quinta-feira, dezembro 22, 2005

Em certo tempo
Deixarão de ter existência...
Todos os locais por onde passei
Deixarão também um dia de existir
As memórias que guardei
E todos os amigos que conquistei
Em certo tempo nada terá o significado que teve...
Não sei o que restará desta presença
Desta incógnita a que chamo vida
Que restará destes momentos?
Que restará de todos estes ídolos?
De todas estas palavras?
De todos os pensamentos...
Será que terão ainda sentido?
Para o meu coração basta só estes tempos
E nada mais...
Pois quando ele deixar de sentir
Será já outra era
Em outro tempo
Serão já outras vidas
Outros recantos e jardins
O ar será outro com toda a certeza
Erguer-se-ão novas estátuas
E novos ídolos nascerão
Outras mãos descreverão o puro sentimento
Que vai eternizando a alma de quem ama
Mas é assim que te quero vida
Porque sendo imortal não saberia
Dar-te o verdadeiro valor que susténs...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Destrói-me a cabeça este contentamento descontente
Ameaçando quebrar tudo o que é visível a estes olhos
Esse turbilhão de ser e não querer
De amar e não ter
Chateia-me este estímulo indiferente
Este mundo inconsciente
Esta vida atribulada inimiga e mundana
Continuamente desesperada
A presença da noite faz de mim um sonhador
Eterno...
Escondido nas asas da madrugada
Continuando a sonhar o mesmo sufocante sonho
Que consome este ar que ainda tento respirar
Como se houvesse ainda algo para inspirar…
Ah... Se houvesse uma forma
Um momento de alcançar o que foi esquecido
Se eu soubesse...
Mata-me e ao mesmo tempo consome-me
Este mundo estúpido
Cruel…
Que se corrompe a cada segundo
Numa orgia imortal de pensamentos inconstantes
E ideias desprotegidas pelo desfalque das almas
Afastando-se lentamente da serenidade de espírito
Essa tranquilidade que uma vez mais tento abraçar
Como se me entregasse a uma fantasia
Ou devaneio…
Não ponderando nesta viagem
Os caminhos tortuosos da extrema indolência humana...

domingo, dezembro 04, 2005

Senti a noite
Assim como se quisesse tocar no paraiso
Como que...
Alguém me quisesse confidenciar uma palavra...
Ou partilhar comigo uma lágrima
Saborear comigo uma musica
Esconder na minha presença um segredo
Toquei a noite
Senti o medo
E toquei no infinito deste sonho

sexta-feira, dezembro 02, 2005

È neste momento…
Agora…
Onde tudo se funde
Caindo na luz…
Onde tudo se transforma
Ergue-se de novo uma nova ausência
Como se quisesse abrandar o final do tempo
Ou tentar equacionar a eternidade
È o tempo dos ausentes…
Distantes do pensamento
Ocultos na verdade
Mal posso esperar por este momento
Já passou tanto tempo que perdi o gosto
Pela fome deste mundo
Este sabor inconstante…
A consciência mudou uma vez mais
Perdi a lembrança deste cheiro
Etéreo…
È este tempo…
Ausente…
Uma fábrica de palhaços
Perdi o sentido desta dor…
Nem sei onde me dói…
Ah…
Dói-me a cabeça deste Mundo…
Onde se perdeu o mapa para a terra da liberdade…
Os cavalos brancos tornam-se histórias de crianças
E estão longe deste mundo cruel…
As batalhas estão presentes
Mas as ameias dos castelos desfrutam ainda do calor da noite…
E do silêncio da Lua…
Alimentam-se ainda do palco dos poetas
E das setas enigmáticas das estrelas…
Sentado neste banco de palha
Olho o meu ser uma vez mais ausente
Embriagado por pensamentos
Sonho ainda acordado e extasiado
Como se a minha alma estivesse por cima desta esfera
Tentando compreender este circo
Existe ainda tristeza no meu olhar
Ausente estou do meu viver
Presente quero estar nesta ausência
Uma vez mais um conflito de gerações
Inconstantes...
Longa está a noite
Nesta madrugada silenciosa
Onde vagueio uma vez mais pela agonia deste sonho
Soltando lá do fundo este grito solene que se liberta
Freneticamente…
E estremece os pilares da minha existência
Perdendo-se no tempo
Sei que nada vou sentir
Sozinho de novo
Vou fazer as malas e partir
Vou subir o céu como um falcão
Tentando desesperadamente alcançar o infinito azul
Vou estar fora por uns tempos
Muito tempo…
Nem os anjos me vão encontrar
Até onde as minhas asas me levarem
Pois odeio esta angústia que se reflecte neste espelho

quarta-feira, novembro 30, 2005

Não é uma carta, nem um anuncio
Espero que nunca o seja,
Hoje morreu um amigo, um velho
Hoje neste dia morreu um Homem
Uma vida
Lembro-me do seu sorriso
A sua bengala pousava devagar no solo
Onde os primos brincavam
Os olhos claros amadurecidos pela idade
E o sofrimento de uma vida
Hoje...
Não consegui chorar uma lágrima
Talvez porque tenha a consciencia que estás agora em paz
Ou apenas porque me tenha tornado tão frio
Em relação á morte...
Por vezes a vida magoa-me muito mais
Faleceu hoje o Chico como lhe chamávamos
Ou Avô...
Lembro-me de ti a rir-te
A perguntar-me "Como estás homem?"
Lembro-me que choravas quando nos despediamos
Talvez porque poderia ser a ultima vez que nos viamos
Ou por saudade apenas...
Ou por essa alma já amadurecida reconhecer
Que cinco minutos de vida são um previlégio
Neste mundo egoista
E que chorar é um estado de alma
Essa vez chegou agora...
Desejo-te paz na tua viagem
Amor para a próxima vida
E um forte, grande e ultimo abraço
Não sei se estarei no teu funeral
Nunca reago bem nessas alturas
Mas não leves a mal
Lembrar-me-ei de ti nesta vida

terça-feira, novembro 22, 2005

Tento descrever-te com um sorriso
Uma mão amiga que penetra no meu mundo
Uma alma que ama intensamente
Desejas ser amada dia após dia
Como se quisesses conhecer o final dos tempos
Amas a vida e do que dela faz parte
Vagueias como eu por entre as ruas
E segues o teu instinto
Nem sei por onde já andámos
Ou onde já tocaste
Quero eu ainda alcançar o infinito da minha essência
Mas tu…
Andas por vezes perdida
Remando neste rio
Inesperadamente de encontro à vida
Amando a noite e o que dela faz parte

terça-feira, novembro 15, 2005

Desculpa
Não te saber amar
Desculpa ainda se te perdi
Ou não te soube agarrar
Desculpa se te deixei de encontrar
Desculpa ainda amar o teu sorriso
Amar o teu olhar
Desculpa...
Não te saber procurar
Por ter medo de me reencontrar
Arriscar e perder
Desculpa...
Por todos os caminhos incertos que percorri
Para te encontrar
Desculpa...

segunda-feira, novembro 14, 2005

Os meus dedos dedilham as palavras que te quero dar
As minhas mãos alcançam os teus sonhos
E a minha boca mata a sede no teu suor
Juntos somos mais que dois amantes
Descontrolados...
A tua voz rouca geme ao meu ouvido
Os meus olhos insistem
Em provocar o teu olhar
Quero ser teu
Quero que as minhas mãos percorram as tuas ancas
Num delirio divino
Sorvendo assim o teu prazer lentamente
Quero ainda pintar o teu corpo na minha cama
E ouvir a tua boca sonhar com o meu beijo
Para assim te levar ao limite deste sonho agonizante
De prazer...
Gota a gota quero beber dos teus lábios
Esse extase de perpétua felicidade

sexta-feira, novembro 04, 2005

Consigo espreitar-te…
Por entre as ameias do castelo
Os corpos desenfreados
Passam e perpassam
Pelos teus cabelos ondulados
Sinto ainda o cheiro da terra
Humedecida pela chuva intensa
O calor humano da feira
Propaga-se pelo meu inconsciente
Ainda sinto em ti o verdadeiro sabor da poesia
O teu mistério nocturno impenetrável
A beleza pura que te envolve
Consigo ainda…
Escrever sob o teu véu
As palavras mais tristes
As frases mais amigas,
E o meu sonho mais antigo
Contudo, continuo a ser errante
E ainda assim procuro o âmbar dos deuses
Na tua noite mística
E historicamente doce
Como se procurasse em absoluto o final da eternidade
Ou a formula da eterna juventude
Como se encontrasse em ti
Uma bússola que me dirigisse ao meu acampamento
Fica ainda no tempo dos tonéis
Quero ser velho como tu
Para continuar a absorver-te constantemente
Nesta viagem que me dirige
Em todos os sentidos…

sexta-feira, outubro 28, 2005

Parto para outro lugar
Com música
Faço-me à noite
Perseguindo um novo sonho
Sou amante do hoje…
Jamais quero olhar para trás
Nem voltarei a ser incerto
Procuro ainda loucura num beijo sincero
E sou aquilo que eu bem entender
Vou para longe…
Longe dos sonhos
Não vou parar
Nem quero ficar suspenso
A vida é sempre assim
Uma ilusão…
Nem te sei dizer
Se estou aqui ou não
Com que intensidade ou tristeza

quinta-feira, outubro 20, 2005

Poesia
Podia dizer algo sobre ti
E tu de mim dirias tudo
Podia escrever que...
Tens a forma do Universo
Que pintas um sorriso na minha noite
Diria ainda que formas o meu mundo
Que és a minha tela
Ah... Poesia...
Contigo nascem os sonhos dos Poetas
Que morrem para a eternidade
Ando contigo de mão dada
E vou de encontro ao silêncio
Que se instala no teu leito
Ainda assim...
Tens cem anos...
Tens mil anos...
O teu cheiro é etéreo
E tem o verdadeiro sabor da eternidade
Deixa-me ao menos dar-te uma flor
Legar-te um poema
A ti…
Deixa-me vendar-te os olhos e subir pelo teu corpo
Entregar-te a minha tua alma
E dizer-te como te amo Poesia...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Acordo por vezes distante
Longe do meu ser
Por cima do meu corpo
Tentando alcançar a minha mente
Deixando-me levar pelos impulsos
Que me atacam levemente
Fere-me suavemente este sonho demente
Onde perco a razão e os sentidos
Onde aclamo por esta vida de guerreiro
Que se estende perante mim
O tempo toma conta da minha alma
E o sonho prolonga-se pela madrugada
Desvendando um conjunto de imagens
Que me são apresentadas
Neste espirito por vezes abstracto
Fraco estou...
No silêncio desta razão
E estou nu
Neste mundo louco e livre
Tentando ainda mergulhar no infinito
Desta luz...
Ainda dormente
Para ainda sentir o desejo
De ser o teu olhar por um dia
Para te sentir chorar na multidão
Percorrer os limites da eternidade
Alcançando o ambar gritante
Que se derrama lá no fundo
No intímo de um som
De uma tecla de piano
Levando-me ao limite deste frio acorde

quinta-feira, outubro 13, 2005

Quero ser atingido por um raio de paz
Que me espalhe pelo Universo
E me restitua a nova vida
Quero ainda que este clarão de liberdade
Me envolva e me mate lentamente
Para que eu saboreie a minha sede
Deste mel que é a vida

terça-feira, outubro 04, 2005

Nada mais quero esperar
Senão o que me for entregue
Nada mais quero ter
Senão a humildade para continuar a caminhar
Nada mais quero sentir
Senão o sentimento puro
Condensado num pote de mel
Oferecido com gentileza numa tarde de primavera
Nada mais quero ser
Senão este vento que se afasta
E se estende por entre os teus sentidos
Que toca o teu rosto
Para beijar a tua boca melodiosamente
Como que pintasse o teu sorriso a pincel
Quero ser só os meus dedos
Que passam e perpassam pelo teu corpo
Tocando nos limites da tua tela
Quero ainda ser a chuva
Para deslizar suavemente no teu cabelo
Escorregar pelos teus olhos e molhar os teus lábios
Sentir o teu cheiro
E esfregar a minha pele na tua pele
Numa dança de loucura e desejo eterno
Quero ser só a minha boca para tocar no teu ombro
Morder o teu queixo
E amar-te alienadamente

terça-feira, setembro 27, 2005

Amo-te aqui…
Onde ninguém te vê
E todos te sentem
Onde o mar toca os meus sentidos
E me acorda para te descrever
Amo-te aqui e ali…
Onde o som da tua voz
Se confunde com o ruído suave da noite
Onde as estrelas
Sussurram pelos cantos do universo
Amo-te cá…
Num local onde a Lua nunca tocou
E a madrugada em tempo algum ousou pousar
Onde a vibração dos corpos é eternamente intensa
E os anjos se embriagam levemente
Amo-te…
Como se algum dia esperasse o fim da eternidade
Para te deixar um beijo no rosto

segunda-feira, setembro 26, 2005

Bebe-me
Absorve-me em doses lentas
Come as minhas palavras
Amargas ou doces
Duras
Sou apenas uma superficie interior
Da boca da minha arma
Não sou jamais lisa
Sou estriada...
Deleita-te com o meu mel
Serve-te de mim
Afunda-te comigo
E sorve-me lentamente...

quinta-feira, setembro 22, 2005

Fui tão longe mas não me sinto diferente
Talvez maduro
Continuo ainda à espera que me levem daqui
Que dirão eles?
Ele foi um bom homem
Entrou na escuridão e continuou a andar
Nunca parou
Ele foi um assassino eremítico
Quem sabe um domador
Das palavras que saíram como gritos
Gritos alucinados de prazer...
Um puzzle de pensamentos e ideias
Uma visão aberta sobre a alma
Foi um sonhador
Um amante tranquilo
Já nem sei se hei-de sonhar
Ou até amar
E deixei-me amar
Talvez nem seja já eu que estou aqui

quarta-feira, setembro 21, 2005

Seduz-me seda pura
Porque a noite é mesmo assim
Voa sobre o meu tempo
E ri-te da madrugada
Quero ver-te com o meu pó nas tuas mãos
Quero sentir que viajas no meu mundo
Enquanto te acompanho com as minhas asas
Percorrendo uma estrada diferente
Um atalho…
Um caminho oculto por entre as margens de um rio
Ah… Como é áspero este amor
Por vezes com falta de alguns tons de azul

terça-feira, setembro 20, 2005

Não te sentes isolado?
Quando caminhas por uma longa estrada
Quando te sentes afastado por esta solidão
Que se alastra dia após dia
Como uma epidemia de sentimentos
Convulsos…
Sentes-te assombrado pela memória
Pela vasta recordação de ser o que se foi
Tentas pedir ajuda
Subornas o teu sentimento mais profundo
E alcanças algum extremo que te deixa de perturbar
Medo…
Quero contar-te um segredo
Mas a minha boca está seca
E não há espaço para as palavras que te quero dar
Mas…
Venda-me os olhos e deixa-me pintar um sorriso…
Legar-te uma flor
Acariciar-te um beijo
Dar-te um poema
Deixa-me abandonar a minha cabeça no teu ombro
E descansar na tua presença eterna

segunda-feira, setembro 19, 2005

Nem uma palavra...
Nem uma única
O quarto está escuro
A vela apaga suavemente
Por momentos passaram por mim
Dois minutos,
Duas horas,
Dois Anos,
Duas vidas...
Um êxtase de pensamentos,
E um pássaro infeliz…
Pela manhã sai para a cidade
E procurei-me no meio de corpos desenfreados
Não me encontrei...
Estava à beira de me enganar de novo
E se eu não conseguir ir até ao fundo
Irei aonde a minha alma me deixar
Irei onde eu me cansar
Será que irei?
Até onde houver estrada para andar eu vou
Vou caminhando
Dois minutos…
Foram antes dois dias…
Fui dormir no chão com alguma dor de cabeça
Deitei-me junto à janela
E morri uma vez mais
Como tantas outras…
Em tantas mais páginas
Mais uma…
Sozinho
Mais uma madrugada
Cansado
Imprudente
Pálido
Inconstante
Sonhador
Morri uma vez mais…
Por momentos pensei que não queria mais respirar
Mas depois lembro-me como é sempre bom acordar
De manhã
Hum, e como é bom…
Há se vocês soubessem…
Ao ser incauto torno-me fraco
Sou mutável…
Instável
Variante
Sou eu assim
Não sei porquê…
Não me perguntes porquê…
Sou aquele que sonha fatigado
De percorrer um caminho incerto
Talvez amargurado!
O que seria a vida
Sem de vez em quando saborear um sabor
Amargo adocicado
Será a vida um apocalipse de doces desejos inatingíveis?

sexta-feira, setembro 16, 2005

Amo intensamente...
Porque só assim consigo saborear
O verdadeiro paladar do amor...
Só desta forma alcanço
A qualidade que me é descrita
Pelos mais altos poetas
Amo intensamente...
Porque só assim consigo amar
E procuro descrever-me
Em mais um conjunto de frases
Que devolvem a sua verdade
A respeito deste teatro de palavras
Que formam esta representação fiel da minha alma
De olhos vendados
Descubro a imprudência triste
De um homem louco
Tentando alcançar algo que encontro lentamente
Caio por vezes
Num buraco fundo de silêncio
Oculto na noite eterna dos meus olhos
Nada mais existe senão o meu toque
Sobrenatural…
Ouço por vezes vozes do passado
Mas presentes no meu ouvido
As palavras encobertas no meu ser
Sentado ali...
A água junto de mim
O tempo parece já nem passar por aqui
Escrevo algumas frases
Que ouso pensar
Outras que nem sequer quero registar
Algumas nem as quero compreender
Sem alguém com quem falar
Perco-me neste lugar
E procuro seduzir a minha alma
Para que me leve a uma memória distante
Arriscando-me a morrer de novo aqui
Busco em ti um beijo mais profundo que este mistério
Sou a porta
Sou um Touro
Sou a casa
Uma casinha...
Sou as paredes que ávidamente percorri
Sou a chave...
Jamais serei o pensamento que entra bruscamente
Sou uma página
Um livro...
Sou a capa que me envolve
E me destrói lentamente
Sou eu ofuscando-me com o peso
Das minhas páginas antigas
Das memórias e recordações...
Sou o tempo
Sou o vento
Sou a chuva que destrói as palavras
Sou a alma que me preenche
E me mata lentamente
Sou o cheiro da terra molhada
Sou o cheiro...
Sou um pedaço
Um pedaço de homem
Ora feliz
Ora descontente
Sou assim
Como quero ser

quarta-feira, setembro 14, 2005

Asfixia-me o mundo
Sufoca-me e prende-me este universo
Asfixia-me a vida
Mata-me a noite
No eterno silêncio da madrugada
Estou farto deste universo selado
Para onde não consigo fugir
Estou farto da dúvida
E de beber água em locais secos
Estou farto deste barco que se naufraga
Num oceano de temperamentos intemporais
A todo o momento…
Quero sair e não consigo
Quero brotar e não me deixam
Asfixiam-me as palavras
Os contos
As vidas
Quero viver e não consigo
Sufoca-me este meu ser ausente…

segunda-feira, setembro 12, 2005

Não sou o Senhor do Tempo
Se o fosse as promessas seriam eternas
E o tempo paráva para sorrir
Sem limites...
Ainda assim
Tento alcançar um mundo
Sem regras
Onde alcanço por vezes alguma paz interior
As memórias
As conversas
Os risos
Ficam sempre na recordação
Mas porquê quebrar?
Porquê não dar mais risos ao tempo
Se o tempo foge invisivel
Com pressa de fugir
Foge por entre os dedos e as mãos rugosas
Por entre os cabelos brancos
Foge o tempo de mim
E dele alimento-me unicamente dos sorrisos
Dos beijos
E dos abraços
Que vivem eternamente na alma
Foge o tempo adulto que foi criança
Foge o tempo já maduro
Sem medo de morrer
Foge o tempo...
E deixa o verdadeiro âmbar
Com o Senhor do Tempo
Contudo páro ainda para sonhar
E percorro o sonho ávidamente
Porque não quero ser perseguido pelo pesadelo...
De não ter tempo para o tempo que há-de vir
Porque o tempo foi inventado para fugir...
Porque se ficares desvendas o infinito
Se te esconderes alcanças o teu limite
Porque não te queres magoar
Porque não sorris em vez de chorar
Canta em vez de sorrir
Ama em vez de fugir
Vive em vez de morrer
Avança e não recues
Porque recuar é recusar viver
Diz-me que solidão é essa
Que se aproxima e te liberta
Consegues ver o teu ser ausente
E o teu olhar desperta a ânsia de viver
Alcançar...
Que tipo de sonho queres viver
Por onde queres tu passar?
Será que estás livre neste lugar?
Nesta noite?
Deténs o meu olhar
E na magia da poesia
Consegues descrevê-lo em doces palavras
Por vezes...
Consegues ver como caio e me afundo
Num abismo profundo
Mas eu...
Estou sempre ausente
E por vezes nada me alcança
Poço fechado
Loucura...
Nada me alcança nesta viagem
Distante de ti
Distante de mim
Distante de todos
Porque só assim consigo caminhar

quinta-feira, setembro 08, 2005

Foste tu assim
Desapegaste-te de mim
Em momentos sinceros foste para mim
O mundo...
Amo-te incessantemente
Como a lua ama a noite
Sou sangue do teu sangue
Sou vida da tua vida
Talvez a idade te tenha feito assim
Ou por entre estas estradas da vida
Não existam já pontes que nos unam
Não importa o quanto gostes de mim
Nada mais importa agora...
Nada mais conta...
Ainda tens o meu carinho
Contudo...
Abraçar-te só em sonhos
Talvez um dia haja alguém que desça a montanha
Para me explicar porquê...
A distância mantém-nos vivos
Atentos...
Mantém-nos conscientes no inconsciente da saudade
Aquela distância imposta pela vida
Recordo-me de te ver chorar
Numa casa de banho de um qualquer restaurante de benfica
A mão apoiada na parede
Costas arqueadas
Soluçando como uma criança
Os teus olhos tristes
Tinha seis anos
E ainda me recordo vivamente da tua forma de chorar
Forte como um homem que eu queria ser
Ainda assim na minha inocencia eu tentei consolar-te
E se te lembrares dei-te a mão e chorei contigo
Quero que saibas
Que a minha forma de chorar é igual á tua
Desta vez por motivos diferentes
Não te lembraste uma vez mais do meu aniversário...
Mas... Não te tenho aqui para me limpares as lágrimas
Ou mesmo para me consolares
Estas caiem fortes mas tristes
Como um fio de água pura
Não te tenho aqui para chorares comigo
Nunca te tive aqui...
Perdoo-me uma vez mais por te perdoar
Perdoo-te porque te amo
Perdoo-te porque te devo a minha vida
Perdoo-te porque ainda tenho esperança de te abraçar
Perdoo-te porque não te consigo odiar
Arrependeria-me um dia de não te perdoar...
E ainda assim me interrogo porque não te lembras de mim
Porquê Pai?
Só queria um abraço forte
Só um...
Aquele que nunca tive
Aquele mesmo que não me soubeste dar
E eu tive medo de procurar
Aquele que no meu coração eu sei que nunca vou ter
Mas tenho esperança de sentir
A minha alma viveria por mais mil anos
Poderia este abraço durar um minuto
Um segundo...
Um momento é só o que pedia

terça-feira, setembro 06, 2005

Sinto que posso descrever-te
Por entre as linhas
Por dentro de tudo o que é puro
Nada mais me faz feliz senão o poder da expressão pura
Voto no silêncio puro e livre
O segmento de tristezas aparentes
Um qualquer simples mortal
Que segue por um caminho insignificante
E se torna demasiado real e perturbador
Faz-me pensar
E reflectir sobre a vida
E os estados de embriaguez que nela coexistem
Sonhos terminados a meio de uma qualquer loucura consciente...
Parece que sinto o gosto de uma eternidade
Que deperdiço com o tempo
Mas desprendo-me da anatomia de ilusões
Tentando tomar partido do que sinto
E me ataca em convulsões
Talvez me deixe assustado
Mas o que isso importa
Já que por vezes vivo na sombra
Mas não me canso da marcha solene
Que se estende pelo caminho
Obrigando-me a acreditar que existo
Apanha um comboio
E voa pelo mundo
O teu...
Ninguém te vai incomodar com o jantar
Mas todos querem ser milionários
Não existe nada melhor para fazer
Aguarda o que teme em libertar-se
Não se fará sozinho
Tens de dar uma ajuda
Esquece a noite e vive comigo
Abandona esses cães selvagens
E vem ao meu encontro
Vem despojada de qualquer arma
Deusa do meu culto
Mostra-te um pouco mais
Quero possuir-te na noite
Os meus olhos viram-te
Os teus cabelos ondularam sobre o meu corpo
E a tua máscara desapareceu
Memorizei a tua imagem pura
E percorri o teu corpo com os meus dedos
Suavemente...
Temendo conhecer-te
Mas querendo perder o controlo
Estou contente por termos testado o infinito
Por onde andas?
Vejo-te crescer... pelo meu intimo
Procuro-te no âmbar da noite
Acariciando a madrugada com o teu sorriso
Ah... oculto está em ti o segredo do meu prazer
Bem intenso no teu ser
Desfruto do teu sabor suado
Salgado

segunda-feira, setembro 05, 2005

Maduro
O meu olhar
Que amor tangente te fez assim?
Amargo e doce...
Quem te deu esse tom de voz?
Ainda suave...
Ah... Como a vida nos faz viver desatentamente
Suavemente pintando rostos na presença do infinito
Amadurecendo na eterna esperança
Quase que me envolvo em lutas desiguais
Nunca importou quão alto voes amigo...
Importa sempre o local onde vais descansar
Eternamente...

quinta-feira, setembro 01, 2005

Ès tu assim?
Ès mulher
Ès vida
Há amor em ti
Sem tempo
Com carinho
Pinto o teu rosto no meu pensamento
Cresce em mim uma vontade
Vontade de beijar
De trepar as barreiras
E ser feliz
Aproxima-se o dia do meu aniversário
Mais um...
Um esperado momento de extrema diversão
Alguém diz que aquele que goza o aniversário
È porque sabe viver
Eu gozo o meu...
Numa cidade que não é a minha...
Rodeado de natureza ainda pura
Aproxima-se o dia
De alguém que teima em viver
Com força de caminhar e conhecer
Amo a vida e o que dela faz parte
Talvez o túnel não seja sempre escuro
Como o pintamos...
Ou talvez a caminhada nunca seja tão longa
Como a descrevemos
È preciso saber cair
E continuar a caminhar
Acordar...
E continuar a sonhar
Poesia...
Podia dizer algo sobre ti
E tu de mim dirias tudo...
Mas só contigo posso sonhar
Porque tu és assim
Posso aqui morrer quando quiser
Posso partir assim que desejar...
E as estrelas para mim serão sempre um sinal
Da tua guarida
Talvez sejamos os dois tristes amantes da vida
Mas só tu me dás real força para viver
Dás-me conforto...
Alegria
Para continuar a amar a madrugada
A vida
E a noite...
O som do mar e das estrelas
Parecem consolar-me durante alguns instantes
Tentando acalmar-me
Mas o barulho de algo que me perturba
Parece querer ser eterno
Não tenho para onde fugir neste local
Um campo aberto de paixões...
Só o mar me consola neste mundo
As estrelas
Juntas...
Parecem falar entre elas
Como se fossem Lírios brancos na madrugada
Dois amantes amam-se na praia perto de mim
Ao som desta balada...
As pegadas das gaivotas na areia escura
Deixam ainda a sua presença
Na terra húmida

terça-feira, agosto 30, 2005

O teu cheiro etéreo
Perde-se no ar
Suavizando docemente o meu paladar
Olhem para mim...
Estou a pairar no tempo
Como um raio de Sol
Não sei quando este sonho tem fim
Sou uma folha de papel
Uma parede branca
Nua...
Sou o fim!
Porque o fim tráz o vazio
Ah...
O teu cheiro...
Leva-me pelas ruas antigas
Mata-me e Asfixia-me...

domingo, agosto 28, 2005

Cheira-me
Morde-me
Come-me
Com o teu sentido unico de mulher
Ama-me
Lamenta-me
Entristece-me
Devora-me
Subtilmente como se tocasses piano
Chora-me
Beija-me
Acaricia-me
Sente-me
Como se eu fosse o teu ambar
Deixa-me morder-te
Cheirar-te
Acariciar-te
Dá-me permissão para ser o teu homem
Deixa-me amar-te
Beijar-te
Acariciar-te
Assim como tocaria guitarra
Levemente com os meus dedos
E de ti sairiam as mais belas melodias
E as cordas...
Essas... Mudavam o rumo do Universo
Alquimia perfeita

quarta-feira, agosto 24, 2005

Choro lentamente lágrimas tristes
Com a agonia e tristeza de um homem cego
Sentindo que não posso mais contemplar o céu infinito
Tentando descrever as memórias
Agarrando as palavras ainda no ar
E lutando com elas por entre os bastidores da morte
Passo a passo sobre um campo de batalha
Caminhando pelo fogo adormecido
Humedecido pela madrugada
Sentado numa rocha…
Choro lentamente lágrimas fortes
Porque só assim consigo transbordar o que vivo
A minha alma soluça
E o meu coração estremece
Quase perdendo os sentidos
Mas continuo a percorrer as colinas
Os montes e os vales
Para encontrar algo que seja imortal
Mas… Sou mais pequeno que um mosquito
Uma abelha…
Uma flor…
Choro lentamente lágrimas quentes
Porque o dia é frio
E trouxe a humidade do norte
O vento já não é transparente
Com ele veio a areia branca da praia azul
À noite, choro devagar…
Para relembrar que sou errante
Para lembrar que sou eu
Para mostrar que nada mais sou que apenas eu…

terça-feira, agosto 23, 2005

Estou ausente do meu viver
Mas não fora de mim
Assim vivo no mundo
Mas não dentro dele
Estou ausente porque desta forma
Voçês não me conseguem alcançar
Ou tocar...
Contudo continuo a procurar a minha voz
E o meu lugar
Estou ausente porque quero estar presente
Sem ser contaminado
E estou num local onde ninguém me vê
Porque só assim consigo sonhar

segunda-feira, agosto 22, 2005

Começa um novo dia
As máquinas ouvem-se pelas ruas...
Morre-se lentamente em Lisboa
Porque não se quer descobrir o que nos faz mudar
E esta ânsia que me estende à razão
Esta fúria de viver
Sem pressa de morrer
Só o tempo é livre
Só a liberdade é arrancada
Num último suspiro de dor
O passado é tão frio que me congela a mente
A mulher casada que se mente
O homem nu na entrada da sua casa
Esperando que ele saia
Para a ver despida de preconceitos
Sabes que mais?
Vocês são um bando de escravos!
Desesperam lentamente
Pedrados na noite
Desgastam a vida rapidamente
Invocam os deuses de outrora
Mas o mundo está a arder
E nada fazes para mudar
Matas-te aos poucos pobre anjo
Dá-me as boas vindas com o teu exército
Ou então aponta-me o dedo e mata-me
Não pares…
E move-te sobre a multidão
Não te culpes…
Não desistas
Pois eu vou atacar-te com o inesperado
E o inevitável acontece

quinta-feira, agosto 18, 2005

Desesperado momento de solidão
Sento-me num banco de madeira no parque
E vejo os ramos quebrarem o seu dislumbre
Um miúdo passa numa bicicleta vermelha
Um qualquer pássaro voa em direcção a Sul
A alguma distancia consigo ver um pai aflito
Um vagabundo dorme no banco a uns escassos metros
Que é feito de ti...
O barulho dos balouços parece não querer abandonar algo que se tornou rotineiro
Alguém passa por mim e tem um ar triste
Diria fúnebre
Hey! Seu velho maluco! Que queres de mim!?
Não passas de um escravo dessa vida de avareza!
São todos uns amantes da madrugada
Mas escondem-se por entre as nuvens da noite
O parque fica no meio da cidade
Motores ouvem-se por vezes abafados pelas arvores
Onde estás tu velho amigo?
Mostra-te...
Sai desse véu, dessa nuvem...
Sai e vem sentar-te aqui
Anda
Há um lugar para ti
Guardei-o
Ès amigo da floresta, és meu amigo...
Mostra-me a vida que levaste para eu aprender
Eu posso dar-te ainda um pouco da minha juventude
Não quererás rir-te?
Ainda consigo rir-me...
Ainda...
Não quero ser como tu!
Quero ficar sempre assim...
Amante da natureza
Devendando a vida
Posso ensinar-te a tecnologia...
Ou a verdadeira realidade virtual
Sabes...
As pessoas não querem mais saber delas...
Querem Poder, fama, dislumbre...
Ego...
Querem o que tu nunca tiveste
O que eu não procuro
E o que nunca ninguém deveria procurar
Estes tempos estão doentios...
Estão corruptos...
Quem dera a mim viver nos teus tempos
Nada mais seria do que uma boa lembrança
E morreria em paz
Mas aqui sentados num velho banco de madeira...
O passado encontra-se com o futuro
Num qualquer parque de Benfica
Parece que ouço as árvores conversarem por entre as folhas
O suspiro do vento por entre a estrada de areia
Ou o Sol enfraquecido que espreita pelos ramos
Tentando desvendar algum caminho interior
Esquecido pelo tempo
Ah... Como queria que os tempos voltassem atrás
Imagino-me num coche de madeira andando pelas ruas
Os barulho das patas dos cavalos pelas avenidas mal formadas
E as pessoas que vendem o vinho na rua
Nada posso fazer senão habituar-me...
E habituar-me significa morrer
Quero ver as ruas cheias de gente
O cheiro da verdadeira vida
O tutano
O poeta que vende folhas soltas pela feira
Ou o ferreiro que cospe no chão
Deixa-me sonhar,
Deixa-me sonhar...
Deixa-me viver...

quarta-feira, agosto 17, 2005

Segue-me intensamente
Pelo deserto
Com a sede que tens por mim
Faz-me um sorriso
E bebe-me
Molha a tua boca com o meu suor
Porque por detrás de mim
Existe o homem que não conheces...
Afoga-te no meu alcool
Descansa no meu peito
E desliza sobre mim
Como as ondas na areia
Lá fora ao som do nascer do sol
Verás que a lua é minha
Perde a cabeça
E fecha os olhos
Levanta-te
Ama-me
Mata a tua sede e mata-me de prazer
Se desceres por mim
Podes quebrar-te em pedaços...
Perde a tua inocencia nos meus braços
E faz-me perder a cabeça
Segue-me
Desesperada como estás...
Pelo meu mundo
Desvenda-me o teu...
E deixa-me sonhar no teu leito

terça-feira, agosto 16, 2005

Longe está o tempo
Das descobertas
Nomada do destino
Alcanço a luz como um todo
Poder telepático inconstante
Pelo tempo
Pela experiencia
Anda comigo até ao final dos tempos
Ver o mar e a estrela que morre
As cadentes estrelas
Vidas...
Que se desfazem pelo infinito
Anda e vem
Vem comigo pelo mundo
Paz
Amor
Alcança o pouco de ti no frágil degrau
Desta vida
Alcanço um pouco de mim em ti
Porque te descubro lenta e perigosamente
Pelo dia e pela noite
Que se desfaz no norte
Vem...
Vem comigo pela estrada
Até ao lago
Até á tenda
Contorna-me com o teu olhar
E afoga-me no teu sorriso
Mata-me no teu leito
E escorre esta lágrima que te faz sonhar

terça-feira, agosto 02, 2005

Deixa-me ser quem sou
Nao me deixes assim como estou
Porque tu és para mim um porquê
Não me deixes tu de entender
Eu te oferecerei todas as rosas do mundo
As pérolas de todo o universo
E um dia quando morrer
A terra que cobrir a minha campa
Será todo o teu ouro
De todo o teu reino
Rainha de todos os meus sonhos
Porque da forma como eu te falo
Tu me compreendes
Apenas sou mais um marinheiro
Onde no mar tu és a Sereia que me acompanha
Que canta e ri
E por vezes chora e dança
Atravessa comigo a vida
Cruza a terra e o mar
Os dois esteámos de novo as bandeiras
Deste novo reino
Liderado por ti
E sigo a luz
Que se manifesta naturalmente
E este feitiço que me lançaste
È um modo de vida deveras apaixonante
Ah... Como esta oculta paixão me faz feliz
E ninguém vê ou supôe
Toda a minha vida de frente para ti
Os segredos escondidos da tua visão
Mas divulgados na eternidade das tuas folhas
Poesia... como te amo...

quarta-feira, julho 27, 2005

Encontrei-te no chão
E vi-te sentir a dor da morte
As tuas asas batiam levemente
Como uma sombra de um ultimo suspiro
Continuamente olhavas nos meus olhos
E sentia o teu poder
A tua dor entrelaçou-se nas minhas lágrimas
Caiu um Anjo do céu!
Todos gritavam...
Mas eu estava de frente para ti...
Segurando a tua mão
E sem saber tentando dar-te guarida
A tua asa tocou o meu rosto suavemente
Como se fosse dar-me um beijo
Talvez um gesto de carinho
Anjo...
Que caiste na minha estrada
Para me dares força
Acabei eu por te ajudar...
No meu desatino
Nos teus olhos encontrei a tua solidão
E o meu sofrer

terça-feira, julho 26, 2005

Na tua companhia deixo os meus sonhos
Tocarem o infinito
Na onda de um sorriso
Esperando mais uma...
Uma Madrugada
Que se agoniza
E se estende pela manhã de verão
Soubeste digerir a minha saliva
Por entre a noite
E prolongas a tua saudade pelo dia
Encontras-me de novo no Oceano
Escutando as conversas das marés
Ouvindo o Silêncio da lua
Acompanhado pela sombra de uma guitarra
Numa noite quente

segunda-feira, julho 25, 2005

Obrigado...
Por me mostrares o mar
De uma forma que só agora compreendi
Pela força que me deste
Obrigado
Por me teres feito olhar a praia de longe
Enfrentando as ondas
E mar bravio
A passagem para lá
È um turbilhão de forças
Mas quando se está lá
Não existem palavras para uma descrição
Só mesmo sentindo
Obrigado Amigo

terça-feira, junho 14, 2005

Sabias que a liberdade existe no caos?
Que a morte vem lentamente?
Ou que somos parte de um só...?
Retraidos numa civilização que recua lentamente
Para um abismo perfeito de alucinações imperfeitas
Já estive em alguns lugares
Em muitos desfiles...
Mas nenhum se compara a este circo
Começo a alucinar no meio de um jogo
Como uma canção desesperada
Mais um dia,
Outro dia...
A sensação de escolher ou ter escolhido
Talvez ser escolhido
Confidencias á meia-noite
Será que vivemos para isto?
Ou então morremos para nada...

domingo, junho 12, 2005

O mundo é um circo...
E eu orgulho-me de fazer parte deste número
Mas... contudo tenho medo,
Esta é a vida mais estranha que conheci

quarta-feira, junho 08, 2005

Cães enraivecidos nas manhãs de Março
Um aviso de uma vida inconsciente
Sobra um último suspiro
E caio na arena de cor púrpura
Já não aguento mais a busca
Não consigo mais caminhar por uma estrada que não tem fim
Ou apenas terá um fim aparente
Que se mostra longínquo
Inseguro e vestido de preto
Encontrei em tempos
Alguma paz interior
A qual não soube preservar
A caminho da glória
Esqueci-me do tempo
E devolvi o que me tinha sido dado
Num prato cheio de sangue
Derramado pela invisibilidade que causei
Aos que me rodeiam
Amo a vida, mas por momentos senti que não fazia parte dela
Ou que ela me tinha abandonado em qualquer estação
Embriagado e deitado num banco de madeira
Esqueci-me de como era o tempo dos justos
Até mesmo dos fiéis
O Silêncio fez de mim algo que não imaginava
Poderoso Silêncio
As emoções que quero mostrar mas não se mostram
Por vezes escondem-se de mim...
Mas continuo a ser amante de todos os sentidos

segunda-feira, maio 30, 2005

Pego numa caneta e perco o sentido
Escrevo e desafio-me
A minha alma define-se ao fim de algumas linhas
Não tenho qualquer intenção de ganhar dinheiro
Ou mesmo ser conhecido ou reconhecido
Apenas que as minhas palavras
Formem um livro aberto para a minha pessoa
Mostrem os meus mais intimos desejos
Nada mais...
Assim que entro no profundo sentimento que me consome
Sinto que consigo escrever milhões de páginas
Sobre o que me envolve
Pensamentos...
Ideais...
Ideias...
Tormentos...
Alegrias ou tristezas...
Por momentos ou por vários tempos
Sinto-me pairar como se voasse
Por todos os locais onde gostaria de passar
E olho para trás e persigo o meu pensamento
Ora descontente
Ora feliz
Mas sempre envolvido em puro sentimento
Tento enganar a minha mão para que ela escreva
De forma diferente
Mas sou impulsionado para descrever
O que mais de real existe cá dentro
Sem pensar
Sem cuidado com a palavra
Ou modo de escrita...
Por vezes sinto que a minha caneta me compreende
E escreve por ela o que sente sobre mim
A minha mão agarra-se com força
O papel torna-se áspero
O cheiro da tinta torna-se um companheiro
O suor...
E por vezes lágrimas!
Que caem em folhas de papel
Nada mais existe senão...
A minha alma e esta forma de a descrever
Intensamente
Sem qualquer sinal de corrupção
Ou evasão
Por vezes a minha caneta pára!
A minha cadeira estremece
Como se tratasse de um vulcão
A minha alma chora
E o meu corpo mostra uma forte emoção
Por vezes...
Na madrugada...
Aguardo sempre por um estado de consciencia
Que me permita descrever como realmente sou...

quinta-feira, maio 19, 2005

E caminho, e caminho...
Por ruas que já são conhecidas
Cometendo os mesmo erros
E cada vez mais próximo da morte
E a cada ano que passa
A vida fica mais curta
Obrigando-me a agarrar recordações
Memórias...
E outras coisas que teimo em relembrar
Amando a noite e tudo o que me faz feliz
A qualquer hora...
Para desvendar a alma que ainda tenho
Temendo a morte em doses suaves
Ou morrendo inconscientemente
Sobre um palco de sangue
Ah...
Como gostava de ser um pássaro
Para voar pela multidão
Enchendo o peito e batendo asas
De encontro ao Sol
E reencontrar a música que me faz sorrir

terça-feira, maio 17, 2005

Sinto falta das coisas insignificantes que mais amei na vida...
E quanto mais tempo passa
Poucas são as vezes que as relembro
Talvez se tenham perdido na memória
Ou talvez se tenham tornado parte de recordações fúteis
Acontece que algumas se tornaram mais presentes
Umas pela ideia do que se passou
Ou se pensa ter passado
Outras pelo simples facto de o ódio se ter tornado um aliado
Todas elas não são já reais
Ou foram-no demasiado em tempos
Amando cada momento vou...
Porque não sei quando estes momentos
Se poderão tornar apenas simples recordações
E quero vivê-los intensamente
Pois não saberia viver de outra forma
Talvez o ódio se tenha transformado em vivência
Ou prazer de estar vivo e viver
Tentando crescer no interior
E ao fim de algum tempo
Substitui-se o ódio pela compreensão
E damos lugar á experiencia de vida
Vida que teimo em viver
Com esperança de algo diferente...
Grandioso ou ainda com algum brilho
Brilho que tive em tempos...
Sinto falta das coisas que amei intensamente
Em qualquer momento
E as que amei profundamente
Jazem no meu pensamento recorrente

quarta-feira, maio 11, 2005

Alguns chamam-lhe paraíso
Outros atiram-se para o chão e choram
Na verdade todos lhe tocam
Mas os olhos não os vêem no escuro
…A mente memorizou o sentimento

Quem és tu e porque ficas no escuro?
Por detrás de uma tela branca
Onde andas e para onde vais?

Brincando com o Universo
Abrindo e reabrindo portas
Para o desconhecido…

Onde pensas que as estátuas te levam?
Não falam…
Nem te ouvem sequer…
Parado estás no mundo
Seguido pelo vento

A música
Psicadélica…
Envolve-te num abraço terno e continuo

Tudo tem de ser assim
Mas ainda não conheço o meu medo mais profundo
Todos estamos cansados e dançamos
Na noite…

terça-feira, maio 10, 2005

Onde está a festa
E o vinho?
Onde estás tu neste circulo de temperamentos

Adeus infame burguesa
Culta de palavras
Fraca de pensamentos

Onde estão os teus amigos?
Junto a um poço
Presos na tua teia

Não tens amigos!
Possessão é a palavra que significas...
Controlas a tua vida por regras...

Infame Burguesa
Perdeste o encanto...

segunda-feira, maio 09, 2005

Então pensas que estou aqui...
Que Estive...
Por alguns anos
Pensaste que pudeste dizer tudo o que quizeste
Pensaste que me ofendias com os teus heróis
Tudo o que te falta é uma brisa de amor
Que nunca tiveste
E viveste numa jaula
Mas alguém perdeu chave
Como consegues perder a vontade de viver em tão pouco tempo?
Ès uma alma que viveu a correr
Ano após ano
E continuas com os mesmos medos
As mesmas atitudes
Os mesmos fantasmas
E Segues o caminho incerto pelas ruas antigas
Se alguém se junta a ti
São duas almas que tentam alcançar fins diferentes
Num mesmo rumo
Sem fim
Até ao tumulo
O céu é o limite
Então anda...
Salta o muro e voa
Em direcção a norte
Corre sobre a água
E toca no reflexo da lua
O espectáculo tem de começar...
Em espaços vazios
Adeus céu azul...

terça-feira, maio 03, 2005

Tocamos nas almas de um do outro...
Beijo-te para além do corpo
Agora que vejo o horizonte que eu não via
Mas docemente sonhava
E...
Beijo-te para além de tudo
Como se as nossas almas pudessem ter um rosto
Beijo-te na presença do mar...
E no silêncio das ondas...
Beijo-te e sinto que me tocas na alma
Assim como quero tocar na tua alma...
Encanta-me também a fome que tens de me beijar...
E conheco-te como se ontem fosse o ultimo dia da eternidade...
E conheces-me como eu me conheço...
Fantasia...
È bom ver que te enganas por detrás desse teu ar rebelde
E como te enganas...
Quem sou eu para sentir que sou a pessoa mais infeliz no mundo?!
Sim sinto-me infeliz
Mas não a esse ponto que tanto fazes questão de imaginar
O pássaro que olha a serpente
È apenas um pássaro...
Nada tem a ver contigo
Mas a serpente sim... tem a ver comigo
As coisas nunca são leveza para ninguém
Devias conhecer-me...
Pelo menos nesse campo
Afinal...
Noites de conversa
A viagem...
Nunca até ao centro da terra...
Mas tentando desvendar o que anda por dentro de mim...
È cruel da tua parte
Deduzires que penso
Que sou a pessoa que pior se sente
Nunca fui assim e nunca serei
Todos temos a nossa forma de sofrer
Á nossa maneira...
Cabe a cada um olhar para o outro e interpretar
Da forma como nos é mais fácil ou mais alheia
Mas que se enterrem as palavras
Porque estas ficam sempre áquem do que se sente
E o que se sente fica longe
Do que se deduz
Pois já vimos que é assim
E assim será
Mas nada de fantasia
Não existe aqui...
Pois aqui estamos sós
Nem tudo necessita de ser evidente
Mas existe sempre algo que precisa de ser detalhado

James Baldwin disse:
"Nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado"

Enquanto não enfrentar sozinho
Ninguém mais pode ajudar...
Podendo até correr o risco de regredir o que foi atingido até então
Imaginaste mal... Também tenho saudade
Lisboa vista do miradouro é mais bonita do que vivida por dentro...
Palavras frias…
Desmedidas…
Piano…
Sofrendo desmedidamente alguém disse
Uma vasta praia de corpos nus
Ah eu queria lá estar
Queria mesmo…
E o teatro…
Um Pássaro contempla a morte da cobra
A noção de querer já se foi há muito tempo
Os fantasmas afastam-se perante uma noite intensa
Também me entristece tudo isto sabes…
Também me entristece…
E magoa-me também
Parece que não tem um fim
E como tanto sabes continuo a andar em círculos
Como se nunca soubesse onde está o norte…
Será que a floresta tem um fim?
Eu conto-te uma história sobre um homem
Que nunca soube como tudo começou
Obedecia à lua
E contava pelos dedos
Todos nós temos um número a representar
Procurava uma resposta em vez de um caminho
Piano…
Teclas suaves e doces
Embalam-me em noites quentes
Suavemente fecho os olhos e deixo-me levar
Pela música que ecoa pelas paredes
Entre ruídos loucos e desajeitados
E pessoas que riem
E eu estou aqui
E tu estás ai
E nós continuamos por ai…
Desmedidas…
As palavras
Por detrás de uma cortina selada
Onde ninguém ousou tocar
Senão tu…
Que as descobriste por entre os olhos
Que tanto pretendes entender…
O meu único desejo é ver no que tudo isto se poderá tornar
Porque estou cansado
E nesta noite antes de me ir embora
Quero dizer que sinto falta de ser eu…

quinta-feira, abril 28, 2005

Ah... Os beijos e os abraços
Apertados
Pois esses ficam na eterna guarida da esperança
Alcançando um lugar no norte imortal
Aguarda-me pois eu vou pelo caminho mais distante
E serei mais um na madrugada
Tirando para fora todos os momentos
Que me fazem infeliz
Vivendo a vida como um bloco de gelo
Frio...
Sem nenhum local para fugir
Sento-me e vejo a chuva
Escorregar pelas paredes de madeira
Sentido único de liberdade
E vens cavalgando pela rua
Até mim...
Enfrentando e deixando para trás tudo de mau
O Sol é o mesmo que de uma forma relativa te queimou
Não o alcanças mas que sabes que está perto da morte
Gosto de estar aqui quando posso
E tu?
Ninguém sabe onde andas
Ou para onde vais
Onde vamos?
Um grande buraco no céu...
Talvez...
Não preciso!
È um jogo que deixei de jogar
Por ter medo de ganhar
E saber no que me posso tornar
E tu não podes contar-me o que sentes...
Porque não tinha imaginação para te compreender
Sei o que sinto e o que amo
Diz-me uma côr que gostes
Uma pessoa que ames
Um animal que veneres
Diz-me que me viste assim
No gelo...
Frio...
Com a chuva contornando o meu rosto
...E continuas a remar e a correr
Até encontrares alguém
Que parece afogar-se
Encarando o poder do mar que se estende nas tuas costas
E parece acabar a tua vida
Num pequeno murmurio
Que mais parece a morte
Arrancando-te os momentos que tiveste em vida
Brincando com algum pedaço de ti
E á espera que te mostrem um novo caminho
Viras-te para o Sol e perguntas
Porque continuas a ver a chuva?
Porque ninguém te mostrou o caminho
Ou para onde devias de correr quando sentisses medo
Angustia...
Ansiedade...
Mas é tudo tão relativo...

quarta-feira, abril 27, 2005

Conheci uma mulher,
A cara dela pareceu-me estranha
Como se vivesse há já alguns anos
Disse-me que me tinha visto numa auto-estrada
Continuou a falar comigo
E continuou a olhar-me como se me conhecesse há anos
Tenho a certeza que já tinha visto a fotografia dela
Mas nunca me pareceu tão real
Pergunto-me como tudo terá sido
E ela continuava lá
Como terá sido a vida
Os sonhos
A mudança
Por detrás das rugas existem sinais ainda de esperança
A cara rigida e fria
Como se estivesse a correr contra o vento
Relaxando sobre um banco de madeira
E lá estava ela
Não existe nenhuma forma de voltar atrás
Penso que todos os pensamentos deviam de ser maiores que ela
E ela conhecia-me
Por dentro
Como se fosse os dedos
E eu os acordes de uma guitarra
Sorrindo...
Nada mudou
Mas a poção mágica fez desaparecer um velho amigo
Uma estranha
E continuo á espera do que vai acontecer a seguir
Antes de ela olhar para mim de novo...
De me sorrir
E de chorar...

sexta-feira, abril 22, 2005

São tempos como estes que nos fazem viver
E Aprender de novo...
Não te faz sentir mal quando apagas a luz!!!
Vês caras estranhas no escuro
Pensas por momentos que não estás sozinho
Ninguém vai aparecer para te ver
E não tens lugar onde ficar
Ninguém te ouve
Nada é o que estás a pensar...
Chorar não ajuda, e rezar está fora dos teus limites
Mas se continuar a chover vais desejar morrer
E no fundo sabes onde irá dar esse caminho
Já lá estiveste
E continuas a ir ao fundo
Ao fundo...
Bem fundo.
Mas tens o que precisas para vires a cima
E continuares um caminho distante
E sentes-te mal quando tentas alcançar uma porta
De alguém para te ajudar
Olhas as estátuas de reis á tua volta
Estátuas erguidas em nome de algo que não valorizas
A noite passada foi em branco
E no Sábado vais para fora
Eu não quero ficar parado
E ver a vida passar
Como uma estátua que se ergue de encontro á multidão que passa
Ah...
Possuis tantos sentidos
Mas só um deles te possibilita a visão
De algo
Que esqueceste no tempo...
Procura-o
No fundo, no fundo...
Procura
Bem fundo...
Porque também sabes que vai fugir-te de novo

terça-feira, abril 19, 2005

Nesta curva tão simples e insinuante
Que é a vida...
Deito-me suavemente...
E mais logo
Quando a noite dorme
E as estrelas ficam por detrás da Lua
Cubro a madrugada com algum suor
Sentindo a vida que corre
Dizendo-te adeus...
Tropeçando na ternura de um olhar
Alimentando-me de um sorriso
Lamentando as saudades e os outros sorrisos
Subtilmente desvendando a forma como sorris
Mas em vão...
Buscando a eterna luz
Precisava que ficasses junto a mim
Como a dor que me consome
Para assim retirares toda a essência do meu ser
E sugares todo o carinho que tenho ainda
Antes que venha o frio e a eterna madrugada
Antes mesmo de eu virar as costas e subir mais alto
Subir pelo mar e descansar sobre as ondas
Pablo... perguntaste uma vez se o "âmbar contêm as lágrimas das sereias?"
Não sei responder-te
Mas sei que algumas gotas do mar
Contêm algumas das minhas lágrimas
Algumas delas ainda batem nas rochas
Como fortes ondas de paixão...
Ou suaves ondas de amor
Ondas sublimes de descanço
Ondas de dor
Lágrimas de prazer...
Sendo o âmbar algo invulgar
E a sereia misteriosa

terça-feira, março 22, 2005

Vivi todos os meus sonhos
Desde que me senti vivo
Incompleto e por vezes desumano
Contudo vivo na desordem e no caos
Interior...
Eternamente buscando um simples segredo
Que teimo em descobrir
A vida são alguns segundos contados pela não paragem do tempo
O tempo...
O desconhecido deambula por entre nós
Percorrendo a vida com a sólida experiencia da velhice
Quem és tu que andas por entre a multidão
Perpetuando um grito de liberdade a cada momento de glória
Onde reina o sangue e o valor dos homens
Existiu outrora um cavalo branco
O qual me chamou á verdadeira vida
A vida das descobertas e dos prazeres mundanos
Como me seguiu por entre as ruas e praças antigas
Onde fidalgos e prostitutas passaram as suas noites de orgia
Quero ver para além do mundo... pois o mundo corrompeu-se
E prostitui-se uma vez mais...
Perante a sociedade negra
Tenho um resto de esperança
Algures no fundo da minha alma

quarta-feira, março 02, 2005

Este é o meu poema para ti,
Guerreiro
Atolhado na fúria das batalhas
Deus ou diabo ensanguentado
Fé removida pelo desejo
Alterado pelo suor da madrugada
Tu sabes do que falo
O ódio que me refiro
Animal ou besta
Sabes que eu te conheço
Olhei-te nos olhos...
E confrontei-te com a verdade
Alcançaste o teu desejo
E tens medo de te mostrar
Mas não bebes para escrever poesia
Nem te drogas para te catapultares para outra dimensão
Tens medo...
Tens receio
Do que possas escrever...
E quando olhas a tua vida
Vês um circo de números incompletos
Jornadas poéticas
Escritas nas madrugadas em que te sentias sozinho
De que tens medo?
De alguém para te ver?
Para te olhar no teu intimo...
A tua espada anseia um ultimo golpe!
A lâmina está drogada...
Pelo teu murmúrio
Saudade de vida eterna
E tu sabes... Sabes mais do que me dizes...
Como vai ser no final do túnel?
Anjo...
Momento de liberdade
Onde a alma é deixada sobre um véu
E um prisioneiro olha de novo a estrada
Eu sou eu!
Consegues Perceber?
Emoções e desejos
Vê-me e sente-me!
Com os teus olhos
Sou um guia neste circo
Posso fazer com que a Lua não gire mais em torno da terra
No meu mais intimo desejo
Posso fazer com que o ar que respiro se torne o espaço que tu ocupas
Sou Eu!
E eu posso!
O medo...
Um ataque!
Uma criança que fica sozinha na noite
Animais mortos...
Sombras
Uma faca afiada que afirma entrar pelo teu corpo

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Eles cavalgam á noite
Dois amantes numa qualquer madrugada
Corpos suados por entre lençois de seda
Azul...
Sem tempo correm pela noite
Onde se fundem com a vida
Ofegantes...
Sorrisos que alcançam o extase do prazer
Num delirio quase divino
Amantes na madrugada de verão
Calor
Emocionados pelo descontrolo
Atirados ao prazer que os consome a cada momento
Cada segundo
Que empata o tempo num frenético jogo
Sem um fim aparente
Que se aproxima...
Que se mata e se consome ao mesmo tempo
E que renasce após vários limites, ilimitados pelo prazer
Um espelho grava a recordação da noite durante o dia...
Marcas de suor na cama
No chão,
Na mesa...
Em redor o cheiro a sexo mistura-se com algum perfume
Memórias de um odor que te perturba e te faz querer mais e mais...

sábado, fevereiro 19, 2005

Embarco em direcção a norte
A caminho da glória mistica
Dos sonhos...
E dos pesadelos...
Remando até ao infinito
A caminho da vida
Sem esperança de ser feliz
Longe da morte

Embarco numa noite fria
Onde o vento deixou de soprar
Num dia calmo
Onde a Lua ficou a caminho do horizonte
E o rio secou junto á terra

Embarco e vivo
Vivo no limite
Na imensidão de um espaço apertado
Vivo na penumbra da noite
Alcanço o infinito numa velocidade estonteante
Percorro montanhas

Mas...
Ávidamente procuro a minha essência
Sem medo volto as costas
E não sei como encontrar o que procuro
Sento-me sobre uma rocha
E aguardo a morte num silêncio calmo

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Desculpa...
Não te saber amar
Não saber confiar mais
Ao meu jeito amo-te
Mas falta-me algum brilho
Que deixou de existir
Quero-te num lugar onde as estrelas não tocam
E o ar não se corrompe com a madrugada
E parece que não voltarei a acordar bem de novo
Parece que entrei num buraco negro
Um vácuo
Onde não sinto respirar
Nem mesmo sei se quero
respirar...
Por vezes engano-me e acordo
Sem razão
Desculpa por querer-te e não saber o quanto

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Hei-de chamar-te aqui
Para me veres
Um dia quando a lembrança do que fui
Se tenha desvanecido
Verás que Deus me abandonou
No final de uma história fria
Uma descoberta amarga
Ou uma Vitória sangrenta
Um campo de batalha aberto
Aos desconhecidos da vida
Um dia chamar-te-ei aqui
Para sentires o que senti
Ouso pensar o que tive
Pois já não sei o que sou
Tudo é possivel
Mas eu sou impossivel
Como as lágrimas que caem sem tempo
No meio da triste e longa madrugada
Já fria
Ferida! Sim!
Pelas trevas da noite
Não há mais vida em mim
Sem a loucura do amor
Encontro-me sem sentido
Perdido da multidão que me acompanhou
Quero estar num motel
Com um copo de vinho na mão
Recostado num sofá
Olhando para a minha vida
vejo retratos de veludo
Mulheres que dançaram comigo
Sem sentido
Perdi-me no tempo
Nada mais há em mim
Do que uma vontade louca de amar
A minha mente está acima de qualquer estudo mortal
Sorridente alcanço o infinito com um sorriso

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Do amor nada mais resta do que uma lágrima
E quanto mais nada existe
Mais pareço deixar de existir
Sinto que me desfaço
Por entre a madrugada
Que me leva ao desespero sem abrir a boca
Sonâmbulo percorro a noite
Esqueço o tempo e vagueio pelas trevas
Não…
Tu não és a cidade
És a minha viva memória do que fui
Não! Tu não mereces estar aqui!
E como um adolescente
Digo-te adeus…
Procuro a tua escultura de Setembro
Procuro o sossego no teu aroma
Agarro-me a uma estrela azul
E amo a madrugada
Do amor nada mais resta do que uma lágrima
Que cai no fundo de uma alma
Que me sustém na vida
Que parte sem mim no vazio
E se perdeu por entre o mundo
Percorreu o oceano num frenético sonho
Encontrando uma pérola na estranha caminhada
Oh! Como sou triste
Como me sinto só
Ausente passo por entre a vida
E as rugas…
As rugas vão aparecendo
Não são mais ausentes de mim
Do amor nada mais resta do que uma lágrima
Que cai…

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

O mundo ergue-se de novo
Após alguns estilhaços
E eis que acordam pessoas na madrugada
E vêem viver um novo dia
Aqui estamos na ausência da noite
Um despertar demasiado calmo
Para ser verdadeiro
E o que é ser verdadeiro?
Alguma vez pensaste nisso?
O que é estar vivo?
Alguém já te explicou
Provavelmente através de alguma ciência
Inventada pelo nosso mundo
Estou a falar de viver
Experiência...
Abraçar a onda
Por falar em onda...
Alguma vez tentaste abraçar a água...
Sentir o seu verdadeiro poder
Uma simetria que ultrapassa qualquer coisa que tenhas pensado
Estares no meio do Oceano
E teres a consciencia
Que o mar te rodeia por completo e te abraça
Experimenta...
È demasiado bom para ser real
E num determinado momento queres ser sequestrado
Por alguém que passe
Quem sabe uma sereia...
Ajudem-me! Ajudem-me!
Oh... Estou a morrer...
Salva-me deste cruel mundo
E assistes a um verdadeiro
Momento de liberdade interior
Que te separa do mundo
Como o conheces
Que te transporta para outra dimensão
Onde sentes que fazes parte de um todo
Mas voltas a cair de pára-quedas no infinito
Gosto de olhar para ti
Sem que te apercebas
Apetecia-me falar...
O que nem sei se quero compreender
Agrada-me o teu sorriso
Não te conheço
Mas não me conheces também
Vivo no silêncio por alguns anos
E estou a desmascarar a minha vida
A cada minuto a cada segundo da minha curta vida
Sinto que vou desaparecer sem olhar-te nos olhos e sentir-te
Oh!! Como queria beijar o teu sorriso
Percorrer de forma ávida o teu corpo com os meus olhos
Nem sonhas quem sou
Mas eu também não sei para quem escrevo
Podia amar-te, podia dizer-te adeus
Podia contar-te um segredo
Ao ouvido
E aproximar-me de ti...
Beijar-te o pescoço
E sentir a tua respiração ofegante...
Sentir-te apenas...
Podia ser alguém que te dá prazer quando queres…
Podias ser a minha musa…
O meu mais completo delírio divino
Podias ser a madrugada que me acompanha
E quero-te
E preciso de amar-te
O mundo
Monte de inúmeros desejos
Inatingíveis
Segredos que ultrapassam a vontade
De viver
Vozes que se encontram
E se relembram
Olhos que se cruzam
Caras que se tocam num simples toque de uma expressão
Conselhos de um velho
Sérios desencontros
Paraísos desconhecidos
Guardados por um dragão
Montanhas coloridas
E estrelas cintilantes
Crueldade que se manifesta em delírio
Um homem vive toda a vida num pequeno canto
Forma o seu quintal e colhe flores
Ama a vida e o mundo
Imundo! Ele é Imundo!
O Mundo…
Percorri o desfiladeiro da morte
Não voltarei a ser o que fui
Não voltarei a sentir o que senti
Apenas sou mais um que corre em desespero
Contra a morte…
Saboreando a vida com um sorriso
Ora triste…
Ora contente…
Serei apenas mais um que corre depressa
Mundo cruel....

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Ontem deitei-me junto á janela
Ouvindo o sussurro de uma estrela
Senti que não estava só
Pois a estrela acompanhava o meu respirar

Ontem deitei-me no leito de uma cama
Adormeci na madrugada fria
Inquieto pela incerteza de um doce beijo
Contei aos meus sonhos o que sentia

Ontem deitei-me e vi a lua sorrir
Vi o mar chorar
E ouvi uma estrela sussurrar
Mas o que é que eu sinto que não sei explicar
Que força, que sombra, que vida que não sei viver
Que estremece com a minha sombra e me faz voar
Me devora e me consome até ao ultimo folego
Que vida,
Que amor,
Que alma,
Que sonho que vivo e teimo viver
Que Deus teimo procurar...
Sem encontrar...
Sem viver
Morrendo cada dia
De esperança por saber que não sei viver
Que madrugada aflita no meio da noite
que Infeliz me torna ao sentimento vivido
Que sonho bom ou mau onde sou Vilão
Que sombra que me consome o real e me torna irreal
Que morte,
Que vida,
Que vivo em desespero,
Que angustia de viver e ser feliz
Que remorso de não ser feliz
Que desperdício de vida que tento consumir
O meu coração…
Assemelha-se a uma guitarra que toca
Que liberta um acorde num ultimo refrão
Querendo pôr um fim a uma musica sem sentido
Um acorde que me liberta e me faz vibrar
Me faz chorar, me faz sentir, me faz sonhar
Que vida sem alma, sem querer
Que liberta o meu poder
Que energia pura ou viva
Que se entrega nesta noite
A um romântico apaixonado
Pela vida
Que morte consumida
Pela duvida
(Risos)
Porque ris? Porque sonhas?
Porque és?
Porque gosto! Porque Amo!
Porque Sou!

terça-feira, janeiro 25, 2005

Sinto-me pairar no ar
como se voasse por entre os tempos
Procurei
E não sabia o que iria encontrar
O que iria sentir
Não sabia o que iria pensar
Pois bem...
Amei o momento
Foi demasiado bom
Direi mesmo extasiante
Passados tantos anos
Sentir ainda algo mais forte
Pareceu-me que tudo finalmente tinha um propósito

segunda-feira, janeiro 24, 2005

E quem és tu?
Que perguntas por mim?
pelas ruas...
Fazes chegar a tua voz bem perto
Sussurras ao meu ouvido durante a noite
Anjo mau
E Quem és tu?
Que te escondes por entre a multidão
Por entre as casas
Fazes com que me encontrem no meio da chuva
Tocas-me no ombro
Mas não deixas ver o teu rosto
Quem és tu?
Sombra ou raio de luz
Que me assombra
Que me atormenta
Que dá vida a esta alma
Que me despoja de remorsos
E me torna real por momentos
Quem és tu...
Princesa morta ou Rainha viva
Que entras no meu templo e me fazes curvar perante o teu rosto
E me convertes num pássaro livre

domingo, janeiro 16, 2005

Deito-me e acordo
Acordo na madrugada
Á espera de álguém que note um qualquer sorriso meu
Acordo porque não sei já dormir
Acordo porque não consigo sonhar
Acordo e escrevo algo que não tem fim
Acordo e dou comigo a escrever palavras que não sei falar
Sentindo-me sem rumo
Sentindo que a vida passou a correr
E adormeço...
Adormeço pensando que tenho medo
Medo de morrer
Medo de ter desperdiçado a minha vida
Medo de não conseguir amar
Preciso de alguém que me faça sentir vivo
Preciso de alguém que preencha as minhas linhas
Preciso de alguém que apague as minhas madrugadas
Encontra-me
Sei que estás ai
Sei que queres falar mas tens medo
Pois falaremos por códigos
Fala-me...
Escreve-me...
Ama-me no teu intimo
Usa magia para falar comigo
Eu consigo ouvir-te...
Usa a tua alma
Fala-me...
Alguém pegou nas minhas palavras
Numa sexta á noite
E mostrou ao mundo
Alguém deu valor aos meus sentimentos
E compreendeu o que senti
Alguém fez um monólogo sobre o amor
Obrigado...
Do fundo deste coração Obrigado
Não consegui conter a lágrima que escorria
Enquanto tu falavas...
Confundindo-se com os sorrisos seguintes
Das tuas proprias palavras
Obrigado
Foste simplesmente alguém
Que me deu um presente para toda a vida
Conheço-te tão pouco e tu de mim sabes tanto
Obrigado
Não sei se deva escrever o teu nome
Optei por não o escrever
Mas sabes quem és...
Vou lembrar-me de ti para sempre

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Que vida é esta
que vivo em desespero
Os nossos caminhos nao se econtraram
Mas a minha alma continua a procurar a tua
A tua alma sente a minha
O meu coraçao bate com o teu
E eu nao sou teu
E tu nao és minha
E estas no meu coracao
ès o meu querer
ès o meu pensamento
Ansiamos por momentos de prazer
E os nossos corpos tocam-se em sonhos
Estás nos meus sonhos
Nos meus mais intimos desejos
Mas longe do meu viver
Que vida dividida
Que dor sem vida
que dor de amor por ti...

terça-feira, janeiro 04, 2005

O meu coração
É um caminhante sem mapa
Que perde o seu destino através de uma longa caminhada
As ruas são estreitas
Visto do céu
Ele caminha por um labirinto
De vez em quando encontrando pedaços de doce amor
O meu coração aliou-se à vida
Para seguir um caminho certo
Mas juntos continuam a bater nas portas erradas
Andam os dois pelas ruas
Pelos cafés
Bebendo luxúria
Procurando carinho
Encontrando desgraça, dor
Espalhando vitória, morte, amor…
Andam estes dois levando-me para um lugar
Onde ninguém me encontra
E lá falamos durante horas
Madrugadas, dias…
Amamos as mais bonitas mulheres…
A vida com a experiência…
O coração a vontade de amar
De sentir… de percorrer novos caminhos…
E eu sigo os dois como um menino
Que se agarra com toda a sua força
À mão da mãe…
E seguimos os três por um labirinto
Perdendo-nos por entre a multidão
Pelas ruas
Choramos juntos
E as nossas lágrimas
Formam por momentos pequenos rios…
Sorrimos de alegria
Sofremos de amor
O coração precisa de mim para viver
E eu amo a vida
Sigo-a por onde ela me levar
E no final teremos um mapa completo
De todas as casas
Os nomes das pessoas
As arvores…
As ruas…
Por onde passámos
No final ficaram as palavras
As histórias
Os contos…
Dou comigo a escrever
Não sei que nome devo dar a estas palavras
Uma escrita que vem de dentro
Profunda demais para não ser real
Adoro a vida
Amo viver
E não acredito que nenhum animal
Não sinta o mesmo que eu
O mesmo prazer em viver mais um segundo
Viver…
Sentir o real
E os Animais lutam no esforço pela vida…
E nós construímos monumentos
Para as matanças
De animais…
Muitas em Louvor a Deus
Com toda a certeza: O vosso Deus não é o meu...
Se ao menos lhes déssemos a oportunidade de viverem
Assim como lhes damos um ultimo golpe…
E um ultimo suspiro
E ainda assim perguntam-me porque deixei de comer carne
O verdadeiro “animal” é o Homem
Irracional por acaso
E o único que consigo ser capaz de desprezar totalmente…
Razões pelas quais me envergonha a humanidade…