terça-feira, maio 30, 2006

Navego então para esta terra mágica
Uma vez mais…
Sustendo este incrível pensamento
Acordo distante deste mundo irreal
E mantenho contacto com a minha origem
Chamam-lhe essência…
Quero adormecer num momento aqui
Perto do mar e do som das estrelas
Brinco então com o tempo
Perco-me na alvorada
E faço amor com a noite…
Ah… madrugada desesperada
Gritante
A lua está mais perto deste lugar
Ali vai ela…

sexta-feira, maio 26, 2006

Já lá estive…
No limite da tristeza
È lá que me queres?
Queres saber mais…
Permaneci lá tanto tempo
Que por algumas vezes
Confundi o sabor amargo
Com a suavidade da doçura
Andei perto da luz também
Amei uma ou duas divindades femininas
E provei aquele âmbar das sereias
Ah… Mel doce mel…
Como que enfeitiçado…
Seduzido…
Deveras fascinado…
Já lá estive…
Já lá estive…
Naquele mar azul e negro
Frio e quente
Mas não é lá que me queres…
Importas-te que pense em ti?
Nariz bonito e olhos de sereia
E não me interessa o que tens…
Também não gosto da forma como me manténs preso
Então persegue-me
Vem ter comigo ou afoga-te em mim
Deixa-me ou arrasa-me
Porque nada parece matar-me
Nem mesmo que eu me esforce…
Então anda e apaga-me
Obriga-me a ter-te ao meu lado
Rebenta com este mundo obtuso
E partilha comigo esse prazer divino

quinta-feira, maio 25, 2006

Então atrás de nós…
Ficaram as conversas que pouco partilhámos
E alguma coisa que não restou
Ficou um sorriso
E um toque de cristal
Baton de mulher
Olhos doces de mel
Ficaram as palavras por dizer
E um beijo por dar
Um abraço por sentir
E uma vida para conhecer
Ficou o silêncio de uma noite perdida
E o gosto amargo de uma lágrima no chão
Posso dizer "foda-se"?
Quer dizer... Afinal é só uma palavra
A não ser que indique um estado de espirito elevado ao rubro
Bom se puder entretanto dizer eu digo
Mais que não seja para libertar um grito
Um gemido...
Para meter medo á morte...
Se é que é humanamente possivel fazer-lhe frente...
Poderei então dizer que se "foda" a morte
E tudo o que dela faz parte...
Seria a utilização da linguagem para manifesto
De um ritual que não se compreende
E no ponto de vista da sociedade até seria aceitável
Então posso dizer como diria Bocage "fode-me"
Provavelmente seria entendido como luxúria
Ou parte de um acto sexual quase consumado
Bom então não é expressamente proibido usar a palavra "foda-se"
Então foda-se!

quarta-feira, maio 24, 2006

Hoje não...
Hoje sinto-me como que eterno
Hoje quero gozar este momento
Quero que todos os meus pilares fraquejem
Neste mundo invisível
Deixa-me sonhar hoje
Porque hoje é um bom dia para morrer feliz
Bato as asas ao vento num voo frenético
Como quem se ri na multidão
Não... hoje não...
Hoje sou livre e eternamente jovem
Sou discreto
E avassalador
Poeta e escritor num só momento
Amante e amado
Hoje sou eu e mais eu
Hoje sou feliz
Hoje sou mel…
Mais doce que os anjos
Mais invulgar que as estrelas
Mais subtil e louco que Galileu
Mais verdadeiro que Deus
Porque dias assim são poucos na minha vida
Hoje estou no auge deste orgasmo
Hoje estou brutal!
Estou demais!
E estou aqui!
Presente no mais presente do futuro
È bom estar assim
Neste estado de êxtase perpétuo
Hoje vou escrever cem páginas
Mil páginas
Vou abanar o altar da madrugada
E a noite vai contornar-me em cada momento
Com medo deste homem menino
Olha para mim e sente o que digo
Eu hoje estou no auge de todos os tempos
Sou todos os homens
Sou Portugal
Sou o mundo e o Universo num só local
Olha as minhas mãos
Manchadas de tinta
Sangue do mortal dos imortais
Sou eu assim hoje
Vou desmascarar cada falso poeta
E readmiti-lo nos portões da eternidade
Hoje estou feliz
Implacável!
E sem medo…
Estou no extremo da mais excitada expressão da paixão
Estou tão triste como estou feliz e alegre
Estou amado
Estou eu…
È como se tivesse tocado em Deus
Sentido a sua forma
E ficasse contagiado pela monstruosidade do seu poder
È como se todo eu fosse um raio de luz
E conseguisse abrir toda a minha alma
È como se tivesse criado os alicerces de uma nova religião
Como que se tudo fosse um e eu um fosse
Milhões de palavras escreverei hoje
Até que toda esta exaltação morra
Derrotarei qualquer mago da humanidade
Hoje estou aqui…
Para me relembrar que há dias assim na vida de um ser humano
Há dias assim...
Em que o sol queima de uma forma tão quente as asas da Lua
Somos poetas hoje…
Somos poetas…
Sou pintor…
Desta tela que é a minha vida
Nada me pára…
Não hoje…
Se fosse anjo seria de algodão doce
Simples e discreto como todos os anjos
Sinto-me hoje assim
Como se a minha alma tivesse sido tocada por um anjo
Como se a minha mão desejasse descrever-te
A todo segundo…
E os meus olhos quisessem ver-te a todo o instante
Como se a minha tristeza desaparecesse desta existência
E abanasse os pilares da minha oculta paixão
Sinto-me hoje assim…
Mais forte que a eternidade
Se a felicidade pudesse ter um rosto
Eu seria essa face…
Tão delineada…
Mas sinto-me hoje assim
Tão miúdo e apaixonado
Tão adolescente de novo
Assim tão feliz
Tão real…
Como se a madrugada
Tivesse sido um minuto
E na madrugada encontro a fórmula de todo o meu ser
Sinto-me hoje assim despojado
De todas as armas que deixei contigo de noite
Como se fosses tu a minha essência
Desarmado alcanço este novo dia
Com um sorriso nestes lábios
Que querem ser teus a todo o instante
Para te amar até ao final dos tempos
Stick de baton numa mão…
Caneta na outra,
Madrugada transparente distante da tristeza
Descrevo o teu sorriso como um miúdo
Meu Deus tenho medo…
Mas é tão real ter-te no meu pensamento
Quero escrever-te e descrever-te
Neste meu papel seco
Palco tão teu…
Momento tão nosso…
Deixa-me carregar-te pela madrugada
E secar as tuas asas de anjo
Silenciar a noite com o teu olhar
E navegar contigo pela eternidade
Deixa-me ser quem sou e conduz-me
Guia-me a este estado de paixão constante
Que se mantém pelo mais longo dia
E se prolonga pela noite eterna

terça-feira, maio 23, 2006

Hoje sinto-me assim
Como que jovem…
Prostrado neste banco
As memórias são curtas
Ainda boas…
Algumas fortes demais para as relembrar
Aqui neste lugar etéreo
Vejo-me assim hoje
Não me apetece caminhar hoje
Porque hoje… Sinto-me eterno
E quero ser imprevisível
Nada mais…
Quero ser o meu ser
Envolto em loucura e desejo
Ah… Se vocês soubessem como me sinto…
Por mais que me esforce nunca iriam compreender
Nada se compara a este estado de paixão
Nada parece corromper-me
E não importa o quão longe eu vá
Ninguém me pode matar hoje
Não hoje que me sinto assim…

sexta-feira, maio 19, 2006

Passou tanto tempo que perdi o gosto
Champagne de Paris
E ruelas de Sintra
Ah…
Sinto-lhe o cheiro apenas
Caí na luz e violei aquele silêncio
Aquela inocente voz madura
Não consigo já chegar ao centro
Amargo sorriso…
Permito-me crescer de novo
Para me perder na luz como antigamente
Eternas madrugadas de cristal
Noite fria e cruel
Passou tanto tempo que finjo então um sorriso
Para me afastar calmamente do passado
Anjo doce ou eterna paixão
Sorriso frágil e delicado
Ostento um cálice de pedra
Mais água que oceano
Paz leva-me de novo ao teu encontro
Pássaro feliz ou pincel de palha
Borra uma vez mais uma página fiel
Deixa-me um sorriso de papel
Neste palco ofuscante de sentimentos

sexta-feira, maio 12, 2006

Assim como se te contasse um segredo
Digo-te quem sou
Existe na noite uma magia
Que toca todos os sentidos
Essa arte mágica sou eu...
Durante a madrugada
Existe também aquele silêncio
Que nos obriga a sonhar
Sou eu esse ser tactiturno
Sou também aquele sorriso
Que se desfaz e se transforma
Num calmante suave
Como se te desvendasse um desejo
Deixo então estas palavras ao vento
Gostei de sorrir de novo

quarta-feira, maio 10, 2006

Sangro as palavras
Que me envolvem e me destroem
Envolvem praça e mente da minha alma
Este meu povo que morreu
Será que se lembra do vapor da liberdade?
Acorrentado a uma livre irresponsabilidade
Apaga-me então este silêncio
E transforma-me em orgasmo
Luxúria mais que masturbação
Palavra mais que palavra
Quero comê-la no meu prato
E dar-lhe o condimento da minha alma
Sou Lisboa e Portugal num momento
Sou Águia viva que voa
Sob as águas tenras deste mar
Mostremos a eles quem manda
Para que nos devolvam o etéreo cheiro
Sonhar é encanto
Poesia é paixão
O orgasmo do povo é ser poeta
Não faço greve de fome nesta parada
Palavra puxa palavra
Escrevo a prosa com o meu aparo
E engulo cada momento de prazer

quarta-feira, maio 03, 2006

Satisfaço-me com o silêncio das palavras sóbrias
Desfruto assim deste âmbar de momentos
Um dia em qualquer dia
Sou capitão deste instante
Meu instinto, eu e este sossego
Mais que um segredo
Sou eu
Alma simples
Toco também nos quartéis deste recanto
Nos conventos desta existência
E oculto-me na madrugada
Salgada…
Nesta prisão material que é o mundo
Há ainda a confidência
Lugar santo ou esconderijo
Nesta furna de prazeres
Sou infiel e amante
E bebo da mesma taça
Suco ou raça…
Talvez engula então uma lágrima
Uma gota de água lustre de diamantes
E pérolas…
E abandone este testamento
Para amar este encontro
Sigo comandando este navio
Por uma expedição de sentimentos
Um encontro de acontecimentos…