quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Eles cavalgam á noite
Dois amantes numa qualquer madrugada
Corpos suados por entre lençois de seda
Azul...
Sem tempo correm pela noite
Onde se fundem com a vida
Ofegantes...
Sorrisos que alcançam o extase do prazer
Num delirio quase divino
Amantes na madrugada de verão
Calor
Emocionados pelo descontrolo
Atirados ao prazer que os consome a cada momento
Cada segundo
Que empata o tempo num frenético jogo
Sem um fim aparente
Que se aproxima...
Que se mata e se consome ao mesmo tempo
E que renasce após vários limites, ilimitados pelo prazer
Um espelho grava a recordação da noite durante o dia...
Marcas de suor na cama
No chão,
Na mesa...
Em redor o cheiro a sexo mistura-se com algum perfume
Memórias de um odor que te perturba e te faz querer mais e mais...

sábado, fevereiro 19, 2005

Embarco em direcção a norte
A caminho da glória mistica
Dos sonhos...
E dos pesadelos...
Remando até ao infinito
A caminho da vida
Sem esperança de ser feliz
Longe da morte

Embarco numa noite fria
Onde o vento deixou de soprar
Num dia calmo
Onde a Lua ficou a caminho do horizonte
E o rio secou junto á terra

Embarco e vivo
Vivo no limite
Na imensidão de um espaço apertado
Vivo na penumbra da noite
Alcanço o infinito numa velocidade estonteante
Percorro montanhas

Mas...
Ávidamente procuro a minha essência
Sem medo volto as costas
E não sei como encontrar o que procuro
Sento-me sobre uma rocha
E aguardo a morte num silêncio calmo

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Desculpa...
Não te saber amar
Não saber confiar mais
Ao meu jeito amo-te
Mas falta-me algum brilho
Que deixou de existir
Quero-te num lugar onde as estrelas não tocam
E o ar não se corrompe com a madrugada
E parece que não voltarei a acordar bem de novo
Parece que entrei num buraco negro
Um vácuo
Onde não sinto respirar
Nem mesmo sei se quero
respirar...
Por vezes engano-me e acordo
Sem razão
Desculpa por querer-te e não saber o quanto

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Hei-de chamar-te aqui
Para me veres
Um dia quando a lembrança do que fui
Se tenha desvanecido
Verás que Deus me abandonou
No final de uma história fria
Uma descoberta amarga
Ou uma Vitória sangrenta
Um campo de batalha aberto
Aos desconhecidos da vida
Um dia chamar-te-ei aqui
Para sentires o que senti
Ouso pensar o que tive
Pois já não sei o que sou
Tudo é possivel
Mas eu sou impossivel
Como as lágrimas que caem sem tempo
No meio da triste e longa madrugada
Já fria
Ferida! Sim!
Pelas trevas da noite
Não há mais vida em mim
Sem a loucura do amor
Encontro-me sem sentido
Perdido da multidão que me acompanhou
Quero estar num motel
Com um copo de vinho na mão
Recostado num sofá
Olhando para a minha vida
vejo retratos de veludo
Mulheres que dançaram comigo
Sem sentido
Perdi-me no tempo
Nada mais há em mim
Do que uma vontade louca de amar
A minha mente está acima de qualquer estudo mortal
Sorridente alcanço o infinito com um sorriso

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Do amor nada mais resta do que uma lágrima
E quanto mais nada existe
Mais pareço deixar de existir
Sinto que me desfaço
Por entre a madrugada
Que me leva ao desespero sem abrir a boca
Sonâmbulo percorro a noite
Esqueço o tempo e vagueio pelas trevas
Não…
Tu não és a cidade
És a minha viva memória do que fui
Não! Tu não mereces estar aqui!
E como um adolescente
Digo-te adeus…
Procuro a tua escultura de Setembro
Procuro o sossego no teu aroma
Agarro-me a uma estrela azul
E amo a madrugada
Do amor nada mais resta do que uma lágrima
Que cai no fundo de uma alma
Que me sustém na vida
Que parte sem mim no vazio
E se perdeu por entre o mundo
Percorreu o oceano num frenético sonho
Encontrando uma pérola na estranha caminhada
Oh! Como sou triste
Como me sinto só
Ausente passo por entre a vida
E as rugas…
As rugas vão aparecendo
Não são mais ausentes de mim
Do amor nada mais resta do que uma lágrima
Que cai…

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

O mundo ergue-se de novo
Após alguns estilhaços
E eis que acordam pessoas na madrugada
E vêem viver um novo dia
Aqui estamos na ausência da noite
Um despertar demasiado calmo
Para ser verdadeiro
E o que é ser verdadeiro?
Alguma vez pensaste nisso?
O que é estar vivo?
Alguém já te explicou
Provavelmente através de alguma ciência
Inventada pelo nosso mundo
Estou a falar de viver
Experiência...
Abraçar a onda
Por falar em onda...
Alguma vez tentaste abraçar a água...
Sentir o seu verdadeiro poder
Uma simetria que ultrapassa qualquer coisa que tenhas pensado
Estares no meio do Oceano
E teres a consciencia
Que o mar te rodeia por completo e te abraça
Experimenta...
È demasiado bom para ser real
E num determinado momento queres ser sequestrado
Por alguém que passe
Quem sabe uma sereia...
Ajudem-me! Ajudem-me!
Oh... Estou a morrer...
Salva-me deste cruel mundo
E assistes a um verdadeiro
Momento de liberdade interior
Que te separa do mundo
Como o conheces
Que te transporta para outra dimensão
Onde sentes que fazes parte de um todo
Mas voltas a cair de pára-quedas no infinito
Gosto de olhar para ti
Sem que te apercebas
Apetecia-me falar...
O que nem sei se quero compreender
Agrada-me o teu sorriso
Não te conheço
Mas não me conheces também
Vivo no silêncio por alguns anos
E estou a desmascarar a minha vida
A cada minuto a cada segundo da minha curta vida
Sinto que vou desaparecer sem olhar-te nos olhos e sentir-te
Oh!! Como queria beijar o teu sorriso
Percorrer de forma ávida o teu corpo com os meus olhos
Nem sonhas quem sou
Mas eu também não sei para quem escrevo
Podia amar-te, podia dizer-te adeus
Podia contar-te um segredo
Ao ouvido
E aproximar-me de ti...
Beijar-te o pescoço
E sentir a tua respiração ofegante...
Sentir-te apenas...
Podia ser alguém que te dá prazer quando queres…
Podias ser a minha musa…
O meu mais completo delírio divino
Podias ser a madrugada que me acompanha
E quero-te
E preciso de amar-te
O mundo
Monte de inúmeros desejos
Inatingíveis
Segredos que ultrapassam a vontade
De viver
Vozes que se encontram
E se relembram
Olhos que se cruzam
Caras que se tocam num simples toque de uma expressão
Conselhos de um velho
Sérios desencontros
Paraísos desconhecidos
Guardados por um dragão
Montanhas coloridas
E estrelas cintilantes
Crueldade que se manifesta em delírio
Um homem vive toda a vida num pequeno canto
Forma o seu quintal e colhe flores
Ama a vida e o mundo
Imundo! Ele é Imundo!
O Mundo…
Percorri o desfiladeiro da morte
Não voltarei a ser o que fui
Não voltarei a sentir o que senti
Apenas sou mais um que corre em desespero
Contra a morte…
Saboreando a vida com um sorriso
Ora triste…
Ora contente…
Serei apenas mais um que corre depressa
Mundo cruel....