terça-feira, setembro 27, 2005

Amo-te aqui…
Onde ninguém te vê
E todos te sentem
Onde o mar toca os meus sentidos
E me acorda para te descrever
Amo-te aqui e ali…
Onde o som da tua voz
Se confunde com o ruído suave da noite
Onde as estrelas
Sussurram pelos cantos do universo
Amo-te cá…
Num local onde a Lua nunca tocou
E a madrugada em tempo algum ousou pousar
Onde a vibração dos corpos é eternamente intensa
E os anjos se embriagam levemente
Amo-te…
Como se algum dia esperasse o fim da eternidade
Para te deixar um beijo no rosto

segunda-feira, setembro 26, 2005

Bebe-me
Absorve-me em doses lentas
Come as minhas palavras
Amargas ou doces
Duras
Sou apenas uma superficie interior
Da boca da minha arma
Não sou jamais lisa
Sou estriada...
Deleita-te com o meu mel
Serve-te de mim
Afunda-te comigo
E sorve-me lentamente...

quinta-feira, setembro 22, 2005

Fui tão longe mas não me sinto diferente
Talvez maduro
Continuo ainda à espera que me levem daqui
Que dirão eles?
Ele foi um bom homem
Entrou na escuridão e continuou a andar
Nunca parou
Ele foi um assassino eremítico
Quem sabe um domador
Das palavras que saíram como gritos
Gritos alucinados de prazer...
Um puzzle de pensamentos e ideias
Uma visão aberta sobre a alma
Foi um sonhador
Um amante tranquilo
Já nem sei se hei-de sonhar
Ou até amar
E deixei-me amar
Talvez nem seja já eu que estou aqui

quarta-feira, setembro 21, 2005

Seduz-me seda pura
Porque a noite é mesmo assim
Voa sobre o meu tempo
E ri-te da madrugada
Quero ver-te com o meu pó nas tuas mãos
Quero sentir que viajas no meu mundo
Enquanto te acompanho com as minhas asas
Percorrendo uma estrada diferente
Um atalho…
Um caminho oculto por entre as margens de um rio
Ah… Como é áspero este amor
Por vezes com falta de alguns tons de azul

terça-feira, setembro 20, 2005

Não te sentes isolado?
Quando caminhas por uma longa estrada
Quando te sentes afastado por esta solidão
Que se alastra dia após dia
Como uma epidemia de sentimentos
Convulsos…
Sentes-te assombrado pela memória
Pela vasta recordação de ser o que se foi
Tentas pedir ajuda
Subornas o teu sentimento mais profundo
E alcanças algum extremo que te deixa de perturbar
Medo…
Quero contar-te um segredo
Mas a minha boca está seca
E não há espaço para as palavras que te quero dar
Mas…
Venda-me os olhos e deixa-me pintar um sorriso…
Legar-te uma flor
Acariciar-te um beijo
Dar-te um poema
Deixa-me abandonar a minha cabeça no teu ombro
E descansar na tua presença eterna

segunda-feira, setembro 19, 2005

Nem uma palavra...
Nem uma única
O quarto está escuro
A vela apaga suavemente
Por momentos passaram por mim
Dois minutos,
Duas horas,
Dois Anos,
Duas vidas...
Um êxtase de pensamentos,
E um pássaro infeliz…
Pela manhã sai para a cidade
E procurei-me no meio de corpos desenfreados
Não me encontrei...
Estava à beira de me enganar de novo
E se eu não conseguir ir até ao fundo
Irei aonde a minha alma me deixar
Irei onde eu me cansar
Será que irei?
Até onde houver estrada para andar eu vou
Vou caminhando
Dois minutos…
Foram antes dois dias…
Fui dormir no chão com alguma dor de cabeça
Deitei-me junto à janela
E morri uma vez mais
Como tantas outras…
Em tantas mais páginas
Mais uma…
Sozinho
Mais uma madrugada
Cansado
Imprudente
Pálido
Inconstante
Sonhador
Morri uma vez mais…
Por momentos pensei que não queria mais respirar
Mas depois lembro-me como é sempre bom acordar
De manhã
Hum, e como é bom…
Há se vocês soubessem…
Ao ser incauto torno-me fraco
Sou mutável…
Instável
Variante
Sou eu assim
Não sei porquê…
Não me perguntes porquê…
Sou aquele que sonha fatigado
De percorrer um caminho incerto
Talvez amargurado!
O que seria a vida
Sem de vez em quando saborear um sabor
Amargo adocicado
Será a vida um apocalipse de doces desejos inatingíveis?

sexta-feira, setembro 16, 2005

Amo intensamente...
Porque só assim consigo saborear
O verdadeiro paladar do amor...
Só desta forma alcanço
A qualidade que me é descrita
Pelos mais altos poetas
Amo intensamente...
Porque só assim consigo amar
E procuro descrever-me
Em mais um conjunto de frases
Que devolvem a sua verdade
A respeito deste teatro de palavras
Que formam esta representação fiel da minha alma
De olhos vendados
Descubro a imprudência triste
De um homem louco
Tentando alcançar algo que encontro lentamente
Caio por vezes
Num buraco fundo de silêncio
Oculto na noite eterna dos meus olhos
Nada mais existe senão o meu toque
Sobrenatural…
Ouço por vezes vozes do passado
Mas presentes no meu ouvido
As palavras encobertas no meu ser
Sentado ali...
A água junto de mim
O tempo parece já nem passar por aqui
Escrevo algumas frases
Que ouso pensar
Outras que nem sequer quero registar
Algumas nem as quero compreender
Sem alguém com quem falar
Perco-me neste lugar
E procuro seduzir a minha alma
Para que me leve a uma memória distante
Arriscando-me a morrer de novo aqui
Busco em ti um beijo mais profundo que este mistério
Sou a porta
Sou um Touro
Sou a casa
Uma casinha...
Sou as paredes que ávidamente percorri
Sou a chave...
Jamais serei o pensamento que entra bruscamente
Sou uma página
Um livro...
Sou a capa que me envolve
E me destrói lentamente
Sou eu ofuscando-me com o peso
Das minhas páginas antigas
Das memórias e recordações...
Sou o tempo
Sou o vento
Sou a chuva que destrói as palavras
Sou a alma que me preenche
E me mata lentamente
Sou o cheiro da terra molhada
Sou o cheiro...
Sou um pedaço
Um pedaço de homem
Ora feliz
Ora descontente
Sou assim
Como quero ser

quarta-feira, setembro 14, 2005

Asfixia-me o mundo
Sufoca-me e prende-me este universo
Asfixia-me a vida
Mata-me a noite
No eterno silêncio da madrugada
Estou farto deste universo selado
Para onde não consigo fugir
Estou farto da dúvida
E de beber água em locais secos
Estou farto deste barco que se naufraga
Num oceano de temperamentos intemporais
A todo o momento…
Quero sair e não consigo
Quero brotar e não me deixam
Asfixiam-me as palavras
Os contos
As vidas
Quero viver e não consigo
Sufoca-me este meu ser ausente…

segunda-feira, setembro 12, 2005

Não sou o Senhor do Tempo
Se o fosse as promessas seriam eternas
E o tempo paráva para sorrir
Sem limites...
Ainda assim
Tento alcançar um mundo
Sem regras
Onde alcanço por vezes alguma paz interior
As memórias
As conversas
Os risos
Ficam sempre na recordação
Mas porquê quebrar?
Porquê não dar mais risos ao tempo
Se o tempo foge invisivel
Com pressa de fugir
Foge por entre os dedos e as mãos rugosas
Por entre os cabelos brancos
Foge o tempo de mim
E dele alimento-me unicamente dos sorrisos
Dos beijos
E dos abraços
Que vivem eternamente na alma
Foge o tempo adulto que foi criança
Foge o tempo já maduro
Sem medo de morrer
Foge o tempo...
E deixa o verdadeiro âmbar
Com o Senhor do Tempo
Contudo páro ainda para sonhar
E percorro o sonho ávidamente
Porque não quero ser perseguido pelo pesadelo...
De não ter tempo para o tempo que há-de vir
Porque o tempo foi inventado para fugir...
Porque se ficares desvendas o infinito
Se te esconderes alcanças o teu limite
Porque não te queres magoar
Porque não sorris em vez de chorar
Canta em vez de sorrir
Ama em vez de fugir
Vive em vez de morrer
Avança e não recues
Porque recuar é recusar viver
Diz-me que solidão é essa
Que se aproxima e te liberta
Consegues ver o teu ser ausente
E o teu olhar desperta a ânsia de viver
Alcançar...
Que tipo de sonho queres viver
Por onde queres tu passar?
Será que estás livre neste lugar?
Nesta noite?
Deténs o meu olhar
E na magia da poesia
Consegues descrevê-lo em doces palavras
Por vezes...
Consegues ver como caio e me afundo
Num abismo profundo
Mas eu...
Estou sempre ausente
E por vezes nada me alcança
Poço fechado
Loucura...
Nada me alcança nesta viagem
Distante de ti
Distante de mim
Distante de todos
Porque só assim consigo caminhar

quinta-feira, setembro 08, 2005

Foste tu assim
Desapegaste-te de mim
Em momentos sinceros foste para mim
O mundo...
Amo-te incessantemente
Como a lua ama a noite
Sou sangue do teu sangue
Sou vida da tua vida
Talvez a idade te tenha feito assim
Ou por entre estas estradas da vida
Não existam já pontes que nos unam
Não importa o quanto gostes de mim
Nada mais importa agora...
Nada mais conta...
Ainda tens o meu carinho
Contudo...
Abraçar-te só em sonhos
Talvez um dia haja alguém que desça a montanha
Para me explicar porquê...
A distância mantém-nos vivos
Atentos...
Mantém-nos conscientes no inconsciente da saudade
Aquela distância imposta pela vida
Recordo-me de te ver chorar
Numa casa de banho de um qualquer restaurante de benfica
A mão apoiada na parede
Costas arqueadas
Soluçando como uma criança
Os teus olhos tristes
Tinha seis anos
E ainda me recordo vivamente da tua forma de chorar
Forte como um homem que eu queria ser
Ainda assim na minha inocencia eu tentei consolar-te
E se te lembrares dei-te a mão e chorei contigo
Quero que saibas
Que a minha forma de chorar é igual á tua
Desta vez por motivos diferentes
Não te lembraste uma vez mais do meu aniversário...
Mas... Não te tenho aqui para me limpares as lágrimas
Ou mesmo para me consolares
Estas caiem fortes mas tristes
Como um fio de água pura
Não te tenho aqui para chorares comigo
Nunca te tive aqui...
Perdoo-me uma vez mais por te perdoar
Perdoo-te porque te amo
Perdoo-te porque te devo a minha vida
Perdoo-te porque ainda tenho esperança de te abraçar
Perdoo-te porque não te consigo odiar
Arrependeria-me um dia de não te perdoar...
E ainda assim me interrogo porque não te lembras de mim
Porquê Pai?
Só queria um abraço forte
Só um...
Aquele que nunca tive
Aquele mesmo que não me soubeste dar
E eu tive medo de procurar
Aquele que no meu coração eu sei que nunca vou ter
Mas tenho esperança de sentir
A minha alma viveria por mais mil anos
Poderia este abraço durar um minuto
Um segundo...
Um momento é só o que pedia

terça-feira, setembro 06, 2005

Sinto que posso descrever-te
Por entre as linhas
Por dentro de tudo o que é puro
Nada mais me faz feliz senão o poder da expressão pura
Voto no silêncio puro e livre
O segmento de tristezas aparentes
Um qualquer simples mortal
Que segue por um caminho insignificante
E se torna demasiado real e perturbador
Faz-me pensar
E reflectir sobre a vida
E os estados de embriaguez que nela coexistem
Sonhos terminados a meio de uma qualquer loucura consciente...
Parece que sinto o gosto de uma eternidade
Que deperdiço com o tempo
Mas desprendo-me da anatomia de ilusões
Tentando tomar partido do que sinto
E me ataca em convulsões
Talvez me deixe assustado
Mas o que isso importa
Já que por vezes vivo na sombra
Mas não me canso da marcha solene
Que se estende pelo caminho
Obrigando-me a acreditar que existo
Apanha um comboio
E voa pelo mundo
O teu...
Ninguém te vai incomodar com o jantar
Mas todos querem ser milionários
Não existe nada melhor para fazer
Aguarda o que teme em libertar-se
Não se fará sozinho
Tens de dar uma ajuda
Esquece a noite e vive comigo
Abandona esses cães selvagens
E vem ao meu encontro
Vem despojada de qualquer arma
Deusa do meu culto
Mostra-te um pouco mais
Quero possuir-te na noite
Os meus olhos viram-te
Os teus cabelos ondularam sobre o meu corpo
E a tua máscara desapareceu
Memorizei a tua imagem pura
E percorri o teu corpo com os meus dedos
Suavemente...
Temendo conhecer-te
Mas querendo perder o controlo
Estou contente por termos testado o infinito
Por onde andas?
Vejo-te crescer... pelo meu intimo
Procuro-te no âmbar da noite
Acariciando a madrugada com o teu sorriso
Ah... oculto está em ti o segredo do meu prazer
Bem intenso no teu ser
Desfruto do teu sabor suado
Salgado

segunda-feira, setembro 05, 2005

Maduro
O meu olhar
Que amor tangente te fez assim?
Amargo e doce...
Quem te deu esse tom de voz?
Ainda suave...
Ah... Como a vida nos faz viver desatentamente
Suavemente pintando rostos na presença do infinito
Amadurecendo na eterna esperança
Quase que me envolvo em lutas desiguais
Nunca importou quão alto voes amigo...
Importa sempre o local onde vais descansar
Eternamente...

quinta-feira, setembro 01, 2005

Ès tu assim?
Ès mulher
Ès vida
Há amor em ti
Sem tempo
Com carinho
Pinto o teu rosto no meu pensamento
Cresce em mim uma vontade
Vontade de beijar
De trepar as barreiras
E ser feliz
Aproxima-se o dia do meu aniversário
Mais um...
Um esperado momento de extrema diversão
Alguém diz que aquele que goza o aniversário
È porque sabe viver
Eu gozo o meu...
Numa cidade que não é a minha...
Rodeado de natureza ainda pura
Aproxima-se o dia
De alguém que teima em viver
Com força de caminhar e conhecer
Amo a vida e o que dela faz parte
Talvez o túnel não seja sempre escuro
Como o pintamos...
Ou talvez a caminhada nunca seja tão longa
Como a descrevemos
È preciso saber cair
E continuar a caminhar
Acordar...
E continuar a sonhar
Poesia...
Podia dizer algo sobre ti
E tu de mim dirias tudo...
Mas só contigo posso sonhar
Porque tu és assim
Posso aqui morrer quando quiser
Posso partir assim que desejar...
E as estrelas para mim serão sempre um sinal
Da tua guarida
Talvez sejamos os dois tristes amantes da vida
Mas só tu me dás real força para viver
Dás-me conforto...
Alegria
Para continuar a amar a madrugada
A vida
E a noite...
O som do mar e das estrelas
Parecem consolar-me durante alguns instantes
Tentando acalmar-me
Mas o barulho de algo que me perturba
Parece querer ser eterno
Não tenho para onde fugir neste local
Um campo aberto de paixões...
Só o mar me consola neste mundo
As estrelas
Juntas...
Parecem falar entre elas
Como se fossem Lírios brancos na madrugada
Dois amantes amam-se na praia perto de mim
Ao som desta balada...
As pegadas das gaivotas na areia escura
Deixam ainda a sua presença
Na terra húmida