terça-feira, abril 18, 2006

Jamais sei se respiro,
Nem sequer sei se escrevo
Abate-se em mim algo que não compreendo
Tornei-me neste homem que dialogou com as palavras
Li inúmeras vezes a minha alma
Espelhada nestes papéis
Nesta tinta
Neste caderno de poemas ou prosas
Reli toda a minha existência
Contudo não lhe consigo dar o devido apreço
Nem sequer a compreendo
Não faço ideia do que ela é
Nem do que sinto por ela
Ando á deriva
Desculpem-me meus amigos
Mas este é o derradeiro texto, poema ou prosa
Estou cansado de viver este jogo
Deito-me com as palavras e acordo sem elas
Vivo então dentro delas...
Amargas e frias
Tristes...
Não sei se continuarei a escrever aqui
Nestes sentidos...
Sou louco demais para não descrever esta vida
Também sei que procuro aqui
As palavras da minha alma
Nunca encontrei em outro recanto senão nestas folhas
Manchadas de suor, lágrimas e tinta
Nada então é mais poderoso
Do que o doce sentido de estar vivo
E acreditem falo de puro sentido
Sento-me então uma vez mais nesta mesa
Sozinho...
No meu mundo
Como que num retiro espiritual intenso
E deixo a minha mão mover-se por entre o papel seco
Áspero e frio
E dou comigo a escrever este relato nocturno