sexta-feira, abril 28, 2017

Trago comigo uma memória simples
Desta minha vida agridoce
Onde sinto ainda uma profunda saudade
Que me satisfaz recordar
A chuva que caia entre nós
Por entre o mundo
Perto daquele mar
Naquela nossa monotonia alegre
O teu cabelo molhado junto ao meu rosto
E um beijo surpreso
Que de tão simples
Tocou os pilares da minha memória para sempre
É isto o amor? Pergunto aos deuses
Se for então deixem-me recordar vivendo junto a ti
Pois agora posso sonhar novamente

quinta-feira, abril 27, 2017

Sabes, as vezes quero falar-te
Pegar no telefone e dizer-te "olá como estas?"
Ouvir o silêncio do outro lado
E depois ouvir a tua voz
O teu sorriso
Imaginar-te num lugar teu
Onde só tu podes estar
E falar-te
Simplesmente contar-te coisas banais
Do meu dia
Ouvir dos teus lábios uma acolhedora cumplicidade
Ouvir o teu dia e dizer-te que gosto de ti
Que sinto isto por ti
Como que cá dentro não existisse mais espaço
E me perdesse nas palavras tentando explicar-te
Que não me apetece desligar o telefone

A noite já vai longa
Não deixo de pensar em ti
Não tenho para onde ir
Nem tampouco mão em mim...
Assumo ao mundo
Que sou louco por ti
Grito em voz alta
Sou completamente louco
Doido varrido...
Quero só para mim o teu sorriso
Aquele teu olhar apaixonado
Como quem esconde um beijo
E pede outro
E mais outro...
Quero aquele abraço apertado
Que me embala seguro
E não me deixa cair

quarta-feira, abril 26, 2017

Sou quase o vento
Em ti penso...
E é quase verão nesta noite cadente
Os anjos dizem-me para te procurar a cada instante
Mas eu encontro-te todos os dias...
Pois eles não sabem que no meu pensamento
Te olho e te falo a todo o momento
Encontro-te em todas as portas
Nos carros
Nas ruas
Nas paredes nuas
Este encontro e desencontro
Que arde por mim dentro
E me queima de saudade
Inunda-me de uma triste e estranha felicidade
É então que o amor acontece
Em todos os minutos que penso em ti
Não o amor luxuriante, lascivo, esse não...
Mas sim o amor que se destina a ser vivido
Não o vais ler em nenhuma folha
Não vem nos livros
Nem em página alguma de poesia
Nem eu mesmo sei descrever
Rio-me sozinho
Pois não sei chorar quando penso em ti

domingo, abril 16, 2017

Ontem,
Quando te vi...
Estava tão irreconhecível para mim mesmo
Que não sabia o que pensar
Precisava ver-te
Olhar-te...
Embalar-me num qualquer convite do teu olhar
Que pudesse em mim deixar um toque de desespero
Compreender porque tenho este estranho sentimento
De gostar de ti...
Pois quando ouço a tua voz ao telefone
Sinto-te tão perto...
Mas ontem...Quando te vi...
Quis falar-te do que sinto
Dizer-te o quanto odeio o estranho sabor das palavras que não saem
Palavras que nem eu sei pensar
Palavras quase gritadas
Quis perguntar-te onde tenho de ir para te ver a todo o instante










Um falso silencio instala-se...
É assim quando te vejo
Pois os meus olhos procuram-te incessantemente...
É então que caminho para além de mim
E te procuro nesta viagem
Não sei a que portas bater
Nem tão pouco tenho músculos de aço para me proteger
Nem uma espada tenho para me defender
Mas procuro-te
Procuro-te nesta angustia demorada
Neste dia-a-dia inocente
Imagino-te nestas noites em que penso em ti
E quero falar-te
Para te dizer que flutuo como uma pena
Neste silêncio esculpido
Em que pareço um quase nada
Levanto-me para cair numa madrugada distante
Que me eleva a tristeza de não te ter



sexta-feira, abril 14, 2017

Sabes...
Por vezes embarco em conversas comigo
E estava a dizer-me que tenho saudades tuas
Saudades de te pedir um beijo
Mas mais do que esse beijo
Tenho saudades de ti...
Dizia-me a mim próprio que de alguma forma necessito estar ao teu lado
Se me permites a pergunta
Queres estar comigo?
Sei que não ouviste bem
Baixa te um pouco e digo te ao ouvido
Sim curva-te um pouco
Vem aqui junto a mim
Vem comigo fazer parte da minha idade
Da minha infância até a minha velhice
Serenos e tranquilos
Cúmplices
Vens?
Desculpa o modo sincero caricato e infeliz
É que neste momento sou eu próprio sem o habitual filtro da vida
Durante tantos anos parece que me ausentei
E agora apareces de novo aqui
E eu tenho sede de ti
Anda vem comigo
O tempo agora é outro
Também tenho medo
Mas quanto mais medo tenho
Mais brilham os meus olhos
Quando penso em ti

terça-feira, abril 11, 2017

Quando cai a noite...
O barulho da solidão desliza sobre mim
Penso nela...
Como nunca pensei...
Como se a tivesse beijado hoje pela ultima vez na boca
Como se tivesse feito amor com ela na cama
E ainda sentisse o meu corpo vibrar
Como se a tivesse abraçado hoje
E esse abraço durasse a eternidade
Sinto-a como a deixei há dez anos
Sinto-lhe o sabor da pele salgada
Percorro todas as noites que passaram por nós num só momento
Todos os abraços apertados
E penso-a...
Fecho os olhos e penso nela
Sinto-a...
Tenho-a aqui tão perto
Aqui comigo...
Tão junto a mim que me arrepio
Tão perto que me esqueço que estou sem ela
Tão linda
Intacta no meu pensamento...
Porquê agora?
Que fiz eu?
Porque não agora?
Apetece-me gritar o nome
Soletrá-lo devagar...
Pintá-lo nas paredes das casas
Falar dela a toda a gente...
Ser feliz...
Mas num murmurio quase aflito
Compreendo só para mim que não está aqui
Dez anos de solidão e alguns dias que não tive junto dela
E agora sozinho adormeço
Como se tivesse o coração vazio
Deixo-me ficar
Assim deitado
A pensar nela...