terça-feira, janeiro 31, 2006

Quero uma cidade só para mim
Onde possa pintar o teu rosto
E escrever o teu nome
Onde consiga esculpir a tua essência
Quero uma tela só para ti
E um pincel só meu
Para te desenhar no vazio
Quero um quadro de cores incolores
Transparentes na tua simplicidade
Ah... Se eu fosse instrumento por um dia
Perder-me-ia no ultimo acorde
Mas não a quero toda...
A música...
Quero-a apenas no meu universo pessoa
Quero-a na minha valsa
Quero ainda as pedras da calçada antiga
Onde possa delinear o teu sorriso
E amá-lo da minha janela descontente
Quero a chuva na minha tenda humilde
E a noite no meu silêncio inocente
Quero-a...
A poesia a teu lado
Embriagado e extasiado pelo teu perfume
Essa fragrancia de mil noites
Que satisfaz a minha boca
O gosto doce do teu pescoço
Quero ainda a vida...
Para te dar em troca por um beijo suave
Doce ou amargo
Inocente ou violento
Trágico e ardente...
Quero um planeta só para mim
Para redescrever as leis
Que te envolvem na minha galáxia

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Quero aquela palavra…
Que se desfaz no momento
Quero-a no meu poema
Na minha frase
No meu sorriso plangente
Aquela que agitada se manifesta no tempo
Quero tê-la aqui tangente
Exprimindo a sua vontade firme e decidida
Quero tocá-la com os meus dedos
E borrá-la no meu papel
Sentir-lhe a fome de ser eterna
Beber-lhe o cheiro…
Quero-a aqui comigo
Junto ao meu aparo
E perto da minha alma
Quero-a picante
Erótica ou camuflada
Amada ou amante
Pintada…
Quero-a toda minha…
A palavra delineada
Saciada...
Alienada ou inquieta
Quero vê-la fugir dos meus dedos
E deixá-la nas paredes
Nos papéis e nas encostas
Escrevê-la na terra e no mar
Deixá-la viva e fresca
Quero-a toda para mim
Palavra que se desfaz e se completa
Toda ela…
Mordaz ou melodiosa
Quero-a na minha vida…

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Vamos delinear um poema…
Passa-me o aparo e segura o meu papel
Dá-me uma lágrima tua
Ou um simples sorriso
Com suavidade pinto o teu rosto
Como se quisesse tocar no teu sonho
E desejasse pintar a tua alma
Passa-me o brilho dos teus olhos
E devolve-me essa luz que tentas alcançar
Deixa-me elevar-te neste êxtase de palavras
E dar-te o que é teu por direito
Agora segura a minha tela
E sopra a tua utopia calmamente
Já ninguém morre de amor
Deixa-me então dar-te as palavras
Fui além buscá-las
Para te traduzir este coração que é pequeno
Dá-me o teu beijo e prende-me
Ajuda-me agora…
Agarra a minha mão e descreve-me
Cuidado…
Tenho a meu favor o olhar de quem te ama
Reproduz para ti a minha vida
Porque por detrás da tua sombra
Sou eu que te envolvo
E cada verso contém uma dança
O teu corpo e o meu corpo
Numa valsa alquímica perfeita

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Limpa-me esta lágrima
Com o teu olhar
Que é simples e discreto…
Guarda-a no teu sentimento
Como guardaste um dia um beijo meu
E encaminha-a para o teu rosto
Dá-lhe luz
E verás como ela derrete no teu leito
Vê como ela teima em escorrer
Por este rosto que um dia foi teu
Dá-lhe a liberdade que ela te pede
E afoga-a na tua presença suave
Como se tivesses a sensatez
Da presença deste amor
Que ainda derrama lágrimas ao tempo
Ainda me vês…
Cara de miúdo e sorriso inocente
Olhos brilhantes e cabelo louro
Sabes o que ando à procura…
Perguntei pelas portas
Toquei nas paredes
Nuas…
Cruas…
Pintei o meu tempo na tua tela
E sabes que ainda estou aqui
Pertenço ainda ao povo
E sabes que não me desliguei
Lamento ainda este cheiro intenso
Esta sala lúgubre ou este ser não mais presente
Abram a porta e deixem-me entrar!
È o meu grito de loucura consciente…
Não consigo mais sonhar!
O meu pensamento inconsciente que consome ainda este ar
Limpa-me este suor frio
Que me impede de sonhar…
Suavemente nutro este meu sentimento
Quero viver!
Apelar ao sentido mais interior
E fazer dele o trilho deste mapa
Uma vez mais por esta estrada vou caminhando
Ainda desconhecida esta direcção…
Talvez a norte
Ainda assim… incompleto me sinto…
Desprotegido, continuo a vaguear por aí
Saiam da frente e deixem-me passar!
Não quero mais nada senão caminhar…
Deixem-me tombar este corpo alienado nesta terra distante
Sorver esta areia deserta e descrever
Este acto de sentir com o meu aparo
E esta tinta pura
Que passa e perpassa
Neste papel já humedecido pela lágrima tenra
Que caiu e me esconde a razão e o porquê
Como se me consumisse em eterna agonia
Ainda me vês aqui neste teatro…
Aqui prostrado…
Deitado e alienado
Folgado e arrebatado
Demente e perpetuamente apaixonado

quarta-feira, janeiro 04, 2006

E ando pela terra e pelo mar
Tentando desvendar a tua solidão
Talvez a minha mão aberta de dê força
Para me dares a tua companhia
Procuro-te ainda pelas aldeias
Pelas cidades e pelo mundo
Talvez antes de ti…
Eu te encontre aqui…
Difícil é encontrares este momento
Em que eu me dou…
Palpita ainda o meu sangue ausente
Deste corpo diferente
Que viagem será esta…
Por vezes nem reconheço o sabor deste sal
Será que é terra ou mar?
Ando em busca destes sentidos…
Ando pelo céu e pelo mundo
Tentando encontrar o sonho perdido
Sou demente nesta terra de gente
E enquanto a multidão ri
Eu estou distante deste tempo que foge

terça-feira, janeiro 03, 2006

Sei que sinto
Aquilo que me esqueci
De recordar
Não passamos de sombras
Neste caminho nocturno
As vozes que se ouvem na escuridão
São o som da incerteza
Fazem-me suspirar nestes tempos
E estes sons envolvem-se
Em mim
E choro na escuridão da noite
As minhas lágrimas tocam as flores murchas
Desta terra onde o rio parou de correr
E procuro ávidamente as paredes
Que o mar não derrubou
Para me guiar por este caminho incerto
Em pequenos passos
Avanço sem tocar no oculto
A brisa toca-me no rosto
Até que a morte dá conta do meu desejo
Proíbo-me de te esquecer
Nestas longas madrugadas
Ora conscientes
Ora doces
Mas sempre despertas
Despertas como a luz
Longas como a esperança de te ver
Proíbo-me de te esquecer
Porque só assim
Estás comigo
Na minha lembrança
Ora doce
Ora cruel
Mas sempre bonita
Cruel como a minha estrada
Proíbo-me de te esquecer
E ainda assim me recordo
Que não estás aqui
Nesta madrugada longa
Neste final de noite
Mais uma
Que me leva ao dia
Neste dia infeliz