quinta-feira, janeiro 05, 2006

Ainda me vês…
Cara de miúdo e sorriso inocente
Olhos brilhantes e cabelo louro
Sabes o que ando à procura…
Perguntei pelas portas
Toquei nas paredes
Nuas…
Cruas…
Pintei o meu tempo na tua tela
E sabes que ainda estou aqui
Pertenço ainda ao povo
E sabes que não me desliguei
Lamento ainda este cheiro intenso
Esta sala lúgubre ou este ser não mais presente
Abram a porta e deixem-me entrar!
È o meu grito de loucura consciente…
Não consigo mais sonhar!
O meu pensamento inconsciente que consome ainda este ar
Limpa-me este suor frio
Que me impede de sonhar…
Suavemente nutro este meu sentimento
Quero viver!
Apelar ao sentido mais interior
E fazer dele o trilho deste mapa
Uma vez mais por esta estrada vou caminhando
Ainda desconhecida esta direcção…
Talvez a norte
Ainda assim… incompleto me sinto…
Desprotegido, continuo a vaguear por aí
Saiam da frente e deixem-me passar!
Não quero mais nada senão caminhar…
Deixem-me tombar este corpo alienado nesta terra distante
Sorver esta areia deserta e descrever
Este acto de sentir com o meu aparo
E esta tinta pura
Que passa e perpassa
Neste papel já humedecido pela lágrima tenra
Que caiu e me esconde a razão e o porquê
Como se me consumisse em eterna agonia
Ainda me vês aqui neste teatro…
Aqui prostrado…
Deitado e alienado
Folgado e arrebatado
Demente e perpetuamente apaixonado