferença
A receptividade dos nossos pensamentos
Está mais aberta nestes dias…
E quem sabe sejamos mesmo todos felizes
Ao menos por breves momentos…

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Sombra a sombra
Alcanço o limiar da minha ausência
Desesperadamente louco
E ansiosamente teu
Flutuo num pântano de miragens incolores
Deixo-me levar pelo murmúrio das palavras
Alcanço o meu norte…
Sigo sul depois…
Parto para longe
Sombra a sombra
Passo a passo
Sigo sem destino o meu caminho
Longe do mundo
Perto de mim
Ausente do meu sentir
Consciente do meu viver
Sigo longe

terça-feira, dezembro 19, 2006

Por demasiado tempo
Existiram segredos na minha mente
Algo que deveria ter dito
Sentei-me aqui…
Com uma estranha aos meus olhos
Sozinho com os meus pensamentos
Ainda nostálgico… Perpassei nos locais de outrora
As lágrimas que não pude chorar
Não tenho controle sobre mim…
Tenho medo…
Escorrego e atiro-me
Liberto-me…
Escorrego novamente
E levantam-me…
Diz-me então que pensamentos te talharam
Por onde passaste e por quem choras
Tudo o que somos é pó ao vento
Então envia-me um anjo…
Daqueles que não te abandonam
E deixa-me sonhar novamente
Diz-me com quem falaste
Quem te fez chorar…
Mas volta para a luz
O vento que sopra na tua cara
São os anos que vão passando
Um sinal do teu coração
A repetir que estás cansada
Fecha os olhos e deixa-te levar…
Não troques a amizade pela solidão
Já lá estive…

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Tanto que foi deixado para escrever
Que já nem me quero sentir
Preservo o momento de jamais aqui estar
E deixo-me levar pelo tempo que passa
Deixei um relógio no chão
Talvez tenha abandonado o tempo
E se o abandonei…
Já nem me lembro dele
Esse tempo… que se desfaz
E anula toda a existência dos momentos
Nem sequer sinto as minhas rugas
Já nem as quero ter
Culpa do tempo…
Sempre o tempo…
Irreal mas infinitamente conciso!
Tantas palavras que deixei de escrever
Para dar gosto ao tempo
Tempo esse…
Que quis saboreá-lo com algum tempo…
Que perdi tempo

terça-feira, dezembro 12, 2006

Posso tentar escrever hoje
Nem assim haveriam palavras
Para descrever a minha alma
Hoje não quero sonhar…
Nem quero sentir-me ausente
Nada de vale a minha voz
Hoje nem quero estar aqui…
Nem sei onde me esconder
Vou fugir da minha sombra
E procurar um abrigo
Cortar as minhas asas
Para ficar longe do céu
Mais perto do mar
Nem quero já escrever…
Só ficar por perto…

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Dói-me a cabeça do mundo
Universo incerto alucinado
Fugi da estrada onde outrora descansei
Cor púrpura e amargo sapore…
O meu corpo jaz desfeito na sombra
Deste êxtase de sentimentos inoportunos
Deixei-me adormecer neste canto do mundo
Então… Já nem sei acordar
Ocultei-me outrora no reflexo da madrugada
Elevei-me na imensidão dos pensamentos
E cai de novo…
Sento-me aqui uma vez mais ausente
Sem caminho por onde passar
Deixo a minha presença moribunda
No canto deste lugar
Parto talvez para outra estação
Ah… dói-me tanto a cabeça
Sem sentido e sem chegada marcada
Parto por entre a minha campa camuflada
Pela sombra da minha presença aniquilada
Deixo-me sentir na madrugada
Ah.... Dói-me a cabeça do mundo...
E as pernas do meu Universo
Dói-me o corpo dela que não conheço
E o meu sorriso que deixei de ter
Dói-me o mundo todo no meu pensamento
A consciência do meu viver
E a esperança do meu etéreo e fraco momento

quarta-feira, novembro 29, 2006

Agora que descanso a minha alma
Respiro satisfeito…
E repouso neste momento
Repito o silêncio do teu cheiro
Perto da madrugada deixo a minha roupa
Já ausente do meu sentir…
Não me importa já a noite
Jamais me sente…
Crio um sentido para além da minha mente
E descrevo-o no meu pensamento
Navego milhões de anos
E refaço só para mim…
O cremoso segredo do teu olhar…

sexta-feira, novembro 17, 2006

Voo para além do tempo
E deixo-me sentir pairar
Desloco-me por um momento eterno
E tento alcançar-te nesta viagem
Ainda sou aquele que se senta sozinho
Não quero perder o meu caminho
Ainda distante
Não quero parar
Vou voar até me cansar…
Nesta ausência do meu viver
Perco o meu vigor…
Estou desprotegido, sem sentido
Voo para além do mundo
Numa viagem sem rumo
Sem tempo
E com forte desejo de não aterrar
Hoje... Quero voar até me cansar…

quarta-feira, novembro 15, 2006

Sou velho então
Polido há mais de mil anos
Marcado na eternidade
Sento-me e troco algumas palavras com Deus
Deverei ter mais do que carne aqui dentro
Para não querer desistir
A vida apresenta-se de diversas formas
A necessidade de a sentir cada vez mais
Só preciso de estar aqui por mais algum tempo
Para me relembrar o que perdi
No entretanto… Deus não responde
È um silêncio amigo
Uma solidão sóbria…
Talvez alguma paz na escuridão
Abraçam-me os sentidos
Alguns perdidos…
Os amigos sentem a minha satisfação
Mas não vêem a alma que lhes fala cansada e sozinha
Talvez ainda me responda ao final do dia…
Ou ela me atravesse no caminho por um momento

terça-feira, novembro 14, 2006

Vou tentar esquecer os riscos que me fizeste
E acompanhar ainda o teu olhar
Com pouca esperança
Então assim tentarei viver
Porque nada mais há...
Para além de uma lágrima
Que por vezes ainda cai...
Então abandono este lugar etéreo
E parto por um outro caminho incerto
Riscado pelo teu sentido...
Nada mais há...
Do que aquele momento
Uma estrada antiga oposta aos teus sonhos
Paralela ao meu desejo de me ver feliz
Vou então tentar esquecer os riscos que me fazes
Para me lembrar o quanto te amo
Porque só assim posso sonhar

sexta-feira, novembro 10, 2006

Desisti de te ver...
Porque sei como me sentes…
Estás tão perto de mim que nem quero acordar
O sabor deste momento é eterno
Mais tarde ou mais cedo vai parecer ter um fim
Só não quero que me vejam agora
Ninguém iria entender como me sinto
Nem iriam conseguir parar as lágrimas que caem
Também não consigo definir este momento
Sinto-te tão perto…
Parece que te vejo no meu sonho…
Só quero que tudo isto acabe rápido
Para que ninguém me veja assim
Também quero que saibas que estou triste
Tanto que nem o mundo me iria compreender…

quarta-feira, novembro 08, 2006

Desfaz o teu sorriso no silêncio do teu olhar
E deixa-me vaguear pelo teu corpo
Distante a minha alma funde-se
Ainda que presente no tempo
Ela inunda-se em ti
Perco-a no descontrolo deste voo
Já me esqueci de voar
Nem quero sequer pousar
Abro as minhas asas neste sonho
E deixo-me pairar
Desejo então cair no teu olhar
Para embalar o meu sentido
Deixa-me sonhar
Deixa-me voar
Ensina-me de novo a amar

quarta-feira, outubro 25, 2006

Embriago-me suavemente…
Numa qualquer tasca
Sintra…
Estrada velha alucinada
Papeis no bolso, capa preta
Aparo de madeira lustre
Dor de cabeça ou voraz sentimento?
Dor da vida…
Suavemente engulo mais um gole
Deste insano momento…
Devoram-me os olhares inconstantes
Elas rasgam-me o pensamento
Olhares cultos e desmedidos
Provocantes…
Sozinho… aqui estou…
Não sei mais para onde ir
Satisfazem-me os olhares cruzados
Os meus olhos fitam-nas sem segredo
Prostrado aqui estou…
Perdido neste momento
Tasca ou bar já nem sei…

segunda-feira, outubro 09, 2006

Se o amor se resumir a uma só palavra
Então quero soletrá-la…
Para que não me falte o ar
Quero dizê-la baixinho ao teu ouvido
Quero lambuzar a tua alma
Com o mel desta minha palavra
Esta, será tão doce que rasteja…
Por entre o teu sorriso…
Quero que ela se estampe no passeio por onde passas
E tropeces nela quando quiseres
Esta palavra não tem tempo
E digo-a devagarinho como se toda a minha voz
Fosse eterna…
A… m… o… te…
Esta simplicidade de uma palavra
Pode caminhar pelas barreiras do infinito
Nada mais é triste quando dela te lembrares
Nada mais é irreal quando a sentires perto do teu ouvido
Dita por mim…
Amo-te...

domingo, outubro 01, 2006

Amo-te num só momento
Em todo o tempo
Como se todo eu quisesse ser teu
Amo-te…
A minha alma voa por entre a tua
Sem sentido abraçando o mundo eterno
Deixo de lutar contra o que é incerto
Deixo-me levar pela curva do teu silêncio
Amo-te como se nada fosse
Como se a minha vida dependesse de todo eu ser teu
Amo-te… e voo pela incerteza do teu beijo
Deixando-me levar pelo amor que ainda vejo
Porque só a voar consigo sentir-te
Amo-te como se ainda te sentisse sem ter de respirar
O ar que tu sentes…
Sem deixar rasto deixo-te um sorriso de mel
Doce como o sentimento que me consome
Nem mesmo a morte põe fim a este meu sentir
Mais forte que a eternidade dos homens
Mais claro que todos os pensamentos de Deus

sexta-feira, setembro 29, 2006

Ela tem o cheiro do que eu amo
Jamais me conseguirei separar
Preciso de vivê-la todos os dias
Mais que dois amantes
Eu e ela tão juntos
Um sonho de lua…
Deslizou devagarinho pelo meu pensamento
Adormeceu ela nos meus braços
Quisera ser a vida dela neste sonho de água
Até que veio o silêncio
Silêncio…
A respiração dela tão calma
Despertou o meu horizonte
E deixou-me adormecer por mais uns tempos
Neste sonho doce
Amor… Chamam-lhe os deuses
Oculto no silêncio da noite
Não sei porque me sinto assim
Encurralado nesta vida e neste lugar
Acho que vi a tua cara uma vez mais
As memórias abraçam o meu pensamento
Será que cheguei ao meu destino
Talvez nem esteja vivo…
Não posso mais…
Tudo me parece verdadeiro…
Já escrevi isto antes
Procuro uma explicação
Será que estou a perder o juízo?
Ainda aqui estou…
Dentro deste sonho
Mas sinto-me tão perdido
Tão verdadeiro…
Tenho medo de cair no infinito uma vez mais
Sinto que já ouvi a tua voz
Algo me faz lembrar que ando à tua procura
Mas não tenho explicação
Sinto-te tão perto…
Que tenho de me proteger de mim mesmo
Ando perdido nesta visão paralela da minha existência

sexta-feira, setembro 22, 2006

Os sonhos são para os que ambicionam o infinito
Quero apenas flutuar na imensidão da tua presença
Não quero ir para o céu onde os anjos voam
Quero andar por aqui
As pessoas choram e sorriem
Vivem e morrem
Aprendem...
Quero ver-te e tocar-te
Amar-te
Quero ser o que tu queres que eu seja
Quero-te na presença de todas as coisas
Os sonhos são para os que deixaram de viver
Quero respirar-te
Sentir-te
Não quero sentir a tua ausência
Porque as cores tornam-se cinzentas
E as memórias mais curtas

quarta-feira, setembro 20, 2006

Estou morto por dentro
Será que já não penso em ti?
Estiveste sempre tão longe…
Que a dor deixou de me perturbar
De me fazer fugir…
Como costumava fazer antigamente
A dor…
Consegui um pacto com ela
Tornou-se a minha aliada
Um escudo…
Mas algo sempre me impediu de a ver
Essa dor antiga e demente
Estiveste sempre tão longe
Que perdi o sentido da minha fuga
Já nem consigo suportar o cheiro da solidão
Estás sempre tão longe…

terça-feira, setembro 12, 2006

Agarra-me porque amanhã vou estar longe
Jamais estarei por aqui…
Então agarra-me agora porque me vou
Louco e livre…
Sem sentido…
Prende-me porque vou querer fugir
Agarra-me na sombra para não ver o mundo
Deixa-me repousar na ternura deste momento
Então seduz-me de novo porque me vou...
Ama-me porque necessito…
Jamais virei aqui de novo para vos ver
Esta pobre solidão precária aniquila-me
Mata-me lentamente…

domingo, setembro 03, 2006

Os dias para mim
Noites que perco…
Sou aquele viajante…
Sou toda a saudade
Perdi já as mágoas no mar
E não te vi…
Não duram mais que um verão
Dias cinzentos…
Cercado pelos caminhos incertos
Onde tantas vezes me perdi
Onde quantas vezes errei
Bebi alguns sonhos e desvarios
Nestes rios…
Onde andei eu?
Nasceram os sonhos no tempo
Mas não se fizeram as coisas belas
Vimos a Lua e o encanto da noite
Puro âmbar dos poetas
Sem curso continuo a viajar pelas estradas
Vejo as ruas
As casas…
As portas…
As janelas…
As pessoas e as crianças
Caminho pelas ruelas
E pergunto-me se alguém me vem ver
Neste fado que me entristece

sexta-feira, setembro 01, 2006

Estou tão longe
E tão perto
Neste meu desejo secreto
Na subtileza do silêncio
Desenho um poema discreto
Uma lua brilhante...
Sem pedir licença entrou no meu mundo
Lá de fora vejo a vida diferente
Não quero esquecer este momento
E de repente, sinto-me tão viajante...
Saio da cama, percorro os corredores
Desta intensa viagem…
Abraço um sonho
Desenho mais uma palavra
E desejo-a...
Oculta na magia do meu pensamento
Sem autorização, ela borra-se no meu poema
E ama-me lentamente
Sento-me do lado de fora
Na imensidão da minha ausência
Para vislumbrar este cenário de saudade

segunda-feira, agosto 28, 2006

Vozes que se falam
Que se calam
Calmamente no delírio dos olhares
Indiscretos…
Vozes que se odeiam
Que se mentem
Calmamente na passagem do tempo
Morrem as vozes que se sentem
Morrem por vezes na eternidade das palavras
As vozes que se amam
Morrem as palavras
As palavras que não dizem nada
E que vão dizendo tudo
Falam as palavras ao coração
E morrem…
Morrem por vezes as palavras que não se movem
Na ausência dos corpos
Morrem as palavras ditas
Morrem as palavras dos idosos
Na solidão agreste da idade
Morre a cultura das palavras ditas
E não ditas…
Morre a palavra culta e a palavra sensata
Morre a palavra humilde e desinteressada
Todas elas morrem por vezes
Morrem estas palavras depois…
Na imensidão do tempo
Matam-se umas às outras
Pelas bocas ou expressões
Matam-se a cada dia e também na noite
As pessoas e as palavras
Que não se sentem…
Que se odeiam…
Matam-se!
Matam-se as pessoas…
E esquecem-se as boas palavras
Que nunca morrem
Mas que vivem na ternura da eternidade

terça-feira, agosto 22, 2006

Tacitamente toco o teu rosto
Com a sombra dos meus dedos
Faço escala nos teus seios
E falo com as tuas ancas
Avidamente toco no teu silêncio
Para com ele desfrutar deste momento
Âmbar etéreo de sentidos
Fugaz como o vento…
Provo sem sentido do teu corpo
Tudo aquilo que me queres dar
Com apetite voraz…
Deleito-me com o teu cheiro
Deixando-o carimbado pelo meu corpo
Aproveito agora cada som do teu gemido
Para alcançar o auge deste prazer alienado
Que me deixa fortemente prostrado
Na sombra desta madrugada ausente

terça-feira, agosto 08, 2006

Desculpa pelos actos
Que não pratiquei
Desculpa pelas palavras
Que não disse
Desculpa este olhar que te incomoda
Desculpa o silêncio que me invade
Desculpa
Desculpa
Desculpa...

quarta-feira, agosto 02, 2006

Gosto da forma como ela se move
Por entre os meus dedos
A forma como me descreve por entre a tinta
E me despoja no papel claro
Humedece os meus dedos
Desfaz-me na eternidade das palavras
Deixa-me onde quero estar
E acredito até que posso lá ficar
Movo-me pela tranquilidade dos sentidos
Cada lágrima deixa então um olhar
E acende por vezes uma vela
Para deixar memórias em papéis
Que vivem dentro da minha pele

terça-feira, agosto 01, 2006

Quando pensares em provocar o meu olhar
Lembra-te do que sentimos e das conversas que não tivemos
Lembra-te que ainda te amo
E se estás feliz não troques essa felicidade
Pelas palavras que queres ouvir mas não queres sentir
Quando olhares nos meus olhos
Não me vejas como antigamente
Vê-me agora…
Magoado, triste e por vezes alegre
Sou eu assim…
Tenho ainda um grande pedaço de ti
Tenho ainda para dizer o que não disse
Se estás feliz então limita-te a não me olhar com olhos de desejo
Porque eu vejo nesses teus olhos
O que a tua boca me quer dizer
E isso para mim...
È uma morte lenta...

quarta-feira, julho 19, 2006

Viajo pela triste decadência do mundo
Os sentimentos esvaem-se no tempo
Enfrento a triste essência da humanidade
Numa luta constante de mudança
Um anjo simétrico aproxima-se do meu corpo
Frio e imortal, deixo o meu respirar
Dos meus lábios flutua um murmúrio
Um suspiro…
Queria eu sentir-me como em tempos passados
Mas vida assim…
Seria para mim um pranto salgado
Deixem-me neste lugar ermo
Nesta vida lúgubre
Deixem-me deitar agora…
Avizinha-se a hora de descansar…
Sou assim…
Como uma fonte no jardim de um castelo abandonado
Deixo os meus sentidos pela eterna loucura do mundo
Intemporal no seu conceito real

segunda-feira, julho 17, 2006

Quero uma capa preta
Como os poetas antigos
Para viajar pelas tabernas e bares
Quero as palavras de todos os homens
As vozes de todas as mulheres
Quero sentar-me e não hesitar em ser louco
Descrever a noite… jamais a Lua
Quero ainda ser um poema
E lutar pelo meu desejo de ser quem sou

segunda-feira, junho 26, 2006

Gosto de ti quando estás perto
Porque te moves na ausência do meu ser
E me intimidas com o teu olhar
Gosto de ti porque tu és alma da minha alma
E moves a tua solidão por entre o meu rosto
Tocas a sombra do meu túmulo
E dás-me a eternidade de um sorriso
Gosto ainda de ti…
Porque sou teimoso e teimo em amar o teu brilho
Gosto de ti porque gosto…
Não saberia amar-te em outro estado

quinta-feira, junho 22, 2006

Nada resta para escrever
Sozinho com velas e papéis
O futuro ficou lá atrás
E o passado mal consigo vê-lo
Serei eu do outro lado
Ela distante de cada recanto da minha prisão
E foge como um anjo
Não esqueço onde a deixei
Para me relembrar de te lembrar
Nada mais resta apenas eu e tu
Nada mais...
Não é alguma coisa?
Nada resta
Ah... Ela sorri
Alimentando a minha vida
Como se mergulha-se no Sol
Queimando as minhas asas
Esperar deixa-me louco
Mas chegaste na altura certa
Para me veres no chão
Agora não consigo dar-te a mão
Queria fugir mas nem sequer sei já andar
Apenas me sento aqui sozinho como antes
A porta trancada
E tenho a chave do teu poema
Descrevo-te pela noite
Posso dizer que a lua é bela…
Posso amar-te aqui hoje neste palco
Cristal puro e transparente
Posso deixar uma lágrima cair no meu papel
E borrar um poema qualquer
Posso desejar-te aqui hoje e sempre
Até me cansar de sonhar
Ou viver…
Hoje tenho a chave to teu poema
E com ela vou redesenhar a fórmula da eternidade

sexta-feira, junho 16, 2006

Assim… Quando pensares que me deixaste cego
Serei já o rei que rasteja pelo corpo teu
Então diz-me para onde vou
Para eu seguir o teu respirar pela noite
Ou então fala-me do limite
E das terras mágicas…
Deixa-me louco pela madrugada
Explorando este teu beijo
No silêncio do teu sonho
Onde a lua uiva ainda pela noite
Saboreando a doçura deste açúcar
Doçura de mil noites
Chocolate quente ardente
Vinho puro amargo
Sozinho rastejo pelas tuas costas
Até ao novo dia…
Deixando marcas dos meus dedos nas tuas ancas

terça-feira, maio 30, 2006

Navego então para esta terra mágica
Uma vez mais…
Sustendo este incrível pensamento
Acordo distante deste mundo irreal
E mantenho contacto com a minha origem
Chamam-lhe essência…
Quero adormecer num momento aqui
Perto do mar e do som das estrelas
Brinco então com o tempo
Perco-me na alvorada
E faço amor com a noite…
Ah… madrugada desesperada
Gritante
A lua está mais perto deste lugar
Ali vai ela…

sexta-feira, maio 26, 2006

Já lá estive…
No limite da tristeza
È lá que me queres?
Queres saber mais…
Permaneci lá tanto tempo
Que por algumas vezes
Confundi o sabor amargo
Com a suavidade da doçura
Andei perto da luz também
Amei uma ou duas divindades femininas
E provei aquele âmbar das sereias
Ah… Mel doce mel…
Como que enfeitiçado…
Seduzido…
Deveras fascinado…
Já lá estive…
Já lá estive…
Naquele mar azul e negro
Frio e quente
Mas não é lá que me queres…
Importas-te que pense em ti?
Nariz bonito e olhos de sereia
E não me interessa o que tens…
Também não gosto da forma como me manténs preso
Então persegue-me
Vem ter comigo ou afoga-te em mim
Deixa-me ou arrasa-me
Porque nada parece matar-me
Nem mesmo que eu me esforce…
Então anda e apaga-me
Obriga-me a ter-te ao meu lado
Rebenta com este mundo obtuso
E partilha comigo esse prazer divino

quinta-feira, maio 25, 2006

Então atrás de nós…
Ficaram as conversas que pouco partilhámos
E alguma coisa que não restou
Ficou um sorriso
E um toque de cristal
Baton de mulher
Olhos doces de mel
Ficaram as palavras por dizer
E um beijo por dar
Um abraço por sentir
E uma vida para conhecer
Ficou o silêncio de uma noite perdida
E o gosto amargo de uma lágrima no chão
Posso dizer "foda-se"?
Quer dizer... Afinal é só uma palavra
A não ser que indique um estado de espirito elevado ao rubro
Bom se puder entretanto dizer eu digo
Mais que não seja para libertar um grito
Um gemido...
Para meter medo á morte...
Se é que é humanamente possivel fazer-lhe frente...
Poderei então dizer que se "foda" a morte
E tudo o que dela faz parte...
Seria a utilização da linguagem para manifesto
De um ritual que não se compreende
E no ponto de vista da sociedade até seria aceitável
Então posso dizer como diria Bocage "fode-me"
Provavelmente seria entendido como luxúria
Ou parte de um acto sexual quase consumado
Bom então não é expressamente proibido usar a palavra "foda-se"
Então foda-se!

quarta-feira, maio 24, 2006

Hoje não...
Hoje sinto-me como que eterno
Hoje quero gozar este momento
Quero que todos os meus pilares fraquejem
Neste mundo invisível
Deixa-me sonhar hoje
Porque hoje é um bom dia para morrer feliz
Bato as asas ao vento num voo frenético
Como quem se ri na multidão
Não... hoje não...
Hoje sou livre e eternamente jovem
Sou discreto
E avassalador
Poeta e escritor num só momento
Amante e amado
Hoje sou eu e mais eu
Hoje sou feliz
Hoje sou mel…
Mais doce que os anjos
Mais invulgar que as estrelas
Mais subtil e louco que Galileu
Mais verdadeiro que Deus
Porque dias assim são poucos na minha vida
Hoje estou no auge deste orgasmo
Hoje estou brutal!
Estou demais!
E estou aqui!
Presente no mais presente do futuro
È bom estar assim
Neste estado de êxtase perpétuo
Hoje vou escrever cem páginas
Mil páginas
Vou abanar o altar da madrugada
E a noite vai contornar-me em cada momento
Com medo deste homem menino
Olha para mim e sente o que digo
Eu hoje estou no auge de todos os tempos
Sou todos os homens
Sou Portugal
Sou o mundo e o Universo num só local
Olha as minhas mãos
Manchadas de tinta
Sangue do mortal dos imortais
Sou eu assim hoje
Vou desmascarar cada falso poeta
E readmiti-lo nos portões da eternidade
Hoje estou feliz
Implacável!
E sem medo…
Estou no extremo da mais excitada expressão da paixão
Estou tão triste como estou feliz e alegre
Estou amado
Estou eu…
È como se tivesse tocado em Deus
Sentido a sua forma
E ficasse contagiado pela monstruosidade do seu poder
È como se todo eu fosse um raio de luz
E conseguisse abrir toda a minha alma
È como se tivesse criado os alicerces de uma nova religião
Como que se tudo fosse um e eu um fosse
Milhões de palavras escreverei hoje
Até que toda esta exaltação morra
Derrotarei qualquer mago da humanidade
Hoje estou aqui…
Para me relembrar que há dias assim na vida de um ser humano
Há dias assim...
Em que o sol queima de uma forma tão quente as asas da Lua
Somos poetas hoje…
Somos poetas…
Sou pintor…
Desta tela que é a minha vida
Nada me pára…
Não hoje…
Se fosse anjo seria de algodão doce
Simples e discreto como todos os anjos
Sinto-me hoje assim
Como se a minha alma tivesse sido tocada por um anjo
Como se a minha mão desejasse descrever-te
A todo segundo…
E os meus olhos quisessem ver-te a todo o instante
Como se a minha tristeza desaparecesse desta existência
E abanasse os pilares da minha oculta paixão
Sinto-me hoje assim…
Mais forte que a eternidade
Se a felicidade pudesse ter um rosto
Eu seria essa face…
Tão delineada…
Mas sinto-me hoje assim
Tão miúdo e apaixonado
Tão adolescente de novo
Assim tão feliz
Tão real…
Como se a madrugada
Tivesse sido um minuto
E na madrugada encontro a fórmula de todo o meu ser
Sinto-me hoje assim despojado
De todas as armas que deixei contigo de noite
Como se fosses tu a minha essência
Desarmado alcanço este novo dia
Com um sorriso nestes lábios
Que querem ser teus a todo o instante
Para te amar até ao final dos tempos
Stick de baton numa mão…
Caneta na outra,
Madrugada transparente distante da tristeza
Descrevo o teu sorriso como um miúdo
Meu Deus tenho medo…
Mas é tão real ter-te no meu pensamento
Quero escrever-te e descrever-te
Neste meu papel seco
Palco tão teu…
Momento tão nosso…
Deixa-me carregar-te pela madrugada
E secar as tuas asas de anjo
Silenciar a noite com o teu olhar
E navegar contigo pela eternidade
Deixa-me ser quem sou e conduz-me
Guia-me a este estado de paixão constante
Que se mantém pelo mais longo dia
E se prolonga pela noite eterna

terça-feira, maio 23, 2006

Hoje sinto-me assim
Como que jovem…
Prostrado neste banco
As memórias são curtas
Ainda boas…
Algumas fortes demais para as relembrar
Aqui neste lugar etéreo
Vejo-me assim hoje
Não me apetece caminhar hoje
Porque hoje… Sinto-me eterno
E quero ser imprevisível
Nada mais…
Quero ser o meu ser
Envolto em loucura e desejo
Ah… Se vocês soubessem como me sinto…
Por mais que me esforce nunca iriam compreender
Nada se compara a este estado de paixão
Nada parece corromper-me
E não importa o quão longe eu vá
Ninguém me pode matar hoje
Não hoje que me sinto assim…

sexta-feira, maio 19, 2006

Passou tanto tempo que perdi o gosto
Champagne de Paris
E ruelas de Sintra
Ah…
Sinto-lhe o cheiro apenas
Caí na luz e violei aquele silêncio
Aquela inocente voz madura
Não consigo já chegar ao centro
Amargo sorriso…
Permito-me crescer de novo
Para me perder na luz como antigamente
Eternas madrugadas de cristal
Noite fria e cruel
Passou tanto tempo que finjo então um sorriso
Para me afastar calmamente do passado
Anjo doce ou eterna paixão
Sorriso frágil e delicado
Ostento um cálice de pedra
Mais água que oceano
Paz leva-me de novo ao teu encontro
Pássaro feliz ou pincel de palha
Borra uma vez mais uma página fiel
Deixa-me um sorriso de papel
Neste palco ofuscante de sentimentos

sexta-feira, maio 12, 2006

Assim como se te contasse um segredo
Digo-te quem sou
Existe na noite uma magia
Que toca todos os sentidos
Essa arte mágica sou eu...
Durante a madrugada
Existe também aquele silêncio
Que nos obriga a sonhar
Sou eu esse ser tactiturno
Sou também aquele sorriso
Que se desfaz e se transforma
Num calmante suave
Como se te desvendasse um desejo
Deixo então estas palavras ao vento
Gostei de sorrir de novo

quarta-feira, maio 10, 2006

Sangro as palavras
Que me envolvem e me destroem
Envolvem praça e mente da minha alma
Este meu povo que morreu
Será que se lembra do vapor da liberdade?
Acorrentado a uma livre irresponsabilidade
Apaga-me então este silêncio
E transforma-me em orgasmo
Luxúria mais que masturbação
Palavra mais que palavra
Quero comê-la no meu prato
E dar-lhe o condimento da minha alma
Sou Lisboa e Portugal num momento
Sou Águia viva que voa
Sob as águas tenras deste mar
Mostremos a eles quem manda
Para que nos devolvam o etéreo cheiro
Sonhar é encanto
Poesia é paixão
O orgasmo do povo é ser poeta
Não faço greve de fome nesta parada
Palavra puxa palavra
Escrevo a prosa com o meu aparo
E engulo cada momento de prazer

quarta-feira, maio 03, 2006

Satisfaço-me com o silêncio das palavras sóbrias
Desfruto assim deste âmbar de momentos
Um dia em qualquer dia
Sou capitão deste instante
Meu instinto, eu e este sossego
Mais que um segredo
Sou eu
Alma simples
Toco também nos quartéis deste recanto
Nos conventos desta existência
E oculto-me na madrugada
Salgada…
Nesta prisão material que é o mundo
Há ainda a confidência
Lugar santo ou esconderijo
Nesta furna de prazeres
Sou infiel e amante
E bebo da mesma taça
Suco ou raça…
Talvez engula então uma lágrima
Uma gota de água lustre de diamantes
E pérolas…
E abandone este testamento
Para amar este encontro
Sigo comandando este navio
Por uma expedição de sentimentos
Um encontro de acontecimentos…

sexta-feira, abril 28, 2006

Move-se por entre os corpos
Ela anda por ai
Em liberdade
Contudo não a posso amar
Amando-a vou
Amada amo-te
Estes dias estão nas páginas que escrevo
A esperança e o medo
Encontro-os num sentido unico
Sobrevive a exaltação da dor
Com a doçura desses lábios
Carne mais que carne do que carne
Acorda o meu espirito atento
E beija-me...
Pensa por ele e consome-me
Procura-me...
Satisfaz então essa denúncia de prazer

terça-feira, abril 18, 2006

Jamais sei se respiro,
Nem sequer sei se escrevo
Abate-se em mim algo que não compreendo
Tornei-me neste homem que dialogou com as palavras
Li inúmeras vezes a minha alma
Espelhada nestes papéis
Nesta tinta
Neste caderno de poemas ou prosas
Reli toda a minha existência
Contudo não lhe consigo dar o devido apreço
Nem sequer a compreendo
Não faço ideia do que ela é
Nem do que sinto por ela
Ando á deriva
Desculpem-me meus amigos
Mas este é o derradeiro texto, poema ou prosa
Estou cansado de viver este jogo
Deito-me com as palavras e acordo sem elas
Vivo então dentro delas...
Amargas e frias
Tristes...
Não sei se continuarei a escrever aqui
Nestes sentidos...
Sou louco demais para não descrever esta vida
Também sei que procuro aqui
As palavras da minha alma
Nunca encontrei em outro recanto senão nestas folhas
Manchadas de suor, lágrimas e tinta
Nada então é mais poderoso
Do que o doce sentido de estar vivo
E acreditem falo de puro sentido
Sento-me então uma vez mais nesta mesa
Sozinho...
No meu mundo
Como que num retiro espiritual intenso
E deixo a minha mão mover-se por entre o papel seco
Áspero e frio
E dou comigo a escrever este relato nocturno

terça-feira, abril 04, 2006

Sou as terras
As pedras
As portas
Sou a madrugada
Sou um touro
Sou todas as palavras
A tinta
As imagens
Sou todo o mar
Sou a Lua
Sou paz
Sou então livre
Sou eu
Sou a calçada
As ruas e o campo
Sou eu assim
Sou todos os homens
Um espírito aberto
Sou todas as mulheres
Todos os pensamentos
Sou as velas içadas ao vento
Os barcos
A inércia da saudade
Sou eu a cada dia
Assaltado pela vida

segunda-feira, abril 03, 2006

Não voltaremos a encontrar-nos
Não pela antiga noite…
Por onde vagueámos
Somos sombras ou espectros da madrugada
Separados pela agonia do tempo
Não falaremos senão por sinais
Uma telepatia intelectual...
Será que a lua ainda continua no mesmo palco
Ou atingimos a intensidade da tristeza
E espera-nos uma sentença moral
Que nos projecta para o caos do silêncio
Essa Lua trepou o infinito da minha alma
E seguiu por um caminho incerto
Procuro assim um coração despojado
Neste mundo obscuro…
Não voltaremos a cruzar-nos
Neste lugar ermo e lúgubre
Onde a solidão alcança por vezes
Uma magia letal
Que ofusca o próprio sentimento
Não voltaremos a juntar-nos
Para seguir esta estrada velha

terça-feira, março 28, 2006

Amante da madrugada
Triste e envolta em sorriso
Desce á selva rústica de pensamentos
Já incolores...
Amante da noite de prazer
Intensa boémia
Orgia no meu andar
Paredes nuas
Com portas cruas
Sorrisos caros e lágrimas pesadas
È aqui na terra
Onde as voltas se dão ás caladas
E os monstros esses
Batalham sem cansaço
Então juntam-se no átrio
O pensamento corrupto e intenso
Com a nobreza inunda
Esquece o amargo cheiro
E volta para o buraco
Onde por dentro a alma cresce
E se inunda de solidão abrupta
E se desfaz num prazer inato
Num orgasmo de abundância divina

quarta-feira, março 22, 2006

A minha mão está tão cansada de te descrever
O meu corpo teima em ceder a este intervalo
Solene...
Encontrei aqui na linguagem algo sublime
Deixei então um rosto nas palavras
Por entre as linhas deixei o meu prazer
Pintado em tela de carvão
Tinta de aparo ou sangue de guerreiro
Alcanço então os meus idolos
Para que com eles consiga disfrutar de alguma paz
Estou inerte neste momento
E estagnado neste sentimento
Procuro então a minha caverna
Para repousar este corpo cansado
Espero um sinal
Para volver esta lágrima
Majestosa mas triste

quinta-feira, março 16, 2006

Quero a vós então agradecer
A todos que vêm aqui ler
As memórias, caprichos e coisas mil
Desta alma ainda juvenil

Atingi por vós a conta mil
E grato estou pelo vosso tempo
Não sou então mais do que um amante senil
Deste eterno mundo por um momento

Então convosco fico na esperança
De um dia vos encontrar
Com grande amizade e confiança
Deixo-vos um carinho para vos melar

Queiram então levar este poema
De agradecimento pelo vosso interesse
Levem-no numa folha ou num esquema
Mas espero que no sentimento ele se expresse

terça-feira, março 14, 2006

Cansei-me de te encontrar nas avenidas
De te procurar nas ruelas
Cansei-me de te beijar o rosto
Procurei ainda na sombra
Um lugar para me esconder
Tanta ilusão e tanta doçura
Num só beijo…
Não derramei lágrimas
Mas sangue…
Estou fatigado de tanta doença mental
Paragem cerebral…
Molesta-me este rosto oculto
Dissimulado…
Sedento de paixão e amor
Mas que doença?
Os sintomas latentes…
Ah… Cansei-me e estou morto!
Duro e limpo
Sujo de lama
Desta guerra infecta e corrupta
Anormal e dissimulada…
Despojei-me de todas estas armas camufladas
E procuro lentamente um sorriso
Nesta asfixia de inúteis pensamentos
Neste mundo humilhado
Exterminei-me até ao tutano
E procuro ainda um espectro
Para o retirar deste mundo obtuso
Onde nada mais é expressivo
Apenas confuso…
E demasiado estúpido

sexta-feira, março 10, 2006

Amo-te nesta linguagem divina
E venero-te para além da virtude da humanidade
Consequentemente gosto de ti
Em pleno sentido da liberdade
Que ainda consigo sentir...
Alcanço também o teu olhar em plena vida
E não morro para te deixar
Não te amo somente em meu lugar
E satisfaz-me o encanto que tenho em te amar
Aborrece-me pensar que não te tenho
E mata-me não te ver todo o dia
Amo-te ainda sem deixar rasto
Nos papéis e nas paredes
Nas praias e no oceano
Amo-te sem contar as palavras
Que daria para te descrever
Emoções...
Parece-me dificil esquecer momentos
Alguns detalhes inatingiveis por bens materiais
Repetem-se estes sentimentos intensos
Por toda a minha alma de existência eterna
Não me importo com o tempo que corre
Não têm hora estas narrativas
E por vezes até quero esquecê-las
Nem sequer descrevê-las
Projecto-me assim em alvoroço
Como que num motim
Conservando assim o meu interior
Esta estranha vida completa-se
Como a história mais estranha
Que ninguém ousou escrever...
Descrever ou sequer imaginar...

terça-feira, março 07, 2006

Esta pobre solidão precária
Mata-me lentamente
Consumindo este ar rebelde
Asfixia a minha alma
E destrói o meu sentimento
Divago então por entre o mundo
Embriagado por entre a multidão
Tocando o infinito da desilusão
Mergulho ainda na sombra
Para tocar os meus desejos
E abrandá-los...

quinta-feira, março 02, 2006

São as palavras... Essas deusas imunes
São elas que eu amo
As palavras
Simples e delicadas
Queria ser Indio para as descrever na areia
Andar nu pela rua
Comendo-as e gritando-as
São elas a minha tribo
E a minha religião
Bebo-as e beijo-as
Desculpem-me as palavras
São elas a minha tela
Primeiro dão-me um gosto amargo
Depois vêm pedir-me para lhes dar sentido
Rasgo-as e seco-as
Contorno-as...
E acabo culpado
Mas elas entendem o meu grito carente

quarta-feira, março 01, 2006

Sou a luz que não tive
Um farol na madrugada
Um barco sem rumo
Sou o Norte ofuscado
Sou o desembarque para além da areia
Perfeito não sou
Sou amargo e doce
Sou sangue meigo
Intensamente louco
Amado e amante
Vê tu... Estou perdido
Inundado...
Afoguei-me neste oceano de vida
Jamais sei se respiro
Contudo amo

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

As palavras
O vento e as imagens
O perfume...
O cheiro e o ciume
Dá-me o prazer de ser quem sou
Dou-te o ar que eternamente respiro
Uma melodia
Dou-te um som
Crio um sonho
Dá-me senão o teu segundo
Para além do tempo
Dá-me um sorriso
Ah... Se eu não fosse um rochedo
Seria mais que mil cruzadas
Seria um touro
Um Guerreiro
Seria quente e não frio
Seria doce
Jamais amargo apenas quente
Se um dia não amei na linguagem dos anjos
Foi porque o tempo foi demasiado lento
Para eu esperar por ela
Se um dia não a amei
Fui então um abismo
Fui profundo
Talvez tenha sido poeta
E no fundo mais profundo fui infeliz
Amo-a para além da musica
Para além de todos os sentidos
Como se quisesse ser um acorde
Se todo eu fosse um som
Concerteza seria um tom baixo
Se me deixassem ser um instrumento
Seria um violino
Amo-a para além da frase sem sentido
Ou com sentido
Ama-la seria o meu desejo
Amo-a...
Para além da poesia
E de qualquer estudo mortal
Amo-a e pronto
Parto então para outro lugar
Talvez Sul...
Sozinho e sem temor
Acompanhado pelo meu unico
Constrangedor e afectivo silêncio

terça-feira, janeiro 31, 2006

Quero uma cidade só para mim
Onde possa pintar o teu rosto
E escrever o teu nome
Onde consiga esculpir a tua essência
Quero uma tela só para ti
E um pincel só meu
Para te desenhar no vazio
Quero um quadro de cores incolores
Transparentes na tua simplicidade
Ah... Se eu fosse instrumento por um dia
Perder-me-ia no ultimo acorde
Mas não a quero toda...
A música...
Quero-a apenas no meu universo pessoa
Quero-a na minha valsa
Quero ainda as pedras da calçada antiga
Onde possa delinear o teu sorriso
E amá-lo da minha janela descontente
Quero a chuva na minha tenda humilde
E a noite no meu silêncio inocente
Quero-a...
A poesia a teu lado
Embriagado e extasiado pelo teu perfume
Essa fragrancia de mil noites
Que satisfaz a minha boca
O gosto doce do teu pescoço
Quero ainda a vida...
Para te dar em troca por um beijo suave
Doce ou amargo
Inocente ou violento
Trágico e ardente...
Quero um planeta só para mim
Para redescrever as leis
Que te envolvem na minha galáxia

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Quero aquela palavra…
Que se desfaz no momento
Quero-a no meu poema
Na minha frase
No meu sorriso plangente
Aquela que agitada se manifesta no tempo
Quero tê-la aqui tangente
Exprimindo a sua vontade firme e decidida
Quero tocá-la com os meus dedos
E borrá-la no meu papel
Sentir-lhe a fome de ser eterna
Beber-lhe o cheiro…
Quero-a aqui comigo
Junto ao meu aparo
E perto da minha alma
Quero-a picante
Erótica ou camuflada
Amada ou amante
Pintada…
Quero-a toda minha…
A palavra delineada
Saciada...
Alienada ou inquieta
Quero vê-la fugir dos meus dedos
E deixá-la nas paredes
Nos papéis e nas encostas
Escrevê-la na terra e no mar
Deixá-la viva e fresca
Quero-a toda para mim
Palavra que se desfaz e se completa
Toda ela…
Mordaz ou melodiosa
Quero-a na minha vida…

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Vamos delinear um poema…
Passa-me o aparo e segura o meu papel
Dá-me uma lágrima tua
Ou um simples sorriso
Com suavidade pinto o teu rosto
Como se quisesse tocar no teu sonho
E desejasse pintar a tua alma
Passa-me o brilho dos teus olhos
E devolve-me essa luz que tentas alcançar
Deixa-me elevar-te neste êxtase de palavras
E dar-te o que é teu por direito
Agora segura a minha tela
E sopra a tua utopia calmamente
Já ninguém morre de amor
Deixa-me então dar-te as palavras
Fui além buscá-las
Para te traduzir este coração que é pequeno
Dá-me o teu beijo e prende-me
Ajuda-me agora…
Agarra a minha mão e descreve-me
Cuidado…
Tenho a meu favor o olhar de quem te ama
Reproduz para ti a minha vida
Porque por detrás da tua sombra
Sou eu que te envolvo
E cada verso contém uma dança
O teu corpo e o meu corpo
Numa valsa alquímica perfeita

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Limpa-me esta lágrima
Com o teu olhar
Que é simples e discreto…
Guarda-a no teu sentimento
Como guardaste um dia um beijo meu
E encaminha-a para o teu rosto
Dá-lhe luz
E verás como ela derrete no teu leito
Vê como ela teima em escorrer
Por este rosto que um dia foi teu
Dá-lhe a liberdade que ela te pede
E afoga-a na tua presença suave
Como se tivesses a sensatez
Da presença deste amor
Que ainda derrama lágrimas ao tempo
Ainda me vês…
Cara de miúdo e sorriso inocente
Olhos brilhantes e cabelo louro
Sabes o que ando à procura…
Perguntei pelas portas
Toquei nas paredes
Nuas…
Cruas…
Pintei o meu tempo na tua tela
E sabes que ainda estou aqui
Pertenço ainda ao povo
E sabes que não me desliguei
Lamento ainda este cheiro intenso
Esta sala lúgubre ou este ser não mais presente
Abram a porta e deixem-me entrar!
È o meu grito de loucura consciente…
Não consigo mais sonhar!
O meu pensamento inconsciente que consome ainda este ar
Limpa-me este suor frio
Que me impede de sonhar…
Suavemente nutro este meu sentimento
Quero viver!
Apelar ao sentido mais interior
E fazer dele o trilho deste mapa
Uma vez mais por esta estrada vou caminhando
Ainda desconhecida esta direcção…
Talvez a norte
Ainda assim… incompleto me sinto…
Desprotegido, continuo a vaguear por aí
Saiam da frente e deixem-me passar!
Não quero mais nada senão caminhar…
Deixem-me tombar este corpo alienado nesta terra distante
Sorver esta areia deserta e descrever
Este acto de sentir com o meu aparo
E esta tinta pura
Que passa e perpassa
Neste papel já humedecido pela lágrima tenra
Que caiu e me esconde a razão e o porquê
Como se me consumisse em eterna agonia
Ainda me vês aqui neste teatro…
Aqui prostrado…
Deitado e alienado
Folgado e arrebatado
Demente e perpetuamente apaixonado

quarta-feira, janeiro 04, 2006

E ando pela terra e pelo mar
Tentando desvendar a tua solidão
Talvez a minha mão aberta de dê força
Para me dares a tua companhia
Procuro-te ainda pelas aldeias
Pelas cidades e pelo mundo
Talvez antes de ti…
Eu te encontre aqui…
Difícil é encontrares este momento
Em que eu me dou…
Palpita ainda o meu sangue ausente
Deste corpo diferente
Que viagem será esta…
Por vezes nem reconheço o sabor deste sal
Será que é terra ou mar?
Ando em busca destes sentidos…
Ando pelo céu e pelo mundo
Tentando encontrar o sonho perdido
Sou demente nesta terra de gente
E enquanto a multidão ri
Eu estou distante deste tempo que foge

terça-feira, janeiro 03, 2006

Sei que sinto
Aquilo que me esqueci
De recordar
Não passamos de sombras
Neste caminho nocturno
As vozes que se ouvem na escuridão
São o som da incerteza
Fazem-me suspirar nestes tempos
E estes sons envolvem-se
Em mim
E choro na escuridão da noite
As minhas lágrimas tocam as flores murchas
Desta terra onde o rio parou de correr
E procuro ávidamente as paredes
Que o mar não derrubou
Para me guiar por este caminho incerto
Em pequenos passos
Avanço sem tocar no oculto
A brisa toca-me no rosto
Até que a morte dá conta do meu desejo
Proíbo-me de te esquecer
Nestas longas madrugadas
Ora conscientes
Ora doces
Mas sempre despertas
Despertas como a luz
Longas como a esperança de te ver
Proíbo-me de te esquecer
Porque só assim
Estás comigo
Na minha lembrança
Ora doce
Ora cruel
Mas sempre bonita
Cruel como a minha estrada
Proíbo-me de te esquecer
E ainda assim me recordo
Que não estás aqui
Nesta madrugada longa
Neste final de noite
Mais uma
Que me leva ao dia
Neste dia infeliz