terça-feira, março 28, 2006

Amante da madrugada
Triste e envolta em sorriso
Desce á selva rústica de pensamentos
Já incolores...
Amante da noite de prazer
Intensa boémia
Orgia no meu andar
Paredes nuas
Com portas cruas
Sorrisos caros e lágrimas pesadas
È aqui na terra
Onde as voltas se dão ás caladas
E os monstros esses
Batalham sem cansaço
Então juntam-se no átrio
O pensamento corrupto e intenso
Com a nobreza inunda
Esquece o amargo cheiro
E volta para o buraco
Onde por dentro a alma cresce
E se inunda de solidão abrupta
E se desfaz num prazer inato
Num orgasmo de abundância divina

quarta-feira, março 22, 2006

A minha mão está tão cansada de te descrever
O meu corpo teima em ceder a este intervalo
Solene...
Encontrei aqui na linguagem algo sublime
Deixei então um rosto nas palavras
Por entre as linhas deixei o meu prazer
Pintado em tela de carvão
Tinta de aparo ou sangue de guerreiro
Alcanço então os meus idolos
Para que com eles consiga disfrutar de alguma paz
Estou inerte neste momento
E estagnado neste sentimento
Procuro então a minha caverna
Para repousar este corpo cansado
Espero um sinal
Para volver esta lágrima
Majestosa mas triste

quinta-feira, março 16, 2006

Quero a vós então agradecer
A todos que vêm aqui ler
As memórias, caprichos e coisas mil
Desta alma ainda juvenil

Atingi por vós a conta mil
E grato estou pelo vosso tempo
Não sou então mais do que um amante senil
Deste eterno mundo por um momento

Então convosco fico na esperança
De um dia vos encontrar
Com grande amizade e confiança
Deixo-vos um carinho para vos melar

Queiram então levar este poema
De agradecimento pelo vosso interesse
Levem-no numa folha ou num esquema
Mas espero que no sentimento ele se expresse

terça-feira, março 14, 2006

Cansei-me de te encontrar nas avenidas
De te procurar nas ruelas
Cansei-me de te beijar o rosto
Procurei ainda na sombra
Um lugar para me esconder
Tanta ilusão e tanta doçura
Num só beijo…
Não derramei lágrimas
Mas sangue…
Estou fatigado de tanta doença mental
Paragem cerebral…
Molesta-me este rosto oculto
Dissimulado…
Sedento de paixão e amor
Mas que doença?
Os sintomas latentes…
Ah… Cansei-me e estou morto!
Duro e limpo
Sujo de lama
Desta guerra infecta e corrupta
Anormal e dissimulada…
Despojei-me de todas estas armas camufladas
E procuro lentamente um sorriso
Nesta asfixia de inúteis pensamentos
Neste mundo humilhado
Exterminei-me até ao tutano
E procuro ainda um espectro
Para o retirar deste mundo obtuso
Onde nada mais é expressivo
Apenas confuso…
E demasiado estúpido

sexta-feira, março 10, 2006

Amo-te nesta linguagem divina
E venero-te para além da virtude da humanidade
Consequentemente gosto de ti
Em pleno sentido da liberdade
Que ainda consigo sentir...
Alcanço também o teu olhar em plena vida
E não morro para te deixar
Não te amo somente em meu lugar
E satisfaz-me o encanto que tenho em te amar
Aborrece-me pensar que não te tenho
E mata-me não te ver todo o dia
Amo-te ainda sem deixar rasto
Nos papéis e nas paredes
Nas praias e no oceano
Amo-te sem contar as palavras
Que daria para te descrever
Emoções...
Parece-me dificil esquecer momentos
Alguns detalhes inatingiveis por bens materiais
Repetem-se estes sentimentos intensos
Por toda a minha alma de existência eterna
Não me importo com o tempo que corre
Não têm hora estas narrativas
E por vezes até quero esquecê-las
Nem sequer descrevê-las
Projecto-me assim em alvoroço
Como que num motim
Conservando assim o meu interior
Esta estranha vida completa-se
Como a história mais estranha
Que ninguém ousou escrever...
Descrever ou sequer imaginar...

terça-feira, março 07, 2006

Esta pobre solidão precária
Mata-me lentamente
Consumindo este ar rebelde
Asfixia a minha alma
E destrói o meu sentimento
Divago então por entre o mundo
Embriagado por entre a multidão
Tocando o infinito da desilusão
Mergulho ainda na sombra
Para tocar os meus desejos
E abrandá-los...

quinta-feira, março 02, 2006

São as palavras... Essas deusas imunes
São elas que eu amo
As palavras
Simples e delicadas
Queria ser Indio para as descrever na areia
Andar nu pela rua
Comendo-as e gritando-as
São elas a minha tribo
E a minha religião
Bebo-as e beijo-as
Desculpem-me as palavras
São elas a minha tela
Primeiro dão-me um gosto amargo
Depois vêm pedir-me para lhes dar sentido
Rasgo-as e seco-as
Contorno-as...
E acabo culpado
Mas elas entendem o meu grito carente

quarta-feira, março 01, 2006

Sou a luz que não tive
Um farol na madrugada
Um barco sem rumo
Sou o Norte ofuscado
Sou o desembarque para além da areia
Perfeito não sou
Sou amargo e doce
Sou sangue meigo
Intensamente louco
Amado e amante
Vê tu... Estou perdido
Inundado...
Afoguei-me neste oceano de vida
Jamais sei se respiro
Contudo amo