sexta-feira, setembro 29, 2006

Ela tem o cheiro do que eu amo
Jamais me conseguirei separar
Preciso de vivê-la todos os dias
Mais que dois amantes
Eu e ela tão juntos
Um sonho de lua…
Deslizou devagarinho pelo meu pensamento
Adormeceu ela nos meus braços
Quisera ser a vida dela neste sonho de água
Até que veio o silêncio
Silêncio…
A respiração dela tão calma
Despertou o meu horizonte
E deixou-me adormecer por mais uns tempos
Neste sonho doce
Amor… Chamam-lhe os deuses
Oculto no silêncio da noite
Não sei porque me sinto assim
Encurralado nesta vida e neste lugar
Acho que vi a tua cara uma vez mais
As memórias abraçam o meu pensamento
Será que cheguei ao meu destino
Talvez nem esteja vivo…
Não posso mais…
Tudo me parece verdadeiro…
Já escrevi isto antes
Procuro uma explicação
Será que estou a perder o juízo?
Ainda aqui estou…
Dentro deste sonho
Mas sinto-me tão perdido
Tão verdadeiro…
Tenho medo de cair no infinito uma vez mais
Sinto que já ouvi a tua voz
Algo me faz lembrar que ando à tua procura
Mas não tenho explicação
Sinto-te tão perto…
Que tenho de me proteger de mim mesmo
Ando perdido nesta visão paralela da minha existência

sexta-feira, setembro 22, 2006

Os sonhos são para os que ambicionam o infinito
Quero apenas flutuar na imensidão da tua presença
Não quero ir para o céu onde os anjos voam
Quero andar por aqui
As pessoas choram e sorriem
Vivem e morrem
Aprendem...
Quero ver-te e tocar-te
Amar-te
Quero ser o que tu queres que eu seja
Quero-te na presença de todas as coisas
Os sonhos são para os que deixaram de viver
Quero respirar-te
Sentir-te
Não quero sentir a tua ausência
Porque as cores tornam-se cinzentas
E as memórias mais curtas

quarta-feira, setembro 20, 2006

Estou morto por dentro
Será que já não penso em ti?
Estiveste sempre tão longe…
Que a dor deixou de me perturbar
De me fazer fugir…
Como costumava fazer antigamente
A dor…
Consegui um pacto com ela
Tornou-se a minha aliada
Um escudo…
Mas algo sempre me impediu de a ver
Essa dor antiga e demente
Estiveste sempre tão longe
Que perdi o sentido da minha fuga
Já nem consigo suportar o cheiro da solidão
Estás sempre tão longe…

terça-feira, setembro 12, 2006

Agarra-me porque amanhã vou estar longe
Jamais estarei por aqui…
Então agarra-me agora porque me vou
Louco e livre…
Sem sentido…
Prende-me porque vou querer fugir
Agarra-me na sombra para não ver o mundo
Deixa-me repousar na ternura deste momento
Então seduz-me de novo porque me vou...
Ama-me porque necessito…
Jamais virei aqui de novo para vos ver
Esta pobre solidão precária aniquila-me
Mata-me lentamente…

domingo, setembro 03, 2006

Os dias para mim
Noites que perco…
Sou aquele viajante…
Sou toda a saudade
Perdi já as mágoas no mar
E não te vi…
Não duram mais que um verão
Dias cinzentos…
Cercado pelos caminhos incertos
Onde tantas vezes me perdi
Onde quantas vezes errei
Bebi alguns sonhos e desvarios
Nestes rios…
Onde andei eu?
Nasceram os sonhos no tempo
Mas não se fizeram as coisas belas
Vimos a Lua e o encanto da noite
Puro âmbar dos poetas
Sem curso continuo a viajar pelas estradas
Vejo as ruas
As casas…
As portas…
As janelas…
As pessoas e as crianças
Caminho pelas ruelas
E pergunto-me se alguém me vem ver
Neste fado que me entristece

sexta-feira, setembro 01, 2006

Estou tão longe
E tão perto
Neste meu desejo secreto
Na subtileza do silêncio
Desenho um poema discreto
Uma lua brilhante...
Sem pedir licença entrou no meu mundo
Lá de fora vejo a vida diferente
Não quero esquecer este momento
E de repente, sinto-me tão viajante...
Saio da cama, percorro os corredores
Desta intensa viagem…
Abraço um sonho
Desenho mais uma palavra
E desejo-a...
Oculta na magia do meu pensamento
Sem autorização, ela borra-se no meu poema
E ama-me lentamente
Sento-me do lado de fora
Na imensidão da minha ausência
Para vislumbrar este cenário de saudade