sexta-feira, março 12, 2010

Nesta meia-noite que passa
Ouço o vento frio aqui fora
Entrego-me aos desafios da minha mente
Escrevo estes rabiscos numa mesa de madeira forte
E parto para um lugar mais quente
Quem sabe a praia do Sul
Parece que sinto o cheiro a maresia
E as gaivotas que costumam pousar na areia nua
O vento imagino-o mais quente
Finjo então que me sento
Nesta escada velha junto a um farol antigo
Ouço o mar que me fala mas que se zanga comigo
É que subitamente vejo passar um tempo que não é o meu
Nem sei o que sinto
Não me cabe a mim saber
Apenas desafio a minha mão
Que descreve sem sentido a minha alma
Estas palavras que não saem...
Mas que vão aparecendo timidamente
E de tanto pensar perdem-se...
Perdem-se talvez com o frio da noite
E esta meia-noite que passa
É mais uma meia-noite que de meia não tem nada
E é tão vazia como antigamente...
Tão carregada de horas vagas que não passam
Uma fria noite de Inverno que não passa
Gela-me tanto os dedos que não os sinto
E o meu corpo está todo frio, todo gelado
Assim como eu estou por dentro
Alma congelada que divaga
É só isso e mais nada...