sexta-feira, agosto 06, 2010

A Lua que sai à noite
Deixou no céu um rasto
Uma luz tremida que se reflecte
Faz lembrar um cometa
É a noite imensa carregada de mistério
Sigo vagueando pela estrada
Já tarde, são quatro da manhã
Alcanço um lugar que é meu
E a Lua caiu eternamente no meu caminho
Um sonho que já vai doce
Depois... Pergunto a Deus quem sou
Responde-me em sinais
No céu vejo os traços
Meio desajeitados
Tão perto falam-me de mim
E dizem tudo o que sinto...

domingo, junho 13, 2010

Já é tarde...
A noite avança
Vem para aqui
Aqui...
Junto de mim
Fica aqui e não saias
É tarde...
Não é nada!
Fica aqui! Onde vais? Aqui...
Não pode passar o momento
Que passe a noite...
Que venha o dia e ele passe também
O momento fica aqui!
Não sai daqui!
Fica...
Fica comigo esta noite...

quinta-feira, maio 20, 2010

Pinto-me de negro
Para me confundir com a noite
Essa bebida nocturna que ofusca o Sol
Agarro a noite aqui
Pois ela deixa-me sair
Um mundo cruel que só em sonho abandono
Pinto-me de negro
De luto...
De preto...
Não sou a sombra
Sou a noite...
Sou o som do Oceano
As ondas...
E em breve sou azul
Sou a madrugada ausente
Sou o mundo
O Homem...
O Menino...
Sou eu renascido de mim
Que nasço com este som
Nesta noite de tão negro azul pintado
Embalo a Lua num abraço feliz...

terça-feira, abril 13, 2010

As palavras que por vezes me completam
Nascem de mim...
Numa harmonia doce quase amarga
Inovam-se a cada instante
Bebo delas o sabor de cada segundo
E faço parte delas
Da mesma forma que elas se conservam
Então... Quase que por instantes
Elas falam a minha vida
Deixam no tempo a minha respiração
O meu olhar e a minha vida
Flutuam no mundo...
Palavras...
Unidas com o eterno sabor do momento
É um conjunto de sentimentos
Tão complexos...
Tão livres...
Tão geniais no seu Universo
Que se deixam deambular pela eternidade
Por vezes as palavras são tão brutais
Que não as quero escrever…
Nem as ouso pensar…
Andam lado a lado com a solidão
Têm diálogos com o meu ser triste
Sorriem com a satisfação
Rio-me delas e com elas me vejo
E sei que essas palavras...
Essas frases...
Contêm toda a minha vida

quinta-feira, abril 08, 2010

Talvez seja proibido
Falar nos dias que amo e nunca os conto
Talvez assim seja...
Porque por um dia falhado na vida
Serão mil anos de solidão intensa
Talvez então seja proibido
Como o sinal tão encarnado
É como quando passamos e ninguém nos passa
Quando vemos e ninguém nos olha
Quando falamos e ninguém nos diz nada
Talvez assim seja...
Vivermos na sombra do que passa proibido
Como o sinal vermelho...
Então passo devagar
E olho o mundo que passa
Com estes meus olhos de ler
Para que não passe de novo por mim
O que já passou
Talvez então seja assim...
Proibido...

terça-feira, abril 06, 2010

A noite passa...
Os meus olhos repousam
Gostava que estivesses aqui
Meu amigo, gostava que me visses agora
Já não sou o menino pequenino
Ou o Filipe pequenino
Meu velho amigo...
Como eu gostava que aqui estivesses
Partiste para tão longe
Deus... Esse grande desconhecido
Abraçou-te e levou-te para essa distância bruta
Meu velho amigo...
É com alegria que relembro o teu sorriso
A noite passa calma

segunda-feira, abril 05, 2010

Uma velha certeza...
Talvez o Sol tão longe
Essa linha no horizonte
Talvez me encontre e fale comigo
Talvez de amor
Talvez do tempo
Não sei...
Talvez não
Talvez uma resposta aberta
Que faço aqui e onde estou
Procuro-me
Talvez me encontre

domingo, abril 04, 2010

A rua calma
Passo devagar
A tarde tem sabor de primavera
Voo sobre a cidade
O meu pensamento vai longe
Distante...
Cruza-se na estrada que é hoje minha

quinta-feira, abril 01, 2010

Cem páginas brancas...
Demasiada tinta num só momento
Antes distante do que tão perto
Os meus dedos perpetuam as palavras
Que de forma desmedida
Pintam o meu rosto
E os sentimentos mudam de cor
Cem páginas brancas...
Desfiguradas por alguma batalha interior
Esfaqueadas e abertas ás feridas do tempo
Rasgadas outras cem...
Cem folhas...
Esquecidas ao vento
Cem anos de solidão
Passados num só momento
Um abismo profundo
Um sonho de heróis
Um caminho distante
Um sonho Utópico...

terça-feira, março 30, 2010

Por vezes mais vale não sonhar
Para não cair em desarmonia com a vida
Porque sonhar nos dias de hoje
Parece o vazio que não leva a nada...
Um caminhante sem estrada
É pior do que um homem sem sonhos
E os sonhos esses ficam para os amantes
Para os casais e para as crianças
Não... os sonhos não são para os que procuram o amor
Sonhar não é amar...
E amar não é esperar pelos sonhos
Talvez seja viver dentro de um sonho
Talvez seja fundir-se com a pureza da própria harmonia
Não...
Não sonho mais, nem mais um segundo
Talvez tenha desistido
Já não sei amar também
Talvez então me tenha esquecido do amor em algum canto
E entristeço... entristeço quando me apetece
E que importa?
Ninguém se importa quando estamos sós
Tanto faz para os outros
A vida passa...
E os sonhos vão ficando pelo caminho
Pintados nas folhas,
Escritos nas árvores...
Nas paredes ou nos vidros embaciados dos carros
Mas neste vazio há sempre um resto de sonho
Talvez a cada momento que não amo
Lembro-me de algum sonho que sonhei
Merda!
Puta de vida que passa despercebida...
Rouba-me os sonhos em cada esquina
Merda, merda, merda...
Perco a esperança...
Enlouqueço...
Não quero o tormento do coração que não sabe amar
Não quero...

sábado, março 27, 2010

Quero ver-te
Olhar-te nos teus olhos com o meu silêncio
Quem sabe ouvir a tua voz
E dela retirar o teu sorriso intenso
Para me rir também
Queria ver-te nesta noite
Apenas para me deitar sossegado
E descansar em paz...
Ah... Sim apenas ver-te...
Talvez de longe
Bastava olhar-te...
Saber que estás bem
Sabia-me bem ver-te hoje
E ouvir-te...

terça-feira, março 23, 2010

Segredos...
Tantos e tão poucos
São meus também
Apetece-me desvenda-los...
Os segredos tão teus
Talvez na intimidade de um sorriso
No gesto do silêncio
Ou na presença de um olhar
Talvez no inicio da madrugada
Ah... Segredos...
Que seria deles sem um confidente
Que pernoita no silêncio da noite
Segredos tão secretamente guardados...

sexta-feira, março 12, 2010

Nesta meia-noite que passa
Ouço o vento frio aqui fora
Entrego-me aos desafios da minha mente
Escrevo estes rabiscos numa mesa de madeira forte
E parto para um lugar mais quente
Quem sabe a praia do Sul
Parece que sinto o cheiro a maresia
E as gaivotas que costumam pousar na areia nua
O vento imagino-o mais quente
Finjo então que me sento
Nesta escada velha junto a um farol antigo
Ouço o mar que me fala mas que se zanga comigo
É que subitamente vejo passar um tempo que não é o meu
Nem sei o que sinto
Não me cabe a mim saber
Apenas desafio a minha mão
Que descreve sem sentido a minha alma
Estas palavras que não saem...
Mas que vão aparecendo timidamente
E de tanto pensar perdem-se...
Perdem-se talvez com o frio da noite
E esta meia-noite que passa
É mais uma meia-noite que de meia não tem nada
E é tão vazia como antigamente...
Tão carregada de horas vagas que não passam
Uma fria noite de Inverno que não passa
Gela-me tanto os dedos que não os sinto
E o meu corpo está todo frio, todo gelado
Assim como eu estou por dentro
Alma congelada que divaga
É só isso e mais nada...

quarta-feira, março 10, 2010

Ah... quero o cheiro...
E o toque...
A presença e o olhar
Quero só para mim
Toda a essência a que tenho direito
Cada pedaço...
Doce ou amargo
Tanto me faz
Cada acorde em harmonia perfeita
Um tom que faz desta valsa
A minha dança
Ah quero mesmo...
Só para mim toda essa beleza

domingo, março 07, 2010

Onde está aquele miúdo...
Que brincava e sorria
Aquele rapaz de cabelo louro quase branco
Talvez se tenha escondido com o tempo
Ás vezes aparecia e ria-se tanto
E o Verão parecia tão simples e puro
Tão sem medo, tão em paz
Onde está o sonho que foi o dele
Tão longe do tempo que passou
Onde está aquele miúdo que tinha medo do escuro
Escondia-se por trás do lençol
Talvez tenha crescido e sofrido
Vivido talvez...
Estou tão aqui
Observo o tempo que passa
Perpasso e passo a passo vou andando
E o tempo que passa tão fugaz deixa marca
Estou aqui...
Sou o menino já homem que quis ser
Ás vezes tento falar com o menino cá dentro
Busco o sonho ainda... Não me canso!
Mas não me reponde...
Sonho acordado, sonho tanto...
Sonho o mundo!
E sou tão voraz quando sonho!
De tão humano... Tão frágil...
Um homem menino ainda com medo do escuro
Estou aqui talvez por pouco tempo...
E quero tanto ver o mundo!
Que não me canso de procurar
Estou tão aqui... Não me vês...?
A poeira da vida ofuscou-me tanto...

segunda-feira, março 01, 2010

A minha guitarra geme esta noite
Ao meu ouvido ouço os acordes suaves
Deleito-me com mais um tom
Um som...
Ela fala só para mim
Uma linguagem que só eu sei compreender
Toco-lhe onde ela sente mais prazer
Suspira ao meu ouvido
Um som que lhe quero dar
Deixo-a ecoar por estas paredes nuas
Frias e cruas...
Só eu sei a timidez com que ela vibra nas minhas mãos
A minha guitarra geme esta noite
E sobe um tom quando lhe toco
Grita um acorde afinado
A minha guitarra geme...
E este gemido que não cessa
Faz-me sentir acompanhado nestas noites de solidão

sábado, fevereiro 27, 2010

Saudade de ti
Porque me esqueci de quem sou
Quanto mais entendo menos te olho
A distância afasta-me o pensamento
Quando menos te tenho no pensamento
Sento-me no chão frio
Sei que respiras a dor que sabe a frio
O frio que não vejo
Saudade... será essa sim...
A saudade vestida de dor
Que me prende a ti
Sem que eu mesmo saiba quem sou
Já me esqueci de quem sou
Afasto-me lentamente
Porque não tenho forças para sonhar além
Estou demente e sem força para me levantar

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Encosto-me a uma parede fria
Deixo-me ficar por um momento
A musica ecoa pela sala fria
Não me importo de sonhar
Aliás sonhei tantas vezes
Que não me recordo de jamais sonhar
E perdi o rumo da terra dos sonhos
Dos meus sonhos...
Aqueles que tive e iniciei quando era criança
Já não sei deles
Acho que virei retrato de um espectro adormecido
Acho que abandonei alguns deles pelo caminho
Gelado caminho...
Outros vão-se ainda construindo
Fragmentos do tempo
Perdi tanto...

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Lá longe deixem-me sonhar...
E viver o que não vivi
Não sei explicar o quanto
Por vezes não cabe em mim o tanto que já tive
Não tenho um vazio para mostrar
De certeza que não tenho
Talvez uma taça vermelha
Cheia de sonhos coloridos
Uns já feitos
Outros incompletos
Alguns tão distantes da minha estrada
Outros que perdi, que me esqueci talvez
Talvez a minha vida demasiado atribulada os fez perder
Por entre ruas e becos sem destino
E tive culpa sempre...
Porque não culpar-me?
A solidão de uma noite sempre me iluminou o dia
Estou aqui agora
A tentar escrever os sonhos que perdi
Para continuar a caminhar sem medo
Uma vela que se queima
O incenso que acalma
E este molho de sonhos na minha cabeça
Parecem-me tantos que sem querer esqueço-os
O tempo dá conta deles...
E esta certeza de não os ter
É um sentimento insuportável
Que se torna tão puro
Tão menosprezado...
E lá longe o tempo passa
Mas deixa as marcas aqui perto
Tão perto de mim

domingo, fevereiro 07, 2010

Já não sei se me entendo
Esta estrada por onde ando
Levou-me onde não queria
Não consigo explicar o propósito
Fico cheio de medo só de pensar o que perdi
Já nem consigo acordar sossegado
Espero não me ter distanciado de mim mesmo
Espero não ter assassinado o meu interior
Se o fiz nada mais quero senão o meu silêncio
Esse não me larga

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Olhem lá vai ele
Tronco forte e erguido
Olhar expressivo
Rosto branco e olhos claros
Meio careca e barba feita
Não tão jovem
Olhem lá vai ele
Com pressa e vontade
Mais um que se vestiu hoje
E saiu à rua tão apressado
Carteira na mão
E lá vai ele viver o dia
Olhem aqui eu vou...
Tão sem jeito
Tão marcado pelo tempo que vivi
Pela vida que amo e pelo sorriso que busco
Aqui vou eu...
Tão sem medo dessa eficaz ausência
Tão distante desse mundo
Vou com pressa de viver
De sorrir e de sonhar
Os olhos já viram tanto e tão pouco
Que não se cansam
Aqui vou eu tão ausente do mundo
Nem parece que choro por vezes
Aqui vou eu desta vez tão encolhido
A vaguear pela solidão da vida

sábado, janeiro 30, 2010

Há um som a cada noite que me separa
Talvez uma linha entre o real e o irreal
Um som quase sem tom
Quase que um sigilo
Como que fosse o despertar
Do meu próprio silêncio
Então assim debruço-me uma vez mais sobre mim
Neste meu ser tão distante
Fico sentado sem descanso
Fico amargo sobre o sorriso meu por enquanto
Fico aqui nesta sala fria
Fico doce
Sentado no chão e fora de mim
Fico calmo, sereno
Como se fosse um acorde
De uma guitarra que não ouvi

terça-feira, janeiro 26, 2010

Procuro nas palavras antigas
Uma porta para a minha confidência
Um lugar ermo para descansar o meu corpo
Talvez seja consumido pela luz
E me transforme em puro pensamento
Talvez...
Talvez aqui fique por mais algum tempo
E me torne fiel amante da madrugada
Apetece-me ficar aqui tão sozinho
Neste canto, nesta praia
O frio toca-me o rosto como uma faca afiada
Queima-me o tempo...
Desfaço-me na tentação de estar ausente
Ausente...
Que palavra... que silêncio...
Fora de mim procuro um braço
Um abraço forte de mim mesmo
Ah... porque preciso de mim agora...
Tão longe fui que já não sei voltar atrás
Ausência tão eficaz que se torna um crepúsculo
Imponente!
Sou capitão nesta ausência
Conduzo um navio enorme
E mesmo assim dou comigo à deriva
Estranha ausência de mim
Não ofusques o meu ser...
Deixa que a minha alma me conduza para outro lugar

domingo, janeiro 17, 2010

Iniciei este blog há qualquer coisa como seis anos, lembro-me de começar a escrever aos doze, recordo-me de sentir tristeza aos seis, lembro-me dos pequenos detalhes da minha vida, durante todo este caminho que percorri nunca me esqueci de que sou um ser humano e de que o sentimento não tem um valor na sociedade, neste espaço de tempo tão curto que é a vida, vivi como tantas outras pessoas confrontos de sentimentos, pensamentos, tristezas, alegrias, hoje quando entrei no meu blog apercebi-me que tenho para cima de onze mil e quinhentos registos de visitas, foi um caminho lento até chegar aqui, por vezes um ritual triste, dou comigo a pensar que pessoas e de que lugares já leram o que senti.
Deixo aqui a minha mensagem de agradecimento a todos os que lêem o que escrevo e espero que gostem do que escrevo, que as minhas palavras ou frases sejam um transporte para um lugar bem mais perto dos vossos sentimentos, da minha parte contem com o meu sentimento puro que tento sempre descrever, não ouso pensar na forma da frase ou palavra, limito-me á libertação de um conjunto de sentimentos, assim como Neruda um dia descreveu o grito Agú, aquele que é o primeiro poema sem ser forjado pela alma consciente, o primeiro pensamento sem ser modificado.
Todos somos diferentes no entanto nas palavras encontramos por vezes algum conforto, eu encontro em todo o local onde existe sentimento puro, espero que aqui neste lugar por vezes tão frio e sombrio que é o mundo virtual, encontrem algum abraço acolhedor nas minhas simples palavras.

Paz e amor a todos
Guilherme

sábado, janeiro 16, 2010

Posso chegar tarde esta noite
Chegar aqui e ausentar-me mais esta vez
Como tantas outras noites
Esta é mais uma madrugada distante
Em que sozinho me perdi
Posso deixar a minha lágrima fria lá fora
Posso chegar tarde então nesta madrugada
Abandonar o sonho que não tenho
Trocá-lo por este momento
Permito-me a mim mesmo não mais sonhar
Hoje deixo a agonia levar-me
Só hoje...
Porque talvez até esteja triste
Porque talvez até queira viver simplesmente este momento
Deverei chegar tarde esta noite
Como se não mais voltasse
Como se me quisesse perder sem destino
Sem pensar até em me encontrar
Posso e vou chegar tarde esta noite