Este, talvez não seja um poema
Uma confissão quem sabe
Por vezes na vida abandonei alguns lugares
Alguns por medo
Outros por recordações mais fortes
Fátima,
É desses lugares
Aqueles que o tempo não esquece mas guarda
Recordações permanecem dentro
Como se não existisse o tempo que passa
E as imagens da avó Dolores
Percorrem a minha cabeça às voltas
A avó que de joelhos percorria a praça
Sempre às voltas num ritual só dela
Por vezes somos apenas rituais
Não tinha mesmo nenhum aqui
Apenas um medo das recordações
Até que me ofereceste um
Um ritual teu e só teu
Às vezes precisamos que nos guiem
Eu preciso por vezes
Mesmo que seja algo sem grande importância
Guiaste-me por entre o teu silêncio
Por entre as velas
Depois a missa numa paz tranquila
No mesmo silêncio onde as lágrimas escorrem
E acesas as velas com o lume de outras velas
Algumas derretiam tão rapidamente como a vida
E tu ao meu lado
E a vida aqui metafórica numa tranquilidade só nossa
Revelou uma serenidade presente
E esta recordação de ti é única
Depois o sorriso
Depois tudo o que vem com e sem ritual
Nosso, só nosso