sexta-feira, maio 23, 2008

A magia de uma cidade adormecida
Traz-me de volta a nostalgia de ser criança
Terra de ninguém esta em que vivemos
Afundo-me por vezes em noites assim
Não temo mas também não caio nesta oculta magia
Deixo-me encantar pelo sorriso
E embalo-me a mim próprio
E é tão bom ser assim
Tão sagaz...
Inocentemente egoísta...
Apetecia-me ser algo nesta cidade mágica
Ser a Lua que tocasse o vidro das janelas
E acordar alguém com a minha luz
Talvez ser a guitarra que geme aqui
Aqueles acordes tremendos e alegres
Ou tristes...
Quem sabe o gato que faz a sombra na minha parede...
Quem sabe ser eu nesta cidade
E ser eu mesmo de novo neste antro imaginário
Espaço aberto à minha proposta da noite
Quem sabe não será esta a minha noite
Estas as minhas palavras
Esta a minha alma
Este o meu sentir...

quinta-feira, maio 15, 2008

Assustado com a minha sombra
Percorro a distância que não sei calcular
Por algum lado que tente ir
Não deixo que morra em mim
O segredo de ser livre
Nem que tenha de vaguear pelo mundo
O vazio retorna-me o pensamento
Do nada mancho tinta no papel
Riscos e rabiscos
Formas que me permitem expandir a minha alma
Retornar-me ao meu mundo selvagem
Instintivo e subtil
Liberto-me dos meus amigos mortais que me querem ver preso
Confronto-me assustado com a minha sombra
Deixo-me levar pelo oculto prazer
Do que as palavras significam para mim
E vivo livremente
A minha imaginação coloca-me na corda bamba
È tempo de evaporar
Não sou nada mas sou algo
E sou sempre bem vindo a este deserto
Que por vezes é a minha alma...

quarta-feira, maio 07, 2008

Devo render-me a mim mesmo
Tornou-se difícil agradar-me a mim próprio
Talvez exija de mim o que não existe
E o que posso dar não é moeda de troca
Sou quem sou
Sou escravo do que penso
Do que tento ser
Talvez seja mesmo o que sou
Rendido a mim mesmo
Talvez alcance metade do que me proponho
Tão farto deste solitário eu
Tão só que estou longe do meu lado
Não passo de um poema nocturno
Rendido ao que sou
Estou tão alto que o céu me perturba
Estou tão aqui que não quero este momento
Canso-me a desfazer este momento
Não quero o meu ar cansado
Nem um caminho traçado
Conheci um homem
Cujo rosto ocultado pela barba branca
Pele envelhecida já conta histórias
É o Cigano do Marquês
É o amigo da malta
Vendedor ambulante
Mas que será que ele pensa
Vi-o chorar como uma criança
Quando a mãe saiu deste mundo
Quando o vejo sinto amizade no olhar
Humilde nas palavras
Por vezes ninguém quer saber o que ele pensa
E por vezes ele nem se importa
Conheço-o e é como eu
Sangra e sofre como eu
Vive triste e alegre
Ali vai ele...
Quando não o vejo pouco me lembro dele
Quando o vejo quero voltar atrás e conhecer o interior
Parece que foi levado para algures
Por entre a selva urbana que não o deixou respirar
É o Sancho o cigano do Marquês
E parece que já não o vejo de novo

sexta-feira, maio 02, 2008

A partir do momento
que deixas a sociedade definir a tua liberdade
perdes toda a satisfação e prazer de a definir para ti próprio...