quinta-feira, setembro 08, 2005

Foste tu assim
Desapegaste-te de mim
Em momentos sinceros foste para mim
O mundo...
Amo-te incessantemente
Como a lua ama a noite
Sou sangue do teu sangue
Sou vida da tua vida
Talvez a idade te tenha feito assim
Ou por entre estas estradas da vida
Não existam já pontes que nos unam
Não importa o quanto gostes de mim
Nada mais importa agora...
Nada mais conta...
Ainda tens o meu carinho
Contudo...
Abraçar-te só em sonhos
Talvez um dia haja alguém que desça a montanha
Para me explicar porquê...
A distância mantém-nos vivos
Atentos...
Mantém-nos conscientes no inconsciente da saudade
Aquela distância imposta pela vida
Recordo-me de te ver chorar
Numa casa de banho de um qualquer restaurante de benfica
A mão apoiada na parede
Costas arqueadas
Soluçando como uma criança
Os teus olhos tristes
Tinha seis anos
E ainda me recordo vivamente da tua forma de chorar
Forte como um homem que eu queria ser
Ainda assim na minha inocencia eu tentei consolar-te
E se te lembrares dei-te a mão e chorei contigo
Quero que saibas
Que a minha forma de chorar é igual á tua
Desta vez por motivos diferentes
Não te lembraste uma vez mais do meu aniversário...
Mas... Não te tenho aqui para me limpares as lágrimas
Ou mesmo para me consolares
Estas caiem fortes mas tristes
Como um fio de água pura
Não te tenho aqui para chorares comigo
Nunca te tive aqui...
Perdoo-me uma vez mais por te perdoar
Perdoo-te porque te amo
Perdoo-te porque te devo a minha vida
Perdoo-te porque ainda tenho esperança de te abraçar
Perdoo-te porque não te consigo odiar
Arrependeria-me um dia de não te perdoar...
E ainda assim me interrogo porque não te lembras de mim
Porquê Pai?
Só queria um abraço forte
Só um...
Aquele que nunca tive
Aquele mesmo que não me soubeste dar
E eu tive medo de procurar
Aquele que no meu coração eu sei que nunca vou ter
Mas tenho esperança de sentir
A minha alma viveria por mais mil anos
Poderia este abraço durar um minuto
Um segundo...
Um momento é só o que pedia