sexta-feira, dezembro 28, 2018

Nos meandros da vida
Entre canetas e papeis
Computadores estúpidos
Numa estranha mania inteligentes
Inanimados e obscuros
Entre empresas multinacionais
A vida avança e não pára
Relaciono-me com as palavras
Bato-as na máquina de escrever
Nas teclas fulminantes, canetas ou lápis HB
Atravesso palavras
E sinto-as crescer
Renascem no meu ego
Deixo-as expostas para as deixar ir
Sou apenas e unicamente um poeta
Que colecciona sentimentos que sente
Numa linguagem nua em que se vê crescer
E na palpitação da vida
Não sou nada
Sou só um transitório corpo que avança
E envelhece
E ama


quarta-feira, novembro 21, 2018

Sabes que me encontro longe?
À distância de uma madrugada exausta
Consumida pelo fogo da noite
Nos meus ombros, um casaco envelhecido
Observo o tempo que passa devagar
Está frio e escondo a cara
Procuro a liberdade neste papel branco
Se a encontrar mantenho-a em cativeiro
Sob as correntes apertadas do mundo
Os olhos fechados, discutem com a escuridão
Rasgam a noite que há em mim em mil pedaços
Confundem-se ou fundem-se
Com o apagão nocturno
Não, não é Setembro
É apenas uma noite familiar
Onde caio e me levanto
Como uma maldição
Não preciso de ir buscar inspiração a lado algum
As palavras vêm ter comigo
Crescem aqui dentro
Um fardo pesado que cicatriza lentamente
Por vezes finjo que passa
Outras descaio-me nas palavras
Como se escorregasse na chuva
Ou se caísse no chão coberto de destroços de guerra
Sabes, longe não é assim tão longe
Volto para trás e avanço
Hipnotizo o tempo
E faço dele o meu aliado
Não quebro a espada
Não desfaço a alma
Não parto nada que não esteja partido
Olho a noite a passar
Vejo-a escrita
As minhas palavras movem-se silenciosas
Como um navio que tenta alcançar uma terra distante
Uma paz utópica
Uma feitiçaria
Um qualquer poder nocturno

quinta-feira, novembro 15, 2018

Se o som das palavras que me amarram
Pudesse alguma vez soltar-se
Eu descreveria com a minha voz
Uma dor que já não dói
Falava em voz alta e de cabeça erguida
E então ouviam-se as palavras
Ouviam-se histórias contadas aos cantos
De quem ama como ama o amor
De quem sofre lentamente
Mesmo que me fizesse chorar
Pois um homem também chora
Também se entristece
Também sente quando alguém não está presente
Se as palavras se soltassem
Eu voava sem ter medo da altura

quarta-feira, outubro 24, 2018

No meio da noite
Sem qualquer violência
O silencio da presença que me envolve
Tudo o que existe e nada mais
Meditar o verdadeiro caminho
Nada mais existe senão a pureza
Senão a confluência da existência
Num único estado puro de liberdade

segunda-feira, outubro 22, 2018

Quando estou em silêncio
Consigo sentir as sementes
O jardim torna-se na floresta verdejante
E os animais batizam o silêncio com as suas vozes
Então eu na minha humilde mente
Sou também a semente
E sou um membro da floresta

terça-feira, outubro 02, 2018

Quanto mais eu sei do mundo, mais eu fico distante de mim, de quem eu sou.

sexta-feira, agosto 31, 2018

Se eu não fosse
Seria um sinónimo de coisa nenhuma
Então, também eu não teria acontecido
Não seria
Seria puramente nada
Mas seria um vazio implorante de tudo
Eu seria um vazio chato e reclamante
Mas nunca me perderia
Eu seria o silêncio
Seria a semente do acordar
Que não adormecia
Mas que queria florescer
Ah... Se eu não fosse nada
E o mundo fosse tudo?
Será que eu queria ser?
Não...
Não queria todos os dias o ritual do mundo
E aquela saudade do vazio, do nada
Iria  certamente aborrecer-me
E transformar-me no tudo que sou

quarta-feira, agosto 22, 2018

Dias de mar
Dias de terra
Nós de cabeça baixa
A olhar para o nada
Sozinhos com pouco no bolso
Uma casa desarrumada
Os amigos na vida
E o que dela resta
Consome-se o tempo e o mundo
Espalha-se lentamente a eutanásia pelas ruas da cidade
Onde ninguém já brinca
Onde não se vêem as crianças jogar
Só os ateus cabisbaixos nos seus telemoveis
Desfeitos de vaidade e parvoíce
Jazem velhos e apodrecidos
Numa rua de merda
Onde ninguém se fala
Onde ninguém se conhece
E todos se desfazem lentamente

quinta-feira, agosto 16, 2018

Sem origem o desassossego
Vai e volta como as ondas do mar
Um vai e vem de intrusão
E como se não bastasse não estás aqui
Nem vais estar
Como se não bastasse
Não há sossego
Mas vive-se
Respira-se o mar que continua de azul turquesa
Vive-se a cidade de várias cores
E o desafio está nas palavras
Que por existirem não sossegam
Não morrem...
Deslumbram-me...
E o relógio não pára
Não morre
Passa o ponteiro e não se vê o tempo
Não volta
Mais um poeta que morre 
Mais outro que nasce
Mais palavras
Mais e mais sentidos
E o sangue que escorre
Que coagula
Que vive
E o desassossego que abafa o mundo
Perde a fome de vez em quando
No seu próprio lamento

segunda-feira, agosto 06, 2018

Lamento para mim ter perdido aquele sabor
O sabor de saber amar
Talvez não consiga amar já
É a definição de tristeza pura
Leva-me aonde não fui
Leva-me à ternura desse saber
Dessa moda intemporal
Não quero o espaço do vazio
Não quero as palavras não escritas
Não ditas
Talvez o sabor tenha ficado preso no tempo
Congelado num continente distante
A minha cara parece não mostrar o que sinto
Mas não...
Os meus olhos não me mentem
Apenas me assustam
E desesperam
Caem no infinito
Desmontam-se em peças
Abrigam-se ocultos

Vive!
Vive mais do que ontem!
Mas vive
Sem amanhã
Não deixes que ninguém te veja longe de ti
Das tuas palavras
Das tuas aspirações
Dos teus desejos
Dos teus sonhos
E sonha, sonha acordado e a dormir
Sonha o teu sonho
Mostra-te ao futuro que é agora
E sê tu próprio a poesia que pensas sonhar
Aquela que preenche o vazio com a emoção
Aquela poesia que constrói e destrói mundos
Que te faz a ser tu próprio
Entra em ti como gostarias de ser recebido
Dá ao teu dia uma hipótese única de ser um bom dia
Não duvides de ti nem um dia
Um dia preenchido pela dúvida será um dia a menos na tua vida
Abraça o mar todos os dias
Abraça-o, nem que seja usando a tua imaginação
Que importa ter se não ser?
Que importa pensar senão sentir
Sente!
Acima de tudo sente...

sexta-feira, agosto 03, 2018

Já não é a poesia
Nem as palavras que se se apresentam aqui
Nem a tinta da máquina de escrever
Nem o papel branco
Nem sequer o fugaz computador anarquista
Talvez seja a experiência da vida
A barba branca
E as rugas nos olhos
Sim talvez seja a vida
É o tempo
E a aborrecida tarde de verão
Em que cai a saudade
E onde as palavras não caem
Não cabem
Nem sequer chegam a tocar a solidão
Sobrevive-se com força
Como se recomeçasse do infinito
E ainda assim foram criadas por mim estas palavras
Não sei como mas sei porquê
Se for poesia então não morre
Não morro

sexta-feira, junho 29, 2018

Escrevo isto a que chamam poesia
Não porque queira ou porque me digam para escrever
Mas simplesmente quando vivo um momento
Preciso de o registar de alguma forma
As palavras querem sair
Dos meus poros
Dos meus olhos
Da minha boca
E descem sobre mim sob forma de rabiscos
Eu preciso de uma forma de recordar
Então eu escrevo com as palavras que conheço
Para recordar, para viver
Chamem-lhe o que quiserem, poesia, prosa, texto, rabiscos
Eu preferia não lhe dar um nome
O que for é
Só quero descrever aqueles momentos
Aquela fase da vida que nunca mais se vai repetir
Para a recordar
Pode ser dentro de um dia, um mês, dez anos, não sei
Recordar aquele momento, aquela história que eu vivi
Aquele sentimento fica ali descrito no tempo
Durante anos
Como se ficasse congelado no espaço e no tempo
Como se fosse uma memória que eu pudesse aceder
Não mudo uma palavra no que escrevo
Sempre foi a minha regra
Não mudo uma única palavra
O que sinto sai escrito assim
Quando eu leio o que escrevo
Eu descongelo aquele momento só para mim no silêncio do meu ser
E vivo tudo outra vez com a mesma intensidade
Recordando só para mim aquele tempo
Porque é só meu
As palavras são só minhas
Muito minhas

quinta-feira, abril 05, 2018

A saudade de ti é uma doida que se amarra a mim sem explicação

quarta-feira, março 28, 2018

Se te amar
Com certeza será verdade
Pois não saberei olhar-te de outra forma
E se te amar
Serei teu
Assim como a água é da terra
E na minha vida vou querer-te
Todos os dias
Porque se te amar
Serei completo
E os dias contigo serão eternos
Com todas as horas e minutos
Se te amar
Vou dizer-te baixinho
Para que entendas todo o meu ser
E me escutes no teu interior

sexta-feira, março 23, 2018

Sem pressa desenho-te
Percorro com os meus dedos o teu corpo
Enquanto os teus olhos se debruçam nos meus
Um sonho utópico...
Foi nesta idade que o amor me foi buscar
Como um ato de coragem
Que alguém precisa de ter
E eu preciso de te ter
Sei porque te quero
Porque me fazes bem...
Quero-te por te querer também
E não te quero longe de mim um dia que seja
Pois não sei viver da saudade
Mas quando não estas aqui
Eu desenho-te neste papel branco
Para que possa tocar-te o rosto
E ver os teus olhos brilhar
Sentir-te perto de mim

terça-feira, março 13, 2018

Hoje é um dia
Em que te queria só para mim
Tocar-te no rosto e sentir-te
Fazer-te uma ternura ou um carinho
Sentir os teus braços no meu pescoço
Nascia em mim uma profunda primavera
Numa alquimia perfeita
Hoje não quero sair para a rua
Quero ficar aqui
Á espera que venhas
Que me despertes e me beijes
Me faças sonhar e divagar
Um fazer de não fazer nada
Um conto de não contar nada
Um ver-te mais que te ter
Mas só me resta pintar com palavras
O teu nome para que te sinta perto de mim
Pois entro num vazio que é só meu
Um vazio cheio de saudade
Cheio de nada

É assim a noite...
Tão densa
E misteriosamente minha
E eu passo por ela
Embriagado
Numa valsa de cristal
Onde as sombras se cruzam
Num ato quase angélico
Como se fosse um primeiro poema
Onde as palavras cantam
E as bocas se tocam
Num mistério nocturno
Onde o silêncio...
Esse se transforma num grito colectivo
E acaba numa combustão sagrada


segunda-feira, março 12, 2018

Tremo de medo
Desta solidão fria e amarga
Onde não te tenho
Entristece-me...
E por vezes prefiro não te ter
Este sonho que nos separa
Deixa-me louco
Pois penso em ti e não te tenho
E parece que tudo morre á minha volta
Talvez eu já não saiba amar como um homem forte
As palavras de amor já não me saem da boca
Que agonia
Apetece-me nascer como uma palavra escolhida
Para não estar só
Irremediavelmente só

sábado, março 10, 2018

Tenho saudades
Do leve e suave toque do teu beijo
Aquela doce sensação de te ter
É que renasceu-me a exaltação
E nesta noite de sonhos
O tentador toque dos teus olhos
Não me larga
Não me deixa
Só me consome
E nesta profunda distância
Onde a luz desmaia
Recordo-me de ti
Essa imagem fugida que quero alcançar
Não me satisfaz a fome de te ter
Quero-te

sexta-feira, março 09, 2018

De súbito os meus pensamentos foram-se
Numa clara noite fria e molhada
Mais uma que não te vejo
Nem o rosto me sai da mente
E as vozes interiores que falam
Para não se calarem com o tempo
Dizem-me que eu sou do mundo
Mas eu sou teu
Fico num canto relembrando os dias
Aqueles que nos vimos
Fugazes mas doces
Talvez os meus olhos estejam adormecidos
Na recordação do teu olhar
A verdade é que te quero
Muito mais do que um simples momento
E a utopia no meu pensamento
Deixa-me sonhar mais alto
E não me deixa sossegado
Pois tenho sido um homem simples
Errante no amor mas com paz interior
Repouso assim o meu olhar no vazio
Que me leva a ti
Aos teus olhos
Tua boca
Teu corpo
E mordo as palavras que te quero dar

domingo, março 04, 2018

Escrevo para mim...
Mesmo que eu não possa ver a minha poesia
Com os meus olhos de olhar interrompido
E mesmo sabendo que no oceano da vida
A própria vida se perde
E se afasta de um tanto que é nada
De uma solidão quase salpicada de sal
Pois quem sou eu que não sei
Senão um fruto de uma adolescência perdida
Mas não são as lembranças que se arrastam
Entre magnólias e noites mal dormidas
Pois há cemitérios cheios de traças e carcaças
Cheios da vida que se foi
Cheios de nada
Cheios de ossos e granitos
E então porquê os mortos?
O que subsiste para além do nada que é tudo?
Mesmo que eu não possa ver a minha poesia
Com os meus olhos de olhar incessante
Escrevo ao miudo dentro de mim
E pergunto-lhe - "Que fazes aqui neste lugar?"
De paredes débeis e tristes que não te deixam sonhar
E vejo-me detido na humildade
Um coração envelhecido e afogado
Triste
Ressoa como um relógio de parede afinado
E o sangue corre e não pára
Nada pára
Nem o amor pela noite súbita
Mas diz-me porquê os poemas?!
Se não se comem as palavras
Se não se come o poeta
Se não se ama a vida
Os poemas ficam talvez para uma eternidade estupida
E as criticas mudas e idiotas dos homens simples
Nada me dizem
Senão anunciar-lhes que não viverão para além do tempo
As pessoas morrem os poemas não
E o estranho é pensar que com um unica vida
Não se aprende o suficiente
Mas escrevo para mim

quinta-feira, fevereiro 22, 2018

Então eu voo e caio
E desço assim pra baixo
Desorientado em direcção a nada
Debruço-me nos altares do mundo
E deixo-me cair
Na terra
No mar
Ninguém sabe quem era eu
E àquela altitude ninguém jamais ousou conhecer-me
Nem eu tampouco me mostrava
Mas em camara lenta
O sonho desmontava-se
E a tela escurecia
E eu sem ninguém saber
Caia desamparado pelo ar
Como que se voasse num caminho frenético
E as nuvens passavam por mim
E eu tornava-me uno com elas

sábado, fevereiro 17, 2018

Gosto quando vens
E estas aqui
Quando me amas de noite
Quando te amo
Gosto de ser teu
E gosto quando és minha
Ate quando o sono cai em mim
Eu queria que ficasse a noite contigo
Seja como for eu quero-te
Gosto de ti

Ah... quem sabe se não morri
E não estou ali mais
Não ouço ninguém
Nem vejo quem me queira ver
Porque o que é a presença do mundo
Senão sou eu neste momento
A minha palavra não passa de uma linha mal feita
Um "gatafunho" da minha alma
Que se expressa neste papel vazio
Pois não durmo nem quero dormir
Preto no branco
Onde o melhor improviso é espontâneo
Preciso disto para me identificar
Com o mundo
Caso contrário nem na morte adormeço

sexta-feira, fevereiro 16, 2018

Se um dia destes eu andar por ai
Sozinho pela rua
A ver as montras e as pessoas que passam
Sabe que penso em ti
E me cruzo contigo na minha cabeça
E as palavras que te quero dar
São tiradas do meu intimo
Onde só eu sei sonhar
Ao ritmo brusco da vida
Que se mostra desafinada e por vezes feliz
La no meio eu paro para ver as modas que passam
Para me rir das pessoas que se cruzam comigo
Mas não sabem quem sou
O que sou
O que penso
O que sinto
Se me vires sozinho na rua
Então toca-me e abraça-me