segunda-feira, agosto 28, 2006

Vozes que se falam
Que se calam
Calmamente no delírio dos olhares
Indiscretos…
Vozes que se odeiam
Que se mentem
Calmamente na passagem do tempo
Morrem as vozes que se sentem
Morrem por vezes na eternidade das palavras
As vozes que se amam
Morrem as palavras
As palavras que não dizem nada
E que vão dizendo tudo
Falam as palavras ao coração
E morrem…
Morrem por vezes as palavras que não se movem
Na ausência dos corpos
Morrem as palavras ditas
Morrem as palavras dos idosos
Na solidão agreste da idade
Morre a cultura das palavras ditas
E não ditas…
Morre a palavra culta e a palavra sensata
Morre a palavra humilde e desinteressada
Todas elas morrem por vezes
Morrem estas palavras depois…
Na imensidão do tempo
Matam-se umas às outras
Pelas bocas ou expressões
Matam-se a cada dia e também na noite
As pessoas e as palavras
Que não se sentem…
Que se odeiam…
Matam-se!
Matam-se as pessoas…
E esquecem-se as boas palavras
Que nunca morrem
Mas que vivem na ternura da eternidade

terça-feira, agosto 22, 2006

Tacitamente toco o teu rosto
Com a sombra dos meus dedos
Faço escala nos teus seios
E falo com as tuas ancas
Avidamente toco no teu silêncio
Para com ele desfrutar deste momento
Âmbar etéreo de sentidos
Fugaz como o vento…
Provo sem sentido do teu corpo
Tudo aquilo que me queres dar
Com apetite voraz…
Deleito-me com o teu cheiro
Deixando-o carimbado pelo meu corpo
Aproveito agora cada som do teu gemido
Para alcançar o auge deste prazer alienado
Que me deixa fortemente prostrado
Na sombra desta madrugada ausente

terça-feira, agosto 08, 2006

Desculpa pelos actos
Que não pratiquei
Desculpa pelas palavras
Que não disse
Desculpa este olhar que te incomoda
Desculpa o silêncio que me invade
Desculpa
Desculpa
Desculpa...

quarta-feira, agosto 02, 2006

Gosto da forma como ela se move
Por entre os meus dedos
A forma como me descreve por entre a tinta
E me despoja no papel claro
Humedece os meus dedos
Desfaz-me na eternidade das palavras
Deixa-me onde quero estar
E acredito até que posso lá ficar
Movo-me pela tranquilidade dos sentidos
Cada lágrima deixa então um olhar
E acende por vezes uma vela
Para deixar memórias em papéis
Que vivem dentro da minha pele

terça-feira, agosto 01, 2006

Quando pensares em provocar o meu olhar
Lembra-te do que sentimos e das conversas que não tivemos
Lembra-te que ainda te amo
E se estás feliz não troques essa felicidade
Pelas palavras que queres ouvir mas não queres sentir
Quando olhares nos meus olhos
Não me vejas como antigamente
Vê-me agora…
Magoado, triste e por vezes alegre
Sou eu assim…
Tenho ainda um grande pedaço de ti
Tenho ainda para dizer o que não disse
Se estás feliz então limita-te a não me olhar com olhos de desejo
Porque eu vejo nesses teus olhos
O que a tua boca me quer dizer
E isso para mim...
È uma morte lenta...